Sabe quando passamos por um momento de ansiedade ou estresse e surge aquela dor de barriga, às vezes náusea, azia e até mesmo perda de apetite – mesmo sem apresentar nenhuma infecção ou característica anormal no sistema digestivo? É isso que as pessoas chamam popularmente de gastrite nervosa ou gastrite emocional.
Segundo Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami, o problema está ligado não só a fatores psicológicos, mas também à hipersensibilidade intestinal, distúrbios de movimentação do intestino e irritações pós-infecções.
Apesar de não ser uma ameaça à vida, a condição pode atrapalhar bastante a realização de tarefas no dia a dia, diminuindo, por exemplo, o rendimento na escola e no trabalho – algo que estimula a busca por tratamento e mais informações sobre o assunto.
Para saber tudo sobre gastrite nervosa, confira os tópicos a seguir! Eles abordam desde os sintomas até o tratamento da gastrite nervosa, que afeta principalmente o estômago e o intestino.
- O que é gastrite nervosa?
- Quais são as causas da gastrite nervosa?
- Quais são os fatores de risco para gastrite nervosa?
- Quais são os sintomas de gastrite nervosa?
- Como é feito o diagnóstico de gastrite nervosa?
- Como aliviar a gastrite nervosa?
- O que comer para gastrite nervosa?
- Gastrite nervosa tem cura?
- É possível prevenir gastrite nervosa?
O que é gastrite nervosa?
A gastrite nervosa também é conhecida como dispepsia funcional, no meio médico. É um tipo de gastrite que manifesta sintomas somente em períodos de bastante estresse e ansiedade. Justamente por essa razão, é muito comum que existam altos e baixos ao longo do convívio com a doença.
De acordo com um artigo publicado na revista Diagnóstico & Tratamento, esse diagnóstico é empregado quando, após uma investigação minuciosa, não é possível identificar a origem do problema.
Portanto, a principal diferença entre a gastrite nervosa e a gastrite clássica é que esta última está relacionada a uma inflamação no estômago provocada, na maioria das vezes, pela bactéria Helicobacter pylori, enquanto a outra não.
Entretanto, é fundamental destacar que, mesmo não tendo uma causa definida, a gastrite nervosa existe, sim, e pode ser tratada, não devendo jamais ser considerada uma mera invenção das pessoas.
Aliás, segundo a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), a maioria das pessoas que chegam aos consultórios se queixando de má digestão crônica acabam saindo de lá com o diagnóstico de gastrite nervosa.
Quais são as causas da gastrite nervosa?
O estresse, a ansiedade e o nervosismo são os principais desencadeadores das crises de gastrite nervosa, que, como dito anteriormente, estão relacionadas a fatores emocionais.
Em um primeiro momento, as emoções afetarem o sistema digestivo até pode parecer algo estranho, mas, na verdade, faz bastante sentido, principalmente quando se considera que o cérebro e o intestino estão diretamente ligados por um nervo chamado vago. É justamente por isso que esses dois órgãos vivem trocando informações e é tão comum ter uma dor de barriga durante uma situação de muito nervosismo.
No caso da gastrite nervosa, o que acontece é que determinados hormônios ligados às emoções, quando em excesso, são capazes de provocar uma série de mudanças no funcionamento do estômago e do intestino, bagunçando a produção de suco gástrico, a proteção da mucosa estomacal, o trânsito intestinal e a sensibilidade da região. É isso que provoca os incômodos em quem tem gastrite nervosa, mas ainda não está claro para os médicos o porquê desse fenômeno acontecer e atingir apenas algumas pessoas.
Quais são os fatores de risco para gastrite nervosa?
É inegável, porém, que uma série de elementos podem favorecer o desenvolvimento de gastrite nervosa. Um estudo publicado pela revista Nature Reviews Disease Primers aponta como os principais:
- Ser do sexo feminino;
- Já ter apresentado infecções gastrointestinais;
- Usar antibióticos e/ou anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs);
- Possuir distúrbio do sono, ansiedade e/ou depressão;
- Estar acima do peso adequado;
- Fumar;
- Ingerir bebidas alcoólicas.
Quais são os sintomas de gastrite nervosa?
Assim como a gastrite clássica, essa que está associada a fatores emocionais apresenta sintomas principalmente na região superior do abdômen, sendo eles:
- Dor no estômago em forma de pontada;
- Queimação estomacal;
- Perda de apetite;
- Sensação de persistência prolongada dos alimentos no estômago;
- Distensão abdominal;
- Náusea;
- Vômito;
- Gases.
