Vista embaçada, olhos que não param de lacrimejar e sensação de poeira na vista são alguns dos sintomas mais comuns da síndrome do olho seco.
É bem provável que você tenha ou conheça alguém que já passou por essa situação e foi diagnosticado com essa condição. A síndrome afeta de 10 a 15% da população mundial e pode chegar a 33% em orientais, de acordo com dados divulgados durante o Simpósio da Síndrome do Olho Seco.
Segundo estudos epidemiológicos, a síndrome pode variar de acordo com a região da população estudada e com os fatores de vida, como idade, sexo, estilo de vida, ambiente e critérios de diagnósticos. Porém, vamos por partes: o que é a síndrome do olho seco?
- O que é a síndrome do olho seco?
- Sintomas da síndrome do olho seco
- Tratamentos para síndrome do olho seco
- Autocuidados para síndrome do olho seco
O que é a síndrome do olho seco?
Como o próprio nome sugere, a síndrome do olho seco é caracterizada por uma condição oftalmológica em que os olhos deixam de produzir lágrimas adequadas ou com qualidade suficiente para que a superfície ocular fique lubrificada.
Mas como assim “qualidade da lágrima”? Para entender melhor, precisamos saber que as lágrimas são formadas por minerais, lipídios e proteínas. Quando uma dessas substâncias estão em falta, elas deixam de produzir a lágrima adequada para hidratar a córnea. Portanto, não basta apenas a quantidade de lágrima produzida, mas também a sua qualidade para caracterizar a síndrome do olho seco.
Essa condição pode ocorrer devido a uma diminuição na produção de lágrimas ou no aumento da sua evaporação, podendo afetar qualquer pessoa, independente do sexo ou idade. Indivíduos que passaram por cirurgias oculares, como cirurgias para correção de grau, tendem a reclamar mais dessa síndrome.
Outros fatores também podem contribuir para a síndrome, como a exposição prolongada a ambientes com ar-condicionado, vento ou ar seco. Além disso, o uso excessivo de computadores e celulares também podem contribuir para o seu desenvolvimento. Isso acontece porque deixamos de piscar o suficiente quando estamos concentrados em telas.
Alguns medicamentos também podem causar o problema, como é o caso de medicamentos que tratam problemas hormonais, envelhecimento e condições de saúde, como artrite e diabetes.
No entanto, existem fatores de risco que podem acelerar o aparecimento da síndrome, segundo estudos, que é o caso de exposição ao fumo, uso de lentes de contato e, como falamos mais acima, cirurgias oculares.
Sintomas da síndrome do olho seco
É muito comum os sintomas da síndrome serem mais intensos ao final do dia justamente pelo uso frequente de celulares e computadores. Afinal, é quando o expediente termina, por exemplo, que começamos a perceber o quanto estamos cansados.
Indivíduos que se expõem a ambientes com vento ou com ar-condicionado frequente, tendem a sentir mais os sintomas. Se você sente incômodo na vista após uma jornada de trabalho, fique atento aos sintomas:
- Olhos vermelhos e irritados;
- Coceira;
- Fotofobia;
- Sensação de poeira ou areia nos olhos;
- Aumento de sensibilidade à luz do sol;
- Lacrimejamento constante;
- Ardor nos olhos;
- Visão embaçada.
Os sintomas da síndrome não só afetam negativamente a qualidade de vida de quem sofre, mas também podem prejudicar a saúde ocular a longo prazo, aumentando o risco de infecções e lesões.
Para se ter uma ideia, de acordo com estudos e pesquisas na área da saúde ocular, coçar os olhos com frequência pode levar a vários riscos, como: inflamação. Infecção, lesões, agravamento da própria síndrome, piora de alergias, ceratocone e descolamento de retina.
Tratamentos para síndrome do olho seco
Apesar de ser uma síndrome bastante incômoda e que pode causar problemas mais graves à saúde ocular, a condição tem várias opções de tratamento disponíveis para aliviar os sintomas e evitar possíveis danos mais graves.
