O Alzheimer é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns, sendo considerado um termo geral para descrever condições que surgem quando o cérebro não consegue mais funcionar como deveria. Entre os principais sinais de alerta estão a perda de memória recente e a dificuldade para se comunicar, resolver problemas e, muitas vezes, reconhecer familiares e lugares antes muito frequentados.
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 1,2 milhões de brasileiros possuem a doença, sendo registrados, em média, 100 mil novos diagnósticos por ano. A maioria dos casos são pessoas acima de 65 anos. “As demências, de forma geral, são mais comuns em idosos, por se tratarem de doenças neurodegenerativas que cursam com declínio cognitivo”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.
Não à toa que, com o aumento da expectativa de vida, e consequentemente, da população idosa, a Associação Internacional do Alzheimer (ADI) estima que em 2030 a quantidade de novos casos da doença no mundo poderá chegar a quase 75 milhões – aumentando para 131 milhões em 2050.
Para reforçar a importância da conscientização desse problema tão frequente, o dia 21 de setembro foi instituído como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Cada ano é abordado um aspecto diferente da doença e o foco especial de 2022 é no apoio pós-diagnóstico.
Para saber mais sobre como essa doença afeta o organismo e a qualidade de vida e qual é a importância de ter uma rede de apoio bem informada para a recuperação saudável do paciente, confira os tópicos abaixo:
- Alzheimer: sintomas
- Fases do Alzheimer
- Alzheimer é hereditário?
- O que leva uma pessoa a ter Alzheimer?
- Alzheimer precoce
- Alzheimer tem cura?
- Remédio para Alzheimer
- Como prevenir o Alzheimer?
Alzheimer: sintomas
Como a doença afeta as proteínas que compõem o sistema nervoso central, ocorre uma perda progressiva de neurônios em regiões como o hipocampo e o córtex, responsáveis por controlar a memória e a linguagem e o raciocínio, respectivamente. Por isso, os sintomas iniciais de Alzheimer podem incluir:
- Perda de memória de acontecimentos recentes, o que também leva a repetição da mesma pergunta várias vezes;
- Dificuldade para completar tarefas do dia a dia que antes eram simples;
- Problemas para acompanhar conversas ou pensamentos complexos;
- Dificuldade para se comunicar, seja falando, seja escrevendo;
- Interpretações confusas de estímulos visuais ou auditivos;
- Dificuldade para resolver problemas;
- Dificuldade para dirigir e encontrar caminhos conhecidos;
- Confusão sobre pessoas, situações e locais conhecidos;
- Mudanças de humor ou personalidade, podendo se manifestar em irritabilidade, agressividade ou passividade;
- Tendência ao isolamento.
É bastante comum que familiares e amigos percebam esses sinais antes mesmo da pessoa que está sofrendo com eles. Caso isso aconteça, converse abertamente sobre essas mudanças que tem observado e ajude a pessoa a procurar um time de saúde para investigar a causa do problema.
Quanto antes começar o tratamento, mais chances tem de atrasar a evolução dos sintomas – considerando que há quatro estágios diferentes do Alzheimer.
Fases do Alzheimer
Segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer tende a evoluir lentamente, marcado por quatro estágios característicos: inicial, moderado, grave e terminal. O primeiro é quando surgem sintomas como perda de memória, mudança de personalidade e alteração nas percepções visuais e espaciais.
Já no estágio 2, as manifestações são moderadas, envolvendo agitação, insônia e dificuldade para falar, se movimentar e realizar atividades do dia a dia. Avançando para a forma mais grave, no estágio 3 ocorre incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva e resistência à execução de tarefas diárias.
Por último, na fase terminal, a pessoa apresenta dor ao engolir, infecções intercorrentes (derivadas de outras doenças ou infecções), dificuldade severa na fala (quando falam quase nada ou falam de maneira incompreensível) e sintomas demenciais avançados. Na maioria das vezes, pacientes com Alzheimer não conseguem se levantar sozinhos, sendo necessário que permaneçam deitados o tempo todo.
