Depois de um dia longo de trabalho ou estudo, ao permanecer por muito tempo na mesma posição, você costuma ficar com as pernas inchadas, doloridas, com vermelhidão e sensação de queimação? Pois saiba que esses sinais são característicos de trombose, uma doença que altera o fluxo sanguíneo devido a uma obstrução (causada por coágulos) na veia.
Normalmente, essa condição atinge os membros inferiores, como coxas, pernas e pés, podendo sumir sozinha com o tempo ou evoluir para um quadro mais grave.
A trombose é mais frequente em mulheres, considerando que o uso de anticoncepcionais, a gravidez e a terapia hormonal – indicada para amenizar os efeitos da menopausa – são alguns dos fatores de risco para a doença que atinge cerca de 180 mil brasileiros por ano. A seguir, confira como identificar a trombose e o que fazer para evitá-la:
- O que é trombose?
- O que causa trombose?
- Trombose: sintomas
- Trombose na perna
- Trombose venosa profunda
- Trombose arterial
- Trombose hemorroidária
- Trombose e COVID-19
- Diagnóstico de trombose
- Tratamento para trombose
- Como evitar trombose
O que é trombose?
A trombose é uma condição que surge devido a uma formação de coágulos (também chamados de trombo) em regiões onde não houve sangramento. Essa coagulação indevida causa uma inflamação na parede do vaso sanguíneo, e geralmente acomete os membros inferiores. A trombose pode ser aguda – sendo curada naturalmente pelo organismo – ou crônica, com a necessidade de tratamento.
Apesar de, inicialmente, ser uma condição local, se algum fragmento do coágulo se “soltar” e andar pela corrente sanguínea, essa coagulação pode atingir outros órgãos, como os pulmões, o coração e até mesmo o cérebro, causando uma embolia (obstrução das veias). Quando isso acontece, o quadro é considerado grave e pode levar a óbito de forma súbita.
O que causa trombose?
A trombose costuma surgir após cirurgias (que podem provocar alterações sanguíneas) ou ao ficar muito tempo imóvel – geralmente durante internações hospitalares. Terapias de reposição hormonal, uso de anticoncepcionais, varizes e tabagismo também podem causar essa coagulação desnecessária.
Existem ainda alguns fatores que aumentam as chances de desenvolver essa condição, como:
- Predisposição genética;
- Gravidez;
- Insuficiência cardíaca;
- Idade avançada;
- Colesterol alto;
- Obesidade.
Trombose: sintomas
Aqui vai um alerta: a trombose pode ser uma condição silenciosa. Isto é, existir mesmo sem manifestar nenhum sinal, aumentando o risco de não ser percebida na fase inicial e evoluir para uma condição grave. Mas, quando há presença de sintomas, geralmente inclui:
- Dor;
- Inchaço local;
- Aumento da temperatura das pernas;
- Vermelhidão ou manchas roxas na pele;
- Rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo.
Caso o coágulo se espalhe para outros órgãos, de acordo com o Ministério da Saúde, ainda podem surgir sintomas como respiração curta e rápida, palpitação, tosse com sangue, desmaio, dor no peito ou nas costas sem causa aparente.
Trombose na perna
Como dito anteriormente, a trombose acomete os membros inferiores com maior frequência – especialmente as pernas. Isso porque é uma região do corpo que é mais suscetível a ficar parada por períodos prolongados, diferente dos braços e mãos. Afinal, é bastante comum ficar horas do dia sentado, seja trabalhando, seja estudando.
Essa falta de movimento favorece o surgimento de coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo e deixam as pernas inchadas, quentes e, muitas vezes, com a pele avermelhada ou arroxeada.
Trombose venosa profunda
A trombose é considerada uma doença vascular por interferir na circulação sanguínea. No entanto, se a coagulação acomete uma veia profunda, situada nos músculos ou próximo aos ossos, a condição recebe o nome de trombose venosa profunda (TVP). Esse tipo é considerado uma das principais causas de embolia pulmonar – entupimento de uma ou mais artérias do pulmão que prejudica o funcionamento do órgão e dificulta a respiração.
