Vamos combinar: ninguém gosta de ficar doente, não é? Pelo menos, na maioria das vezes, com o tratamento certo, é possível se livrar da doença de forma rápida e sem sequelas. Mas e quando o problema em questão é uma doença crônica?
Receber o diagnóstico de uma condição que precisa de tratamento prolongado – e muitas vezes não tem cura – pode, num primeiro momento, assustar. Mas lembre-se: doença crônica não precisa ser sinônimo de falta de saúde!
Com o acompanhamento de perto de um time de saúde, é possível controlar essas doenças e restabelecer a sua qualidade de vida. Vem com a Sami e confira o que é uma doença crônica e quais são os principais tipos:
Doenças crônicas não transmissíveis
As doenças crônicas são aquelas que não se resolvem em um curto período de tempo, e geralmente precisam de cuidados médicos constantes para evitar que os sintomas voltem a aparecer. Isso porque, na maioria dos casos, as doenças crônicas não possuem cura. Agora que já explicamos o que são doenças crônicas, vem o próximo passo: de onde vem o termo “doenças crônicas não transmissíveis”?
As doenças crônicas não transmissíveis são condições não infecciosas, isto é, quando o próprio organismo acaba desenvolvendo a doença, seja por alterações genéticas ou por interferência de fatores externos. Diabetes, obesidade e hipertensão são alguns exemplos de doenças crônicas não transmissíveis.
Existe essa distinção porque, apesar da maioria das doenças infecciosas – como gripes e resfriados – serem de curta duração, existem algumas condições causadas por vírus que são consideradas crônicas, como a AIDS (vírus HIV). E isso representa um avanço no tratamento da doença, que atualmente consegue controlar os sintomas e prevenir a sua disseminação.
Quais são as principais doenças crônicas?
Existem vários tipos de doenças crônicas, mas algumas são observadas com mais frequência entre a população brasileira. A seguir, listamos 10 tipos de doenças crônicas (transmissíveis e não transmissíveis). Veja:
Diabetes
O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome metabólica caracterizada pela ausência ou incapacidade da insulina de exercer sua função no organismo. Existem dois tipos de diabetes: o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), classificada como uma doença autoimune, pois surge a partir de uma destruição natural das células que produzem a insulina, e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), quando a pessoa desenvolve a doença ao longo da vida.
O segundo tipo representa 90% a 95% dos casos de diabetes, e pode surgir por predisposição genética e/ou hábitos ruins, como alimentação não balanceada e falta de atividades físicas.
Apesar de ser uma doença crônica sem cura, é possível controlar o diabetes com tratamento adequado para repor ou melhorar a produção de insulina e mudanças de hábitos de vida que ajudam a moderar os níveis de açúcar no sangue.
Obesidade
Pois é! A obesidade também é considerada uma doença crônica. Caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura, a obesidade apresenta grande risco à saúde, já que aumenta as chances de ter hipertensão arterial e outras complicações cardíacas, problemas ortopédicos, diabetes, apneia do sono e alguns tipos de câncer.
A obesidade pode ser causada por hipotireoidismo, dieta desbalanceada, sedentarismo, predisposição genética e transtornos psicológicos (como depressão, ansiedade ou transtorno alimentar compulsivo, por exemplo).
O tratamento da obesidade é baseado, principalmente, na mudança de hábitos, o que inclui praticar atividades físicas e passar por uma reeducação alimentar. Fazer acompanhamento psicológico também é muito importante. Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de medicamentos ou a realização de uma cirurgia bariátrica.
Hipertensão
A hipertensão é caracterizada por um aumento da pressão sanguínea. Naturalmente, o sangue bombeado pelo coração exerce uma certa pressão contra as paredes das artérias. Porém, essa pressão pode sair do controle e causar um desbalanço. Por ser uma condição silenciosa, na maioria das vezes o diagnóstico tende a ser tardio.
Existem alguns fatores que favorecem esse desbalanço na pressão sanguínea, como alterações genéticas, obesidade, dietas pobres em vitaminas, minerais e nutrientes, mas com excesso de sal, altos níveis de colesterol, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e estresse.
A hipertensão pode se manifestar através de sintomas como dor de cabeça, sangramento nasal, tontura, rubor facial, fadiga, dores no peito, zumbido no ouvido e visão embaçada.
Asma
A asma é uma doença inflamatória crônica que atinge as vias aéreas, devido a uma hipersensibilidade dos brônquios. Os principais sintomas de asma são dificuldade para respirar, tosse, pulmão com chiado e sensação de aperto no peito. Geralmente eles surgem após a exposição a ácaros, fungos, pelos de animais de estimação, pólen, infecções virais (como gripe e resfriado), fumaça de cigarro, poluição e ao ar muito frio e seco.
A asma é uma doença crônica que não tem cura, mas que pode ser controlada com uso de medicamentos anti-inflamatórios, principalmente os corticosteroides inalatórios (as famosas bombinhas), que possuem efeito broncodilatador.
Bronquite
Assim como a asma, a bronquite também pode ser uma doença respiratória crônica. Nesse caso, a inflamação atinge os brônquios, as vias aéreas dos pulmões. O processo inflamatório da bronquite crônica pode durar meses ou até anos. Ela pode ser causada por agentes alérgicos, por refluxo gástrico ou tabagismo – fumo direto ou passivo.
