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Vape: entenda os riscos do cigarro eletrônico para a saúde

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Popular entre os jovens, o cigarro eletrônico é proibido no Brasil e pode viciar tanto quanto o cigarro comum.

Cigarro eletrônico, vape, pod, e-pipe, entre outros. Apesar de diferentes, todos esses nomes significam a mesma coisa: um produto eletrônico que oferece nicotina através de vaporização. Até existem dispositivos que prometem uma composição livre dessa substância, mas eles possuem outros elementos que podem ser tão tóxicos quanto. 

A fumaça sem cheiro forte – e às vezes com aroma e sabor personalizados –, a ausência de bitucas e cinzas, e a praticidade na hora de usar são alguns dos falsos benefícios que tornam o cigarro eletrônico um substituto em potencial do cigarro convencional. Não à toa que ele vem ganhando cada vez mais adeptos nos últimos anos. 

Segundo o relatório final do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em tempos de pandemia – Covitel, ao menos 1 a cada 5 jovens brasileiros de 18 a 24 anos usam cigarros eletrônicos, o que corresponde a 19,7% da população com essa faixa etária.

Se você faz parte dessa estatística e acredita que o cigarro eletrônico é inofensivo para a saúde ou que oferece uma redução de danos quando comparado ao cigarro convencional, sinto dizer que está enganado. E para entender o porquê, confira os tópicos abaixo e conheça os riscos do produto para a saúde e a diferença entre o vape e o cigarro convencional: 

  1. O que é cigarro eletrônico?
  2. O que tem no cigarro eletrônico?
  3. Cigarro eletrônico faz mal?
  4. Cigarro eletrônico pode causar câncer?
  5. Qual é pior: cigarro comum ou cigarro eletrônico?
  6. Quais são os riscos do uso de cigarro eletrônico na adolescência?
  7. Cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar?
  8. Cigarro eletrônico é permitido no Brasil?

O que é cigarro eletrônico? 

Uso do cigarro eletrônico tem crescido no Brasil / Nathan Salt

Apesar da atual “febre”, os cigarros eletrônicos existem desde 2003, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e já estão na quarta geração. Esse dispositivo oferece doses de nicotina através de vaporização – por causa dessa característica, inclusive, ele é comumente chamado de “vape”.

É possível encontrar cigarros eletrônicos de dois tipos: os recarregáveis, com espaço para reabastecer o líquido que contém a nicotina e dá origem ao vapor, e os descartáveis, com quantidade limitada de líquido e sem espaço para reposição.

Os formatos são os mais variados. Tem desde os grandes, com compartimentos externos para reposição do tabaco líquido, até os mais discretos, que se assemelham a canetas e pen drives. Independentemente do estilo, não se parecem com cigarros comuns, tanto na aparência quanto no cheiro emitido, o que dá mais discrição para o usuário – favorecendo o uso recorrente do produto.

A maioria dos cigarros eletrônicos, segundo um artigo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, conta com um sensor responsável por detectar o fluxo de ar. Ao aspirar o dispositivo, esse sensor aquece o líquido armazenado no cartucho, fazendo com que ele evapore e entre em contato com o sistema respiratório do usuário. 

A temperatura do vapor e a quantidade de “tragadas” disponíveis varia de acordo com o produto. Mas, ainda com base na pesquisa, de 10 a 250 jatos de vapor, dependendo da marca, podem representar de 5 a 30 cigarros comuns. 

O que tem no cigarro eletrônico?

O aparelho é composto por uma bateria (recarregável ou não), um compartimento para o cartucho (refil ou fixo), um atomizador (que transforma o líquido em vapor), um sensor e uma lâmpada de led na ponta, que indica que o cigarro está ligado.

O líquido, contudo, é o componente principal do dispositivo. Nele, pode haver soluções como formaldeído, acetaldeído, acroleína, metais pesados, compostos orgânicos voláteis, propilenoglicol ou glicerol diluído em água e nicotina.

Alguns produtos possuem até substâncias que alteram o cheiro e o sabor do vapor, as famosas essências – também utilizadas nos narguilés. Tem opções com sabores diferentes ou que imitam sabores existentes, como de frutas, baunilha e chocolate, por exemplo.   

Cigarro eletrônico faz mal?

Mascarado pelo cheiro leve e a pouca bagunça – visto que não existem “bitucas” eletrônicas –, o vape causa diversos danos à saúde. De acordo com um estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA), as substâncias presentes no líquido, quando expostas a temperaturas elevadas, se tornam potencialmente tóxicas, classificadas como citotóxicas, carcinogênicas e irritantes. 

