O uso da telemedicina no Brasil entrou em vigor em caráter emergencial com a chegada da pandemia do coronavírus e das medidas de isolamento social. Desde então, o serviço remoto de assistência à saúde vem sendo largamente utilizado, mas ainda desperta dúvidas em muita gente. Neste post, vamos falar sobre a telemedicina e as perspectivas positivas que ela traz.
A Lei nº 13.989, aprovada em abril de 2020, autorizou o “exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e promoção de saúde” até o fim da crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2).
No entanto, o debate sobre a utilização da telemedicina aqui no Brasil vem se prolongando há anos. E o COVID-19 acabou sendo um acelerador para a implementação do recurso em larga escala.
As novas tecnologias e todas as inovações trazidas pela Era Digital transformaram a sociedade, os serviços em geral, as relações humanas e de trabalho.
Nada mais natural que isso também trouxesse e acelerasse o uso novos modelos assistenciais, utilizando a digitalização como aliada para ampliar o acesso aos serviços médicos sem comprometer a qualidade do atendimento, o cuidado e, principalmente, a saúde dos pacientes.
Muita gente desconfia da telemedicina, mas ela pode trazer muitos benefícios com a sua utilização.
Continue a leitura e descubra mais detalhes sobre esse assunto!
Contexto histórico
Como falamos, a telemedicina tem sido cada vez mais adotada mundialmente como uma das consequências diretas da adoção da tecnologia em larga escala. No entanto, a assistência remota não surgiu com a digitalização.
De acordo com um estudo sobre a História da Telemedicina, realizado pela International Society for Telemedicine & eHealth (ISfTeH), o primeiro uso da telemedicina ocorreu em 1879, nos Estados Unidos.
O registro foi feito através de uma pequena nota publicada na revista britânica “The Lancet”, considerada uma das mais antigas publicações científicas do mundo.
Na ocasião, os pais de uma criança pequena ligaram para o médico de família à noite, relatando a preocupação com uma tosse forte. Assim, o médico solicitou que eles colocassem o telefone perto da criança tossindo para que ele pudesse avaliar.
Pelas características da tosse, o médico identificou que não se tratava de algo grave e que a consulta poderia ser feita na manhã seguinte.
Já neste primeiro episódio, é possível apontar alguns dos principais benefícios da assistência remota como a praticidade no atendimento, a economia de tempo de deslocamento e a agilização do diagnóstico.
Quase cem anos depois, por volta de 1960, a telemedicina passou a ser utilizada por causa da corrida espacial e da Guerra Fria. Era através dela que os astronautas e demais integrantes das missões espaciais eram atendidos.
Com isso, o atendimento remoto foi impulsionado. Sem a presença física do médico, o uso e o desenvolvimento de novas tecnologias que facilitassem o atendimento e o diagnóstico foram utilizadas.
Tudo para garantir a saúde de todas as pessoas que atuavam em bases distantes nestas missões.
A regulamentação da telemedicina no Brasil
No Brasil, a telemedicina vem sendo debatida há cerca de duas décadas.
Em 2002, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução 1.643, com objetivo de definir e disciplinar a prestação de serviços através da telemedicina.
No entanto, essa resolução foi aprovada em uma época na qual não havia muitos recursos tecnológicos disponíveis em larga escala atualmente.
Os smartphones com acesso à internet e navegação pela tela, por exemplo, surgiram cinco anos mais tarde. Já o WhatsApp, apontado pela consultoria App Annie como aplicativo com maior número de usuários ativos no Brasil e no mundo, só surgiu em 2009.
Além disso, a segurança digital ainda não tinha a relevância que tem hoje, principalmente após a implementação de leis mais rígidas sobre o uso e armazenamento de dados.
Com isso, foi necessário aprofundar o debate a respeito da prática da telemedicina. Dessa forma, o CFM consolidou a Resolução 2.227/2018, definindo melhor a medicina praticada em ambientes digitais (online ou offline).
Essa norma também indicou cada um dos serviços médicos que podem ser realizados dessa maneira (a gente vai falar sobre eles logo adiante).
Apesar de toda evolução sobre o assunto, a comunidade médica enfatizou a necessidade de aprofundar ainda mais o tema e a Resolução 2.227 foi revogada, ou seja, considerada sem efeito. Assim, a Resolução 1.643/2002 se manteve em vigor.
