O aumento do consumo da gordura saturada pela população brasileira aumentou nos últimos anos e vem preocupando a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Recentemente, a instituição elaborou um documento que impõe novos limites para a ingestão de gordura saturada, abordando que o ideal é que esse tipo de nutriente não supere 10% das calorias ingeridas no dia. No entanto, para quem já possui fatores de risco cardiovasculares, o valor deve ser ainda menor: cai para 7%.
Quando consumida em exagero, a gordura saturada pode trazer diversos problemas para a saúde, como risco aumentado de doenças cardíacas, colesterol ruim (LDL) e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Mas vale ressaltar que ela também pode ser boa para o nosso organismo, se consumida na quantidade correta. Vamos entender melhor?
- O que é gordura saturada?
- Exemplos de gordura saturada e como identificar nos alimentos
- Diferença entre gordura saturada e gordura trans
O que é gordura saturada?
Conhecida como a vilã da saúde, a gordura saturada também pode ser a mocinha. Calma, a gente te explica: dentro de uma alimentação saudável, a gordura saturada, encontrada em alimentos de origem animal e seus derivados, é um lipídio que desempenha papéis importantes dentro do nosso organismo.
Ela participa da produção de hormônios sexuais e também faz o transporte e armazenamento de vitaminas do tipo A, D, E e K. No entanto, se consumida de forma exacerbada, ela também pode trazer riscos à saúde.
Como sabemos, tudo em excesso faz mal e não seria diferente com a gordura saturada. Se consumida em excesso, ou seja, para além das recomendações da OMS, ela pode promover o aumento dos níveis do colesterol LDL, conhecido como ruim, e também o ganho de peso, levando a doenças mais graves, como infarto, obesidade, derrame, aterosclerose e pressão alta.
Mas vale ressaltar que não é só a gordura saturada que causa esses problemas, isso acontece devido a uma combinação de alimentos também considerados ruins para a saúde, como os industrializados.
Portanto, não se importar com a ingestão de gordura saturada e ainda consumir biscoitos recheados, frituras, bolos, álcool, refrigerantes e sorvetes em excesso pode ser uma verdadeira bomba.
Aliada à gordura saturada, temos a gordura trans, essa muito perigosa para a sua saúde e não tem nada de mocinha. Rica em açúcares, conservantes e outros ingredientes prejudiciais, a gordura trans sozinha já pode fazer um estrago na nossa qualidade de vida, se ingerida com a gordura saturada, a situação pode ser ainda pior.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o acúmulo anormal dessas duas gorduras, que define o sobrepeso e a obesidade, representa fatores de risco.
Exemplos de gordura saturada e como identificar nos alimentos
A gordura saturada está presente em todos os tipos de carne, com mais concentração na carne vermelha e na pele das aves. Bacon, creme de leite, ovos, queijo, manteiga e iogurte também são ricos em gordura saturada.
Mas além da sua presença em produtos de origem animal, a gordura saturada também está presente em alimentos vegetais, como é o caso do óleo de coco, óleo de palmito e azeite de dendê.
Apesar da origem ser vegetal isso não é sinônimo de que podemos consumir de maneira desenfreada. O óleo de coco, por exemplo, tem 80% de gordura saturada na sua composição. Portanto, toda alimentação precisa ser regrada.
Mas como identificar a gordura saturada em alimentos? Nesses casos, é fundamental saber ler os rótulos, e isso não é uma tarefa difícil. Basta verificar se o alimento possui gordura saturada e qual a sua quantidade.
É necessário procurar pelo nome “lipídios”, que são as gorduras. Após identificado, o ideal é que o alimento contenha até 1 grama para ser considerado um alimento pobre em gordura saturada.
A OMS recomenda que, em adultos saudáveis, a ingestão de gordura saturada seja de 10% do total de calorias ingeridas por dia. Para ser mais prático, um adulto saudável consome, em média, 2.000 calorias por dia, isso quer dizer que o máximo de gordura saturada que deve ser ingerida diariamente nesse caso é de 22 gramas.
Vale lembrar que a conta muda dependendo da quantidade de calorias diárias e a predisposição a problemas cardíacos.
Diferença entre gordura saturada e gordura trans
A gordura trans é o tipo mais nocivo à saúde. Nesse caso, ela não traz nenhum benefício para o nosso organismo. Ela é um compilado de gorduras vegetais, mas que passam pelo processo de hidrogenação natural ou industrial, se tornando ricas em ácidos graxos trans.
Apesar do nome complicado, esse tipo de gordura passou a ser utilizado em 1950 para substituir a gordura animal e baratear a fabricação de alimentos. O uso da gordura trans garante um alimento mais crocante, saboroso e durável.
Muito consumida atualmente, a gordura trans oferece diversos riscos para a saúde, principalmente para o coração. Ela aumenta para os níveis do colesterol ruim (LDL) e contribui para o desenvolvimento de doenças, como o AVC e o infarto.
Diferente da gordura saturada, que não se recomenda a retirada completa, apenas seu controle, as principais organizações médicas do mundo recomendam evitar ao máximo o consumo de alimentos com gordura trans.
Fique atento! Os alimentos ricos em gordura trans são: sorvetes, massas instantâneas, cremes vegetais, bolos prontos, chocolates, pipoca de micro-ondas, biscoitos, salgadinhos de pacote e margarina.
Em 2007, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomendou a eliminação total da gordura trans em fábricas de alimentos. A ingestão de gordura trans não pode ser maior que duas gramas por dia em adultos saudáveis, de acordo com a OMS.
Países que restringiram o uso de gordura trans em alimentos, como a Dinamarca, tiveram menos incidência de mortes causadas pelo coração, caindo de 359,9 para 210,9 a cada 100 mil habitantes, segundo pesquisas.
No Brasil, só em dezembro de 2019 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mudanças no uso da gordura trans nas indústrias do país. A decisão foi de restringir a quantidade de gordura entre julho de 2021 e janeiro de 2023.
Mas isso não sanou o problema: em julho de 2021, a Anvisa publicou uma nova norma que mudou a regra para óleos refinados e alimentos que possuem gordura trans na composição para que eles possam ser comercializados até o fim dos seus prazos de validade. Portanto, ainda é necessário ficar atento aos rótulos, combinado?
Você tem o costume de verificar o rótulo dos alimentos? Se preocupa em saber a quantidade de gordura que ingere no dia a dia?