Para ser diagnosticado com gastrite nervosa, o paciente precisa ter pelo menos um dos sintomas acima dentro dos últimos 3 meses. Se o início dos sinais aconteceu há no mínimo 6 meses, o quadro já pode ser considerado crônico.
Como é feito o diagnóstico de gastrite nervosa?
Para descobrir o que está por trás dos sintomas gastrointestinais, é preciso procurar um profissional da saúde. Na consulta, ele vai avaliar os sintomas e o histórico do paciente, e decidir sobre a realização de exames.
Um exame de sangue, por exemplo, poderá ajudar a descartar a possibilidade de uma infecção no trato gastrointestinal, assim como um exame de fezes.
Em alguns casos, a endoscopia pode ser indicada – a partir de amostras e fotos de dentro do organismo, o exame facilita a identificação (ou ausência) de inflamações no sistema digestório.
Só depois de todas essas etapas, se os exames não encontrarem nada, é firmado o diagnóstico de gastrite nervosa por exclusão. O processo é de extrema importância para garantir que as pessoas sejam cuidadas da forma mais apropriada.
Como aliviar a gastrite nervosa?
O principal foco do tratamento é o alívio dos sintomas, que sempre deve ser personalizado e orientado por um especialista para garantir a sua eficácia.
Entre os remédios naturais, normalmente são indicados os chás de camomila, flor de maracujá e alfazema – suas propriedades calmantes são capazes de aliviar os sintomas da gastrite e acalmar o sistema nervoso.
Já quando o assunto são os medicamentos que estamos mais acostumados a usar, os profissionais, em geral, recomendam antiácidos ou inibidores da produção de acidez estomacal. Porém, como podem causar dependência, o ideal é utilizá-los com moderação.
A melhor saída, então, é atacar a origem do problema, trabalhando as questões emocionais que desencadeiam os incômodos a partir de psicoterapia, técnicas de relaxamento, relacionamentos saudáveis, boas noites de sono, exposição adequada ao sol e prática regular de atividades físicas. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de ansiolíticos e antidepressivos.
O que comer para gastrite nervosa?
A manutenção de uma dieta equilibrada e de fácil digestão também traz benefícios para o tratamento. Por isso, indica-se priorizar carnes magras grelhadas e vegetais cozidos em detrimento de bebidas alcoólicas, cafeína, frituras, embutidos, alimentos cítricos e temperos fortes.
Além desse, outros cuidados podem ajudar, como:
- Se alimentar devagar e em pequenas porções;
- Evitar longos períodos de jejum;
- Não beber líquidos enquanto come;
- Parar de fumar;
- Esperar cerca de 2 a 3 horas para se deitar após uma refeição.
Gastrite nervosa tem cura?
Por meio do tratamento completo – que age não somente nos sintomas, mas também nos fatores responsáveis por desencadeá-los – é possível, sim, atingir a cura da gastrite nervosa. Apesar disso, é muito mais comum que a condição persista para o resto da vida.
O problema é principalmente o fato de ainda não terem identificado a causa desse distúrbio. Contudo, o futuro parece promissor devido à realização de novas pesquisas sobre a regulação do sistema imune e a ligação entre o estômago e o cérebro – isso ajudará a orientar novas estratégias de tratamento.
É possível prevenir gastrite nervosa?
A falta de detalhes sobre a causa da gastrite nervosa também prejudica a prevenção, mas, a partir dos fatores de risco e das recomendações para o tratamento, já dá para ter uma ideia do que pode ser feito para evitar a doença.
Vale, por exemplo, se manter no peso adequado (de acordo com o seu Índice de Massa Corporal), não fumar, evitar bebidas alcoólicas, cuidar da saúde mental, se alimentar bem, praticar exercícios físicos e ter boas noites de sono. Ou seja: o importante é levar uma vida saudável e equilibrada.
Índice
- 1 O que é gastrite nervosa?
- 2 Quais são as causas da gastrite nervosa?
- 3 Quais são os fatores de risco para gastrite nervosa?
- 4 Quais são os sintomas de gastrite nervosa?
- 5 Como é feito o diagnóstico de gastrite nervosa?
- 6 Como aliviar a gastrite nervosa?
- 7 O que comer para gastrite nervosa?
- 8 Gastrite nervosa tem cura?
- 9 É possível prevenir gastrite nervosa?