Além das altas temperaturas, consequentemente, o verão é marcado por chuvas intensas e repentinas. Esse período cria o ambiente propício para a proliferação de arbovírus, que adoram clima úmido e chuvoso, temperaturas elevadas e urbanização rápida para se desenvolverem. A culpa, na maioria das vezes, é de áreas e objetos com acúmulo de água.
Por isso, o risco de contrair alguma arbovirose (como dengue, zika vírus e chikungunya) é maior no verão, especialmente em locais tropicais e subtropicais. A seguir, saiba como identificar uma arbovirose e o que fazer para evitar que os arbovírus se desenvolvam:
O que é arbovirose?
O termo arbovirose é utilizado para caracterizar todas as doenças infecciosas transmitidas por artrópodes, isto é, insetos ou aracnídeos. As arboviroses mais comuns em ambientes urbanos, porém, são transmitidas através de mosquitos – especialmente o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.
A febre amarela também é definida como arbovirose, já que é transmitida por mosquitos silvestres, principalmente os Haemagogus leucocelaenus. Essa doença, diferente das citadas acima, é mais comum em áreas de mata, e pode infectar primatas não humanos. Quando isso acontece, serve de alerta para uma possível expansão do vírus no território.
Dengue
A dengue é um dos grandes perigos do verão. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, quase metade da população mundial corre risco de contrair essa doença infecciosa, transmitida principalmente por mosquitos fêmeas da espécie Aedes aegypti.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cerca de 80% dos brasileiros vivem em regiões endêmicas da doença, isto é, com clima favorável para a proliferação do mosquito e disseminação da doença.
Normalmente, a dengue se manifesta através de febre alta, dores de cabeça intensas, náuseas e vômitos, dor atrás dos olhos, nos ossos e nas articulações, falta de apetite e de paladar, moleza, cansaço extremo, tontura e manchas vermelhas por toda a pele, na maioria das vezes acompanhadas de coceira.
Esses sintomas costumam aparecer, em média, de 3 a 15 dias após a picada. Há casos em que a doença é assintomática. A grande preocupação, no entanto, está nos casos mais graves, os de dengue hemorrágica. Esse quadro surge após a segunda ou terceira infecção, causando alterações na coagulação sanguínea, perda de líquidos e queda da pressão arterial, podendo levar à óbito.
Zika vírus
Essa doença é causada pelo vírus Zika (ZIKV), podendo ser assintomática ou sintomática. Quando há presença de sintomas, eles variam entre leves – como febre baixa, conjuntivite sem secreção, fadiga, coceira na pele, dor de cabeça, dor muscular e dor e inchaço nas articulações – e graves, relacionados a complicações neurológicas e malformações congênitas.
Segundo o Ministério da Saúde, já foram identificadas duas condições graves relacionadas ao ZIKV: a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) e a microcefalia. A primeira é uma doença rara em que os nervos periféricos são atacados pelo próprio sistema imunológico. A segunda, por sua vez, é uma malformação congênita que reduz o tamanho da cabeça e do cérebro dos recém-nascidos, afetando significativamente o desenvolvimento infantil.
As gestantes infectadas por essa arbovirose também podem transmitir o vírus para o seu bebê, o que aumenta o risco de aborto espontâneo, óbito fetal ou malformações congênitas. Vale ressaltar que os sintomas podem começar de 2 a 7 dias depois da picada do mosquito.
Chikungunya
A arbovirose chikungunya também é transmitida pela picada de fêmeas Aedes aegypti infectadas. Os principais sintomas dessa doença são:
- Febre;
- Dores intensas nas articulações;
- Dor de cabeça;
- Dor de garganta;
- Dor nos olhos;
- Dor nas costas;
- Manchas avermelhadas na pele;
- Náuseas e vômitos;
- Calafrios;
- Diarreia e/ou dor abdominal (mais comum em crianças).
De acordo com o Ministério da Saúde, em mais de 50% dos casos a dor nas articulações torna-se crônica, podendo persistir por anos. O chikungunya ainda pode dar origem a condições mais graves, como convulsões, meningoencefalite, paralisias, insuficiência cardíaca, arritmias, insuficiência renal aguda, insuficiência respiratória, pancreatite e mais.
Como prevenir as arboviroses?
A forma mais comum de prevenir as arboviroses é evitar que os mosquitos apareçam e se proliferem na sua região. Considerando que as fêmeas Aedes aegypti gostam de botar seus ovos em áreas úmidas e com calor, é importante seguir alguns cuidados domésticos, como:
- Evitar acúmulo de água, deixando garrafas, baldes, vasos e outros objetos que conseguem armazenar água com a boca para baixo;
- Colocar proteção contra mosquitos nas portas e janelas;
- Colocar areia nos vasos de plantas;
- Descartar o lixo adequadamente;
- Limpar os ralos com desinfetantes;
- Manter as calhas sempre limpas;
- Higienizar piscinas, aquários e lagos caseiros com frequência;
- Utilizar repelente.
A dengue também pode ser prevenida por meio de vacina, a Dengvaxia, que protege contra as quatro variações da doença. A vacinação reduz em 93% a chance de desenvolver um quadro grave e em 80% a necessidade de hospitalização. Contudo, seu uso ainda é limitado e o imunizante não está disponível de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS).
Por isso, o ideal mesmo é evitar acúmulo de água parada, fortalecer o sistema imunológico com alimentação saudável e prática regular de atividade física e procurar um time de saúde ao perceber algum sintoma característico das principais arboviroses urbanas. Sua saúde deve estar sempre em primeiro lugar!