Por causa dessas características, elas podem provocar enfisema pulmonar e dermatite. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda faz um alerta para os riscos da nicotina, que pode facilitar o surgimento de doenças respiratórias, úlcera gastrointestinal, impotência sexual e infertilidade, além de aumentar as chances de uma pessoa ter câncer.  

Além dos efeitos a longo prazo, os cigarros eletrônicos podem causar irritação nos olhos, na garganta e nas vias aéreas superiores, tosse, leve obstrução nasal e dor de cabeça. A intensidade desses sintomas varia de acordo com a frequência de uso. 

Cigarro eletrônico pode causar câncer?

Mesmo que, em alguns casos, seja em pequenas doses, o cigarro eletrônico possui nicotina, o princípio ativo do tabaco. O consumo de produtos que possuem essa substância é chamado de tabagismo; que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), favorece o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, como: 

  • Câncer na laringe;
  • Câncer na boca;
  • Câncer no esófago;
  • Câncer na traqueia, brônquios ou pulmão;
  • Câncer na bexiga, rim ou ureter;
  • Câncer no pâncreas;
  • Câncer no estômago;
  • Câncer no fígado;
  • Câncer no colo do útero;
  • Câncer no cólon e reto;
  • Leucemia mielóide aguda.

Então, sim: o cigarro eletrônico pode contribuir para o desenvolvimento de células cancerígenas. 

Qual é pior: cigarro ou cigarro eletrônico?

É difícil definir se um é pior do que o outro quando as evidências científicas ainda são limitadas. Contudo, ambos podem causar dependência de nicotina e todos os riscos que o uso de tabaco causa à saúde. 

E o cigarro eletrônico ainda tem um agravante: não dá para saber qual é a concentração de nicotina que oferece, já que cada marca possui dosagens diferentes. Por isso, em vez de tentar definir qual é o principal “vilão” do tabagismo, o ideal é evitar o consumo dos dois tipos de cigarro. 

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Quais são os riscos do cigarro eletrônico na adolescência?

O cigarro eletrônico está cada vez mais popular entre os jovens de 18 a 24 anos, como mostra o relatório Covitel. Contudo, os adolescentes também estão virando consumidores ávidos do produto. Isso porque é muito fácil encontrar e adquirir o eletrônico pela internet sem precisar comprovar a idade; o que é necessário (ou ao menos deveria ser) para comprar cigarros convencionais. 

Os cheiros e sabores diferentes acabam sendo um atrativo extra para essa faixa etária, pois tiram o “peso” de droga lícita do produto. Mas isso não diminui os efeitos nocivos da exposição à nicotina. Ao contrário! Há estudos que atribuem ao produto a possibilidade de induzir o uso contínuo de cigarros tradicionais ao longo da vida adulta – o que já sabemos que causa diversos problemas para a saúde. 

Cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar?

Diferente da reposição de nicotina por meio de adesivo, goma ou pastilhas, não há comprovações científicas de que o cigarro eletrônico auxilia na cessação do tabagismo. A concentração de nicotina para pessoas que desejam parar de fumar deve ser controlada, e, como vimos anteriormente, não é possível ter esse controle com o eletrônico.

O artigo do Jornal Brasileiro de Pneumologia analisou diferentes estudos que avaliavam a efetividade do uso de cigarro eletrônico na redução do vício – alguns até mesmo patrocinados por fabricantes do produto. Na maioria deles, a taxa de abandono do tabagismo foi muito baixa, reforçando que o uso do produto não oferece uma ajuda significativa. 

E para quem não quer parar de fumar, mas pensa em substituir o cigarro convencional pelo eletrônico na tentativa de reduzir danos e a dependência de nicotina, os resultados também não são animadores. Ainda segundo o artigo, o uso do produto pode, inclusive, contribuir para a manutenção do vício.

Então, se o objetivo é se livrar do tabagismo, procure ajuda médica e elimine qualquer produto derivado de tabaco da rotina. 

Cigarro eletrônico é permitido no Brasil?

Apesar de ser facilmente encontrado em lojas especializadas em tabaco (físicas ou virtuais), bancas de jornal e até mesmo com vendedores ambulantes, a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidas no Brasil. 
Essa determinação aconteceu através da Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa, no RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009, em decorrência da falta de dados científicos capazes de comprovar que o produto pode ajudar no tratamento do tabagismo.

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