É bastante comum ouvirmos frases como: “se não comer direito vai ficar com anemia!”, “está tão magrinha, deve ser anemia”. Apesar de muitas vezes ser usada como uma chamada de atenção para quem tem a alimentação muito seletiva – principalmente crianças – a anemia é uma condição séria que, se não tratada corretamente, pode matar.
A anemia surge devido a baixas concentrações de hemoglobinas no sangue. Os motivos são diversos, desde problemas congênitos que danificam a produção de glóbulos vermelhos (o que a caracteriza como uma doença preexistente) até a absorção insuficiente de ferro (essa é a mais comum, afetando cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo todo).
No Brasil, cerca de 10% da população adulta e idosa possui anemia, sendo mais frequente em mulheres, idosos, pessoas de baixa escolaridade e residentes das regiões Norte e Nordeste, como indica um estudo da Revista Brasileira de Epidemiologia. A seguir, veja como identificar se você está com anemia e o que fazer para tratar essa doença:
- O que é anemia?
- Sintomas de anemia
- Tipos de anemia
- Como saber se estou com anemia?
- Grupo de risco
- Anemia na infância
- O que é bom para a anemia?
- Tratamento anemia
O que é anemia?
A anemia é uma doença caracterizada pela redução da quantidade de hemoglobina (glóbulos vermelhos) no organismo. Esses glóbulos são responsáveis por transportar o oxigênio até os órgãos através da corrente sanguínea. Quando estão em falta, o corpo emite diversos sinais de alerta, desde falta de ar até tontura e fadiga.
A anemia pode ser classificada em aguda ou crônica. Isso irá depender de quanto tempo ela está afetando a saúde e qual é a causa – se é adquirida (por causa de alimentação carente em ferro e vitamina B12 ou sangramento excessivo) ou hereditária (defeitos congênitos na produção de glóbulos vermelhos).
Sintomas de anemia e anemia profunda
Por causa da alteração da composição do sangue, um dos primeiros sintomas de anemia é a queda da pressão arterial. Com a progressão da doença, começam a surgir outras complicações, como:
- Falta de ar;
- Falta de apetite;
- Apatia;
- Fadiga generalizada;
- Palidez na pele e nas mucosas, como olhos e gengivas;
- Olhos amarelados;
- Tontura;
- Formigamento nas mãos e pés, assim como esfriamento dessas extremidades;
- Sonolência;
- Dor muscular;
- Taquicardia.
Tipos de anemia
Esse déficit de glóbulos vermelhos pode surgir por causas diferentes, e é por isso que existem diversos tipos de anemia. Entre os principais estão:
Anemia ferropriva
Caracterizada pela falta de ferro no organismo, seja por alimentação desbalanceada, seja pela perda excessiva de sangue.
Anemia perniciosa
Quando os níveis de vitamina B12 estão abaixo do ideal. Isso pode acontecer por consumir poucos alimentos com o nutriente (mais comum em vegetarianos e veganos) ou por um mecanismo autoimune que ataca as substâncias responsáveis por absorver a vitamina B12.
Anemia megaloblástica
Nesse tipo de anemia ocorre uma produção irregular de glóbulos vermelhos, que ficam deformados e imaturos, não conseguindo executar sua função corretamente.
Anemia falciforme
Essa variação da doença também apresenta má formação de glóbulos vermelhos, mas isso começa a partir de um defeito congênito. Essa anemia é hereditária e crônica, e quem a possui necessita de acompanhamento médico a vida inteira.
Anemia hemolítica
Os glóbulos vermelhos vivem, em média, 120 dias. Na anemia hemolítica, eles são destruídos muito antes de completar esse período, e não são repostos a tempo pela medula óssea, causando um déficit no organismo. Essa destruição é autoimune, ou seja, o sistema imunológico identifica as hemácias como substâncias estranhas e as ataca.
Anemia aplástica
Esse é um dos tipos mais graves de anemia, que surge após a medula óssea ser danificada e deixar de produzir glóbulos vermelhos e brancos. Esse dano pode ocorrer por causa de algum tumor maligno, exposição a toxinas pesadas, etc.