Mas vale ressaltar que, infelizmente, a síndrome do olho seco não tem cura. No entanto, é possível controlar a doença e levar uma vida normal.
Basicamente, seu tratamento consiste em aumentar a produção de lágrimas e repor as que não são produzidas, mas cada tratamento vai variar de acordo com o paciente.
Os principais tratamentos para a síndrome do olho seco são:
Uso de colírios e anti-inflamatórios
Os colírios são formados por propriedades químicas que são semelhantes às lágrimas. Já os anti-inflamatórios podem ser prescritos para ajudar a aumentar a produção de lágrimas e reduzir a inflamação na superfície dos olhos, podendo ser em colírio ou pomada.
Lágrimas artificiais
A opção mais comum de tratamento. Elas vêm em formato de colírio ou gotas oculares e umedecem a superfície dos olhos, aliviando o desconforto.
Pomadas lubrificantes
As pomadas são mais consistentes e podem ser aplicadas na pálpebra antes de dormir. Assim, elas fornecem uma lubrificação duradoura durante a noite e reduzem os sintomas da secura pela manhã.
Terapia de calor e compressas
Compressas quentes ajudam a estimular a produção de lágrimas e a melhorar a circulação sanguínea. Se combinada com massagem suave (suave, nada de coçar!) nas pálpebras, ela ajuda a liberar óleo das glândulas que são responsáveis pela produção de uma camada lipídica das lágrimas.
Bloqueio do ducto lacrimal
Em casos mais graves da síndrome, pode ser considerado um bloqueio temporário ou permanente do ducto para ajudar a manter as lágrimas na superfície ocular por mais tempo, aliviando assim a secura.
Autocuidados para síndrome do olho seco
Caso desconfie da síndrome do olho seco, é fundamental procurar auxílio médico. Somente ele saberá o melhor tratamento para o seu caso. No entanto, além dos tratamentos médicos, existem autocuidados que ajudam a aliviar os sintomas causados por essa condição, como:
Piscar com frequência
É bem comum, quando estamos entretidos em algo, esquecermos de piscar, principalmente ao ler, usar as redes sociais ou trabalhar em frente ao computador. Piscar ajuda a lubrificar os olhos e espalhar as lágrimas de maneira uniforme na superfície ocular.
Evite ambientes secos
O uso de ar-condicionado pode agravar a síndrome, mas muitas vezes não conseguimos fugir desse problema, ainda mais quando levamos em conta que moramos em um país tropical onde o calor é intenso. No entanto, é possível aliviar esse problema com uma medida simples: usar um umidificador especialmente durante os meses mais secos do ano, que são dezembro, janeiro, fevereiro e quase os últimos dias de março.
Use óculos de sol
Proteger os olhos é fundamental para evitar que a síndrome se agrave. Mesmo que o clima esteja nublado e sem sol, o uso de óculos para evitar exposição ao vento, poeira e luz excessiva pode ajudar a proteger os olhos contra a irritação e evaporação de lágrimas.
Alimentação saudável
Nossa alimentação influencia todo o nosso corpo, e não seria diferente nos olhos. Uma dieta balanceada e rica em ômega 3, vitaminas A e C e zinco podem promover a saúde dos seus olhos.
Fique longe do cigarro
Mesmo que você não fume, fique longe da exposição ao fumo passivo. Caso fume, a piora dos sintomas será ainda mais evidente.
Não coce a vista
A gente sabe que quando a vista começa a irritar, é quase nosso instinto começar a coçá-la. Mas isso só vai piorar a situação. Quando seus olhos começarem a coçar, tente piscar mais vezes e lubrifique-os com os colírios que o seu médico oftalmologista prescreveu.
A síndrome do olho seco pode ser frustrante e incômoda, mas não é uma sentença permanente. Entender suas causas e tratamentos é fundamental para levar uma vida normal e com bem-estar. Para isso, cuide de seus olhos, proteja-os e sempre procure auxílio médico.