A progressão entre um estágio e outro da doença pode levar anos, considerando que, após o diagnóstico de Alzheimer, a sobrevida média dos pacientes é de 8 a 10 anos. Entretanto, se a doença for descoberta precocemente ou ainda nas fases iniciais, com o tratamento adequado, é possível desacelerar essa evolução e preservar as funções intelectuais do paciente por mais tempo.
Alzheimer é hereditário?
Se você tem algum parente com Alzheimer, não se preocupe: isso não significa que necessariamente está em risco de desenvolver a doença. Isso porque, normalmente, o Alzheimer não é hereditário. O que acontece é que existem alguns genes passados de pais para filhos que aumentam as chances de desenvolver a doença.
Porém, sozinha, a predisposição genética não consegue causar a condição – ela precisa estar associada a outros fatores de risco.
O que leva uma pessoa a ter Alzheimer?
Ainda não se sabe ao certo a causa principal para o Alzheimer. Mas, como indica o Ministério da Saúde, já foram mapeados alguns fatores que favorecem o desenvolvimento da doença, como:
- Predisposição genética;
- Idade avançada, normalmente igual ou acima de 65 anos;
- Doenças cardiovasculares;
- Hipertensão;
- Colesterol alto;
- Diabetes;
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Traumatismo craniano.
Para diagnosticar o Alzheimer é preciso analisar quais sintomas e fatores de risco característicos da doença a pessoa possui, além do histórico médico familiar, exames neurológicos e de sangue (o segundo para descartar outras possíveis causas para os sintomas) e testes cognitivos.
Depois de chegar ao diagnóstico da doença, o próximo passo é descobrir em qual estágio está, a fim de definir o tratamento mais adequado para cada caso.
Alzheimer precoce
O Alzheimer é considerado precoce quando atinge pessoas com menos de 65 anos, geralmente entre os 40 e 50 anos. Esse tipo de manifestação precoce, porém, é menos comum, representando menos de 10% dos casos de Alzheimer.
Alzheimer tem cura?
Infelizmente, não. O Alzheimer, até o momento, é uma condição incurável. O tratamento, no entanto, é focado em aumentar o tempo de sobrevida do paciente sem perder a qualidade de vida, estabilizando os sintomas – especialmente os relacionados a funções motoras e cognitivas. Vale ressaltar que quanto mais cedo a doença for diagnosticada mais chances o paciente tem de viver bem e com controle sobre suas ações.
Remédio para Alzheimer
O tratamento para Alzheimer se divide em farmacológico e não farmacológico, ambos prescritos por um profissional da saúde. Pensando na primeira parte, podem ser indicados remédios que atuam no sistema nervoso central.
Já a segunda etapa envolve fisioterapia, para tratar as alterações motoras, e atividades que estimulem a parte cognitiva e social. Isso inclui ler livros em voz alta, desenhar e colorir imagens, montar quebra-cabeças, ajudar em tarefas mais simples do dia a dia (como dobrar roupas e participar do preparo das refeições, por exemplo), dançar, jogar baralho, revisitar memórias antigas através de fotografias, etc.
Praticar esses exercícios com frequência ajuda a retardar os sintomas de Alzheimer. Lembre-se: ter uma rede de apoio sólida e atenciosa é essencial para a recuperação da qualidade de vida do paciente.
Como prevenir o Alzheimer?
Ao tratar os fatores de risco modificáveis, como hipertensão e diabetes, um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review indica que é possível prevenir ou atrasar o desenvolvimento de até 40% dos casos de Alzheimer.
O primeiro passo, então, é mudar de estilo de vida, começando com exercícios físicos. O ideal é praticá-los por, pelo menos, 30 minutos, de três a cinco vezes por semana. Para idosos, a recomendação é fazer atividades mais leves, como natação e caminhada.
O cuidado com a alimentação também é essencial. Procure consumir alimentos ricos em ômega 3, como vegetais, peixes e frutas, pois o nutriente oferece diversos benefícios para o cérebro. E não se esqueça de manter os níveis de vitamina D adequados, tomando sol regularmente ou através de suplementação.
Outra medida preventiva importante é manter o cérebro sempre ativo. Uma boa maneira de fazer isso é aprendendo algo novo, seja um idioma, seja um instrumento musical. Viu só, cultivar bons hábitos melhora a qualidade de vida no momento presente e ainda previne doenças que poderiam surgir no futuro.