No entanto, um fator imprevisível acabou acelerando alguns processos.
Com o cenário provocado pela COVID-19, o CFM reconheceu que a telemedicina seria uma ferramenta importante para ajudar a minimizar os efeitos do novo coronavírus.
Dessa forma, o Conselho Federal de Medicina publicou o Ofício 1.756/2020, autorizando a telemedicina enquanto durarem as medidas de combate à pandemia.
Esse ofício autoriza o atendimento remoto em três formas específicas:
1. Teleorientação: permite que os médicos possam, a distância, dar orientações e realizar encaminhamento de pacientes em isolamento;
2. Telemonitoramento: os médicos podem supervisionar e monitorar parâmetros de saúde e/ou doença dos pacientes a distância;
3. Teleinterconsulta: autoriza a troca de informações e opiniões entre médicos, ajudando a estabelecer diagnósticos e/ou tratamentos.
As determinações do ofício foram complementadas e ratificadas pela Portaria nº 467, do Ministério da Saúde, que reconhece a utilização da telemedicina durante o combate à COVID-19, respeitando os limites autorizados.
Em paralelo, o CFM já trabalha na publicação de uma nova resolução para regulamentar a telemedicina assim que a crise provocada pela pandemia terminar.
Telemedicina, teleconsulta ou telediagnóstico: entenda as diferenças
A assistência médica a distância permite a realização de vários tipos de atendimentos.
Os mais comuns são a teleconsulta e o telediagnóstico, mas, além deles, há vários outros serviços que podem ser caracterizados como “telemedicina”.
É importante entender o que cada um deles quer dizer, pois é comum que sejam usados de forma associada e isso pode gerar uma confusão inicial.
As definições sobre cada serviço são estabelecidas pelo CFM e abrangem conceitos simples, principalmente se associarmos os nomes ao que já estamos acostumados a ver nos atendimentos presenciais.
Então, vamos conferir cada uma delas!
Telemedicina
Telemedicina é o termo “geral”, que define a prática médica realizada remotamente, seja qual for a forma utilizada para isso.
Assim, ela pode englobar tanto um telefonema quanto uma videochamada realizada através de um aplicativo.
Como nomenclatura, a telemedicina é uma espécie de palavra “guarda-chuva”, que engloba várias práticas e serviços que podem ser realizados.
Isso inclui até mesmo outras possibilidades além do atendimento médico e que usem a “teletecnologia”.
Dessa forma, ainda que menos usuais, atividades como a solicitação de uma segunda opinião médica, uma aula sobre um equipamento de diagnóstico ou um treinamento voltado para a promoção de qualidade de vida também podem ser classificados como telemedicina.
Teleconsulta
Essa é uma das principais formas de prática da telemedicina. A teleconsulta pode ser definida como a consulta médica remota, mediada por tecnologia, onde médico e paciente paciente estão localizados em diferentes espaços geográficos.
Nesse caso, as consultas podem ser tanto do cuidado primário quanto de especialidades médicas diversas como psiquiatria e dermatologia, por exemplo. Também é possível fazer o acompanhamento médico e o primeiro atendimento de situações de urgência.
A teleconsulta também é útil para a troca de informações entre profissionais de saúde, com ou sem a presença do paciente, para auxiliar a formulação de diagnósticos ou tratamentos. Esse uso pode ser chamado de “teleinterconsulta”.
É importante ressaltar que tudo isso deve ser feito através de um sistema que garanta a transmissão e o armazenamento seguro dos dados do paciente.
Telediagnóstico
De acordo com o CFM, o telediagnóstico é o “ato médico a distância com a transmissão de gráficos, imagens e dados, em forma digital, para emissão de laudo ou parecer por médico na área relacionada ao procedimento”.
Simplificando, ele se refere à emissão da avaliação ou laudos de exames de imagens enviados pela internet.
Ele facilita o acesso aos resultados, agilizando a avaliação do médico que solicitou o exame. Isso pode ser feito tanto para procedimentos realizados em clínicas ou laboratórios quando no ambiente hospitalar.
Telecirurgia
Aqui estamos falando da realização de procedimentos cirúrgicos remotos com médico executor e equipamento robótico em espaços físicos distintos.
