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IT Forum 365: Healthtech Sami capta R$ 86 mi e quer ser o Nubank dos planos de saúde

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Vitor Asseituno (na foto à esquerda) tinha acabado de vender sua empresa no setor de feiras de negócios, a Live Healthcare, e decidiu se dedicar a outros projetos pessoais na área de Saúde, com o sonho de apromixar médicos e pacientes.

Nesse meio tempo, buscou um plano de saúde para ele, sua esposa e filho e viu-se diante da complexidade do processo. Para começar, ele teve de entrar em contato com uma operadora, que faz a ponte com os planos. Depois, soube que teria de esperar 60 dias para a finalização do processo e mais alguns meses para concluir a carência para alguns procedimentos.

Além disso, como médico e empreendedor, Asseituno já tinha conhecimento de que todo ano os planos de saúde corporativos aumentam em cerca de 20% seus valores. Para as empresas, esse é o segundo maior custo depois da folha de pagamento.

Pensando nesses desafios, ele chegou ao modelo de negócios da Sami, uma operadora de planos de saúde com foco inicial em pequenas e médias empresas (PMEs) e profissionais liberais que alia tecnologia ao cuidado preventivo e à atenção primária para mudar o cenário da saúde brasileira. “Estamos fazendo o Nubank para o setor de saúde, porque vemos a cadeia inteira, da clínica ao hospital”, sintetizou Asseituno, presidente da Sami.

A Sami tem também sócios de peso no mercado. Paulo Veras, ex-CEO e fundador da 99 (primeiro unicórnio brasileiro); Sérgio Ricardo dos Santos, ex-CEO da Amil, e Alan Warren, ex-vice-presidente do Google, criador do Google Drive e ex-CTO da Oscar Health, operadora digital de planos de saúde investida pelo Google que recentemente anunciou IPO para o próximo ano e que tem sido uma inspiração para a Sami.

A proposta da healthech portanto é usar tecnologia de ponta e analytics para ser pioneira no Brasil na gestão de toda a cadeia de valor da saúde, da contratação à alta hospitalar, passando por consultas, exames e procedimentos. Para isso, a plataforma vai oferecer atenção primária ao usuário e direcionamento médico 24 horas por dia, unindo o digital, o cuidado necessário ao paciente e a sustentabilidade que o setor precisa para tornar a saúde mais acessível no Brasil.

“Nosso produto tem um time de saúde com médico de família obrigatório. Queremos que essa jornada do cliente seja longa, porque não vai haver aumento de preço abusivo praticado pelo setor. Quando o paciente está com algum sintoma, não queremos que ele procure o hospital, mas faça, inicialmente, uma teleconsulta com o médico. Ele vai dizer se é grave ou não e fazer o direcionamento correto”, contou.

Aporte

A Sami surgiu em 2019 com 15 funcionários. À época, recebeu um aporte de R$ 5 milhões, montante que foi fundamental para o desenvolvimento da tecnologia por trás do sistema. Hoje, a startup conta com 72 pessoas no time e está pronta para ser lançada e crescer em São Paulo, cidade foco da sua atuação inicial.

Para isso, a Sami anuncia hoje (20/10) a maior rodada Série A já registrada em uma startup de saúde na América Latina. O novo aporte, de R$ 86 milhões, foi coliderado pela Valor Capital Group e pela monashees e se soma aos investimentos de nomes como Redpoint eventures e Canary. Esses são quatro dos cinco fundos mais ativos no Brasil e estão por trás de sete dos 13 unicórnios brasileiros.

Mercado promissor e passível de muitas melhorias

O Brasil é o segundo maior mercado privado de saúde do mundo atrás apenas dos Estados Unidos, mas enfrenta custos crescentes na área. Somente em 2018, a média de reajuste dos contratos de planos coletivos foi de 13,32%. Entre 2013 e 2018, a inflação dos planos empresariais chegou a 158,35%. O executivo reforçou que a Sami busca mudar esse cenário por meio de uma relação de confiança e tecnologia a serviço da saúde, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência.

O potencial do mercado é grande. Segundo Asseituno é de 1,2 milhão de clientes em São Paulo. “Estamos falando de uma padaria, um consultor freelancer, um profissional liberal. Esse público é o mais desatendido. Com um modelo self service, nossa ideia é levar agilidade para pequenas e médias empresas.”

Com a regularização do uso da telemedicina no Brasil, Asseituno e seu sócio, o cofundador da Sami, Guilherme Berardo, entenderam que este é o momento certo para ajudar a tornar a saúde mais digital.

Como a Sami funciona?

A partir do dia 20 de outubro, quem morar em São Paulo e possuir CNPJ poderá se inscrever em uma lista de espera pelo site www.samisaude.com.br. Os primeiros clientes terão um ano grátis de Wellhub (antigo Gympass), serviço que conta com mais de 55 mil academias e mais de 46 apps de saúde. O produto deverá ser disponibilizado em novembro para quem se inscreveu na lista.

Para iniciar o uso da Sami, o cliente cadastra seus documentos no app, que usa reconhecimento facial e Optical Character Recognition (OCR) com programação neurolinguística para validar a autenticidade do material recebido. “Somos o primeiro sistema digital de venda de plano em minutos. Fizemos um piloto antes do lançamento e em minutos foi possível fazer a compra 100% on-line”, afirma o executivo. O plano vai variar de R$ 200 a R$ 450.

Asseituno usa o exemplo do Uber para explicar como vai funcionar a Sami na prática. “No atendimento primário, usamos um conceito semelhante. Se o cliente quere falar com o médico, o app indica em quanto tempo ele vai entrar em contato”, conta ele. Outro exemplo de usabilidade é o Waze. “Assim como o Waze direciona para o melhor caminho, nós direcionamos o cliente para os melhores médicos de forma assertiva.”

Rede Sami

A Sami nasce com uma rede enxuta de hospitais, um formato exportado dos Estados Unidos, chamado de ‘lean network’. Esse modelo, no entanto, faz todo o sentido quando o assunto é custo e preferência por médicos e hospitais. Assentuno explica.

“Antes, o RH comprava o plano pelo tamanho do livro. Geralmente, no entanto, as pessoas escolhem poucos médicos indicados por amigos para ir e um hospital ou outro. Manter cem hospitais no rol de opções é custoso e pouco útil. Estamos construindo uma ferramenta e um grupo de médicos e poucos hospitais nos quais se pode confiar”, detalha.

Esse formato, apontou, permite que a Sami use analytics com os hospitais para discutir melhorias na gestação com base em indicadores clínicos, algo que o mercado atualmente não consegue colocar em prática. O primeiro hospital parceiro da Sami será a BP – Hospital Leforte, onde a empresa também tem uma clínica para atendimento primário.

Reprodução da matéria publicada no IT Forum 365, por Déborah Oliveira, no dia 20/10/2020.

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