Anemia por falta de glóbulos vermelhos
Nesse caso, o organismo deixa de produzir glóbulos vermelhos por inúmeros motivos, de problemas na medula óssea a uso de determinados medicamentos.
Como saber se estou com anemia?
Para diagnosticar a anemia, além de ficar de olho nos sintomas característicos da condição, é preciso analisar os níveis de hemoglobina presentes na circulação sanguínea. A partir disso, podemos definir que uma pessoa está com anemia se:
- Crianças de 6 meses a 5 anos: hemoglobina menor que 11 g/dL;
- Gestantes: hemoglobina abaixo de 11 – 10,5 g/dL;
- Mulheres: hemoglobina menor que 12 g/dL;
- Homens: hemoglobina abaixo de 13 g/dL;
- Idosos: hemoglobina menor que 13 g/dL;
Essa avaliação é feita por meio de exames laboratoriais, como exame de sangue. Mas não se precipite ao tentar interpretar o exame: somente o médico que o solicitou é capaz de diagnosticar a anemia e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso.
Grupo de risco
A anemia pode acometer todas as pessoas, mas existem alguns grupos que são mais suscetíveis a desenvolver a doença, como:
- Crianças;
- Adolescentes no início do período menstrual;
- Mulheres em idade reprodutiva.
- Grávidas ou puérperas;
- Lactantes (pessoas que estão amamentando);
- Pessoas que fizeram cirurgia bariátrica;
- Idosos.
Isso acontece porque os fatores de risco da doença afetam esses grupos com mais frequência, já que incluem fluxo menstrual intenso, sangramentos em grandes quantidades, falta de vitamina B12 e ferro (comum em pessoas que já fizeram cirurgia bariátrica) e distúrbios intestinais, como doença de Crohn e doença celíaca.
Anemia na infância
O tipo de anemia mais comum na infância é a causada por deficiência de ferro, uma vez que o corpo precisa de uma quantidade maior desse nutriente por conta do crescimento. “Se a criança tem um consumo excessivo de leite de vaca, dos 12 aos 36 meses de idade, aumenta o risco de desenvolver anemia [porque o leite pode atrapalhar a absorção de ferro]”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.
Ter anemia na infância, especialmente nos primeiros anos de vida, pode trazer sérios prejuízos para a saúde da criança e consequências para a vida adulta. Isso porque o sistema imunológico fica fraco, deixando o pequeno mais suscetível a infecções, além de apresentar falta de concentração, crescimento reduzido, apatia, baixo peso e complicações no desenvolvimento neuropsicomotor.
Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), de 2019, uma em cada cinco crianças brasileiras de 6 meses a 2 anos tem anemia ferropriva (deficiência de ferro). O problema é grave e precisa de atenção redobrada dos pais e profissionais da saúde.
O que é bom para a anemia?
Se você está com anemia ou em risco de desenvolvê-la, saiba que a alimentação é uma grande aliada no combate à doença. Segundo o Ministério da Saúde, existem diversos alimentos de origem animal e vegetal que possuem altas concentrações de ferro e são bons para anemia, como:
- Carnes vermelhas, especialmente fígado e outros miúdos, como rim e coração;
- Carnes de aves e de peixes;
- Mariscos crus;
- Leites enriquecidos com ferro;
- Folhas verdes, como agrião, couve, cheiro-verde e taioba;
- Leguminosas, como feijões, fava, grão-de-bico, ervilha e lentilha;
- Grãos integrais ou enriquecidos com ferro;
- Nozes e castanhas;
- Melado de cana;
- Rapadura;
- Açúcar mascavo.
Tratamento anemia
O tratamento para anemia irá depender do tipo da doença. Em casos mais simples, especialmente os provocados por falta de ferro e vitamina B12, é possível resolver o problema apenas com suplementação. Dependendo do nível dos sintomas, o médico também pode indicar alguma medicação.
Infelizmente, existem alguns quadros de anemia que não possuem cura, como a anemia falciforme. Nessa situação e em casos de anemia aplástica e hemolítica, a transfusão de sangue regular pode ser uma alternativa. Mas, independentemente do tipo da doença, é muito importante manter uma dieta saudável e rica em ferro – e claro, fazer acompanhamento contínuo com um time de saúde.