Essa prática ainda é muito pouco utilizada, considerando todas as necessidades tecnológicas necessárias para que seja realizada com sucesso.
Em 2000, ela foi realizada pela primeira vez no Brasil, quando uma equipe de médicos brasileiros e um médico americano fizeram uma cirurgia utilizando internet de altíssima velocidade.
Na ocasião, um robô foi montado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e foi comando remotamente pelo computador pelo médico Louis Kavoussi, do Hospital John Hopkins, nos Estados Unidos. A cirurgia foi exibida em tempo real durante o 18º Congresso Mundial de Endourologia.
Teletriagem médica
A teletriagem médica acontece quando quando o médico avalia, a distância, os sintomas de um paciente. A partir dessa avaliação, é possível definir e direcionar a pessoa atendida para o tipo de assistência necessária.
Assim, de acordo com o quadro clínico do paciente, o médico avalia pode orientar se ele deve ir a um especialista ou se dirigir a um pronto-socorro, por exemplo.
Principais benefícios da telemedicina
Como vimos, a pandemia acelerou a utilização da telemedicina no Brasil. Não por acaso, de acordo com o Google Trends, o termo “telemedicina” foi, em média, cinco vezes mais buscado pelos brasileiros em 2020 do que nos cinco anos anteriores.
Além disso, muitas pessoas também usaram a telemedicina como recurso para fazer uma consulta ou receber um atendimento médico.
Dados de uma pesquisa realizada pela Opinion Box com 2.004 pessoas foram disponibilizados no portal Gente e mostram que 37% dos entrevistados precisaram fazer uma consulta ou atendimento médico durante a pandemia.
Entre os que tiveram que ser atendidos, cerca de 37% realizaram o atendimento não-presencial pela primeira vez.
Além disso, 43% acreditam que a telemedicina será mais utilizada do que era antes da pandemia.
Dessa forma, é possível avaliar que a telemedicina pode trazer novas soluções em saúde que sejam adequadas às necessidades de um mundo cada vez mais conectado. E tudo isso sem abrir mão da segurança das informações e da ética na relação médico-paciente.
Alguns dos principais benefícios da telemedicina são:
- Otimização do tempo do paciente, evitando deslocamentos para a realização de consultas presenciais;
- Agilidade na troca de informações. Isso vale tanto não só no contato do paciente com o médico, mas também para facilitar o acompanhamento do médico pessoal com outros especialistas que estejam realizando um tratamento complementar de saúde;
- Diminuição de idas desnecessárias a hospitais e unidades de pronto-socorro. Além de evitar a exposição do paciente às doenças comuns nestes ambientes, isso ajuda a otimizar o tempo do atendimento de quem realmente precisa estar nestes locais;
- Redução dos gastos com saúde. Isso vale desde a economia de ser atendido em qualquer lugar até o uso consciente do plano de saúde (que impacta diretamente no reajuste praticado pelas operadoras);
- Aumento na oferta de serviços e na otimização de recursos. Com processos mais ágeis, todos os profissionais de saúde acabam tendo mais tempo disponível para focar no que realmente importa: o atendimento a quem precisa;
- Maior disponibilidade e segurança da informação. Com o uso de ambientes seguros e utilizando recurso de criptografia de dados e certificações de segurança digital, os exames e histórico médico podem ser acessados onde e quando for necessário, algo que a documentação física não permite.
Agora que você sabe mais sobre a telemedicina e algumas das principais vantagens que ela traz, que tal conferir o depoimento de um paciente que usou esse recurso pela primeira vez?
Na Sami, o recurso da telemedicina é integrado ao nosso app. Assim, você pode “ir ao médico” onde estiver. Se interessou? Então, saiba o que mais a gente oferece!
Com somente 2 hospitais e um laboratório como acreditam dar conta da demanda?
Olá Regiane,
Entendo seu ponto. Dependendo da distância que estiver ou caso se locomova muito, ter uma rede grande de hospitais pode passar uma segurança maior. Aqui, estamos expandindo com foco maior em qualidade do que em número e velocidade. Queremos ter hospitais realmente parceiros no cuidado dos nossos membros. Se você quiser deixar seu contato e suas localizações de interesse, podemos te contar conforme a expansão acontecer. Qualquer coisa, estamos por aqui! 😉