Os sintomas da bronquite crônica são tosse com muco, falta de ar, chiado e desconforto no peito, febre baixa, cansaço, inchaço nos pés, tornozelos e pernas, além de deixar a pessoa mais suscetível a contrair infecções respiratórias.
O tratamento para essa doença é feito com uso de medicamentos que ajudam a abrir as vias aéreas e eliminar o muco, como os broncodilatadores e os esteróides. Eles entram em contato com o organismo através da inalação ou por comprimidos. Em alguns casos, também há indicação de oxigenoterapia, para melhorar a respiração.
Rinite
A rinite é uma inflamação ou irritação da mucosa nasal. Existem diferentes tipos da doença, e a rinite crônica é a forma mais grave, com crises alérgicas intensas e que duram meses consecutivos. Ela pode ser causada por predisposição genética, alterações anatômicas (como desvio de septo), tabagismo, mudanças bruscas de temperatura e exposição constante a mofo ou poluentes.
A rinite costuma se manifestar através de obstrução nasal, coriza excessiva, espirros constantes e coceira nasal. O tratamento é focado em, basicamente, aliviar os sintomas. Por isso, pode ser recomendado o uso de anti-histamínico oral ou corticosteróide nasal. Lavagem nasal com soro fisiológico também ajuda.
AIDS
A AIDS é um tipo de doença crônica transmissível. Conhecida como síndrome de imunodeficiência adquirida, essa doença é diagnosticada quando o vírus HIV se multiplica no organismo. A doença atinge o sistema imunológico, fazendo com que ele deixe de defender o corpo contra agentes invasores.
Mesmo sem desenvolver a doença, quem tem o vírus HIV pode transmiti-lo para outras pessoas através de transfusão de sangue contaminado, relações sexuais sem uso de preservativo, durante a gravidez, parto ou amamentação e ao compartilhar instrumentos perfurocortantes sem esterilização, como, por exemplo, alicates de unha, espátula ou seringas.
A AIDS pode causar febre alta com frequência, dificuldade para respirar, feridas na região genital, manchas na pele, tosse constante e perda de peso – além de infecções recorrentes, como candidíase e pneumonia.
Alzheimer
Considerado uma das doenças neurodegenerativas mais comuns, o Alzheimer também é uma condição crônica, usada para descrever quando o cérebro não consegue mais funcionar como deveria. Entre os principais sinais de alerta estão a perda de memória recente e a dificuldade para se comunicar, resolver problemas e, muitas vezes, reconhecer familiares e lugares.
A causa principal para o Alzheimer ainda não foi definida, mas sabemos que existem alguns fatores que favorecem o surgimento da doença, como predisposição genética, idade avançada (normalmente igual ou acima de 65 anos), doenças cardiovasculares, hipertensão, colesterol alto, diabetes, acidente vascular cerebral (AVC) e traumatismo craniano.
Até o momento, Alzheimer é uma condição incurável. O tratamento é focado em aumentar o tempo de sobrevida do paciente sem perder a qualidade de vida, estabilizando os sintomas – especialmente os relacionados a funções motoras e cognitivas.
Endometriose
A endometriose surge quando há algo de errado no ciclo de eliminação das células do endométrio. Nessa condição, ao invés de serem expelidas normalmente pela menstruação, elas voltam para o organismo e se instalam em outros órgãos, geralmente os que estão na pelve e no abdômen, mas podem chegar até os pulmões e o cérebro.
Essas células se multiplicam e se disseminam, provocando um processo de inflamação, especialmente durante o ciclo menstrual. Ainda não existe uma explicação específica para o surgimento da endometriose, porém, acredita-se que seja algo multifatorial, de ordem genética ou causado por algum déficit no sistema imunológico, menstruação retrógrada e crescimento de células embrionárias.
A endometriose costuma se manifestar com cólicas intensas, dores abdominais fortes, dor e sangramento ao urinar ou evacuar, sangramento menstrual intenso e irregular, dor pré-menstrual, dor durante relações sexuais, fadiga, diarreia e infertilidade ou dificuldade para engravidar.
Para tratar a endometriose é preciso bloquear a menstruação e “secar” os focos da doença. Isso pode ser feito com métodos contraceptivos que suspendem a menstruação, como pílulas anticoncepcionais e o DIU, e o uso de hormônios.
Depressão
A depressão também é considerada uma doença crônica. Caracterizada pelo sentimento de tristeza e vazio frequente (diferente de se sentir deprimido de vez em quando), muitas pessoas que possuem essa condição se queixam de perder a capacidade de ter prazer nas atividades em geral. Ou seja, a depressão é causada por uma tristeza profunda, mas também está relacionada a uma baixa energia e um cansaço extremo.
Embora a causa da depressão não seja exata, existem fatores que acabam favorecendo seu surgimento, como genética, ansiedade, rotinas estressantes, efeito colateral de alguns medicamentos, alterações hormonais e acontecimentos que abalam o emocional e provocam profunda angústia, como a perda de uma pessoa muito próxima.
Para tratar a depressão é importante fazer acompanhamento psicológico e ter hábitos de vida saudáveis (como praticar atividade física, comer bem e manter os níveis de vitamina D em dia). Em alguns casos, pode ser necessário tomar antidepressivos.