Apesar da trombose venosa profunda atingir a panturrilha, a coxa ou a pelve com mais frequência, cerca de 4 a 13% dos casos da doença são em veias profundas dos membros superiores.
Além da embolia pulmonar, a trombose venosa profunda pode resultar em complicações como insuficiência venosa crônica (caracterizada pelo aumento da pressão arterial e a redução do fluxo sanguíneo) e a síndrome pós-trombótica (quando sintomas como inchaço, dor e alterações na pele do membro acometido persistem mesmo depois da condição ter sido tratada).
Trombose arterial
Há ainda casos de trombose arterial, quando o coágulo se forma em alguma das veias principais do corpo, responsáveis por transportar o sangue oxigenado dos pulmões para os tecidos. Essa forma é mais difícil de tratar, podendo causar acidentes vasculares cerebrais (AVCs), infarto agudo do miocárdio e até mesmo amputações.
Trombose hemorroidária
Esse tipo de trombose surge quando há uma formação aguda de coágulos decorrentes de uma hemorroida. Na trombose hemorroidária, um nódulo com edema e de coloração arroxeada se desenvolve na margem anal, frequentemente acompanhado de dor severa.
Trombose e COVID-19
A trombose também está entre as possíveis sequelas pós-COVID-19. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, essa condição tem sido observada em pacientes com ou sem histórico de doenças vasculares. Ainda não se sabe ao certo porque a infecção pelo novo coronavírus causa essa coagulação indevida, mas sabemos que a COVID-19 provoca diversas inflamações internas no organismo – inclusive nas veias.
Diagnóstico de trombose
O diagnóstico de trombose começa a partir de um exame clínico feito com base nas queixas do paciente. O time de saúde pode solicitar alguns exames complementares para confirmar a presença da doença, como ultrassonografia, ultrassom vascular (eco color doppler), exame de sangue, venografia, tomografia e ressonância magnética.
Como a trombose pode ser assintomática, se você tiver casos da doença na família ou se encaixar em algum outro fator de risco – como uso de anticoncepcional e tabagismo, por exemplo –, é importante comunicar seu médico sobre essa predisposição.
Tratamento para trombose
O tratamento para trombose irá depender do tipo da doença. Se for uma manifestação aguda, não será necessário tomar nenhuma medida, já que a condição tende a se solucionar sozinha. Agora, em quadros crônicos, o uso de anticoagulantes e de meias de compressão são comumente recomendados.
Já em casos de trombose venosa profunda também pode haver indicação de cirurgias. É essencial seguir à risca o tratamento indicado, considerando que, aproximadamente, de 5 a 15% dos indivíduos com esse tipo de trombose podem morrer de embolia pulmonar.
Como evitar trombose
Existem diferentes medidas que ajudam a evitar a trombose. A principal delas é não ficar parado na mesma posição por mais de duas horas. Tente esticar as pernas e se alongar de vez em quando ao longo do dia. Tem ainda:
- Usar roupas confortáveis que não apertem o corpo
- Usar meias elásticas/de compressão medicinais, que devem ser prescritas por um profissional da saúde. Quando adequadamente calçadas, elas ajudam no retorno venoso.
- Tomar bastante líquido, especialmente água. Além de hidratar, isso faz com que a pessoa tenha que se levantar para ir ao banheiro, o que já gera um movimento.
- Realizar massagens na panturrilha, pressionando-a de baixo para cima
Há também aquelas atitudes relacionadas à mudanças no estilo de vida, como:
- Parar de fumar, já que as substâncias do cigarro podem lesionar veias e artérias;
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas;
- Praticar atividades físicas;
Caso observe algum sintoma de trombose, procure assistência médica e siga todas as orientações passadas pelo especialista. E lembre-se sempre: evite tomar medicamentos sem recomendação médica, isso pode piorar o quadro e prejudicar o tratamento.