A meningite é uma inflamação que atinge o cérebro, a medula espinhal e o sistema nervoso central. Ela é grave e, dependendo do agente causador, pode levar a óbito em menos de 24h. No Brasil, essa doença é considerada endêmica. Isto é, já é esperado que, ao longo de todo ano, possam ocorrer surtos e epidemias ocasionais da doença – com maior incidência das meningites bacterianas no inverno e das virais no verão.
E é exatamente isso que está acontecendo na capital de São Paulo: um surto de meningite bacteriana – quando são registrados de três ou mais casos do mesmo agente causador em um período de 90 dias. De janeiro a setembro de 2022, já foram contabilizados 58 casos e 10 mortes de adultos e crianças, o que está deixando as autoridades sanitárias em estado de alerta.
Afinal, com esse aumento de casos, houve uma queda da cobertura vacinal contra a meningite em todo o estado de São Paulo. Mesmo a vacina estando disponível durante o ano todo – apenas 71,7% do público infantil apto para receber o imunizante foi se vacinar até o mês de junho.
Essa queda tem sido crescente desde 2017, quando somente 89,7% da população apta foi vacinada, que é a principal forma de se proteger contra as formas mais frequentes e graves da doença. Contudo, por causa desse aumento repentino de casos envolvendo até mesmo adultos, a busca por vacinas nas redes privadas e públicas cresceu consideravelmente.
A fim de conter o surto atual, qualquer pessoa com idade entre 3 meses e 64 anos que mora, trabalha ou estuda próximo a regiões que notificaram casos da doença pode receber a vacina nas unidades básicas de saúde locais.
Além de São Paulo, outros quatro Estados estão com aumento de casos: Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A seguir, veja quais são os tipos mais comuns de meningite, como a doença age no organismo e quais são as possíveis complicações:
- O que é meningite?
- O que causa meningite?
- Meningite bacteriana
- Meningite: sintomas
- Diagnóstico
- Tratamento para meningite
- Como a meningite é transmitida?
- Vacina para meningite
- Sequelas da meningite
O que é meningite?
A meningite é uma doença grave caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. Essa inflamação se dá, principalmente, devido a uma infecção por vírus ou bactérias – agentes infecciosos com forte potencial de causar surtos da doença, considerando sua fácil disseminação.
Qualquer pessoa pode contrair a meningite, mas a incidência é maior em crianças com menos de cinco anos, especialmente aquelas que ainda não completaram um ano de vida. Por isso, a vacina contra meningite faz parte do calendário básico de vacinação infantil, com primeira dose entre os três e cinco meses, e reforço com um ano.
Vale destacar que os imunizantes disponíveis não contemplam todos os tipos de meningite existentes, somente os mais frequentes e mais graves. Ou seja, é necessário manter todos os cuidados de prevenção ativos mesmo depois da vacinação.
O que causa meningite?
A principal causa de meningite são bactérias e vírus, mas existem casos menos recorrentes de fungos e parasitas. Condições como câncer, lúpus, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais também podem desencadear um processo inflamatório nas meninges, provocando a doença.
Meningite bacteriana
A meningite causada por bactérias, também chamada de meningite bacteriana, costuma ser uma das formas mais graves da doença, podendo levar a piora dos sintomas e até mesmo a óbito em menos de 24h de infecção. A meningite meningocócica (bactéria N. meningitidis, também conhecida como meningococo) é a mais frequente, e crianças e adolescentes são os mais atingidos.
Por outro lado, na meningite pneumocócica (bactéria S. pneumoniae), os idosos e pessoas com quadros crônicos ou doenças imunossupressoras (condições que reduzem as defesas do sistema imunológico) apresentam maior risco de pegar a doença.
Meningite: sintomas
Os sintomas da meningite estão associados à localização das membranas inflamadas, que, como dito anteriormente, ficam envoltas do cérebro, medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. Segundo o Ministério da Saúde, se a causa da meningite for um vírus, os sinais tendem a ser mais leves, como:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Rigidez levemente acentuada na nuca;
- Falta de apetite;
- Irritação.
Agora, se for uma meningite bacteriana, os sintomas são mais intensos e com evolução rápida, incluindo:
- Febre alta;
- Mal-estar;
- Vômito;
- Dor forte na cabeça e no pescoço;
- Dificuldade para encostar o queixo no peito;
- Manchas avermelhadas espalhadas pelo corpo (um dos sinais mais preocupantes da doença, pois indica que a infecção está se espalhando rapidamente pelo organismo, com risco aumentado de infecção generalizada).
Além desses sintomas, os bebês podem apresentar inquietação, com choro agudo, moleira tensa ou elevada, rigidez corporal, e movimentos involuntários.
Contudo, independentemente da idade, é de extrema importância procurar um time de saúde ao perceber qualquer sinal suspeito. Quanto antes o tratamento for iniciado, menores são as chances de sequela.
Diagnóstico
Além da análise dos sintomas, o diagnóstico de meningite é realizado a partir de amostras de sangue e do líquido cerebroespinhal (líquor) que circula o cérebro e a medula espinhal. O diagnóstico das meningites virais também pode ser feito através de exames de urina e de fezes. Ao observar a presença da doença e o tipo de agente infeccioso, o médico irá definir o tratamento mais adequado para cada caso.
Tratamento para meningite
O tratamento vai depender do tipo de meningite. A meningite viral, assim como outras viroses, costuma passar sozinha, com uso de medicamentos apenas para amenizar alguns sintomas, como dor e febre. Já a meningite bacteriana precisa de tratamento hospitalar imediato. As técnicas utilizadas na internação variam de acordo com a bactéria causadora da doença, e devem ser acompanhadas e administradas por uma equipe médica.
Como a meningite é transmitida?
Seja por vírus, seja por bactéria, a transmissão da meningite ocorre geralmente através das vias respiratórias, por gotículas ou secreções nasais infectadas. Esse contato pode ocorrer de forma direta, de pessoa para pessoa, ou indireta, por meio de superfícies, água ou alimentos contaminados. Entrar em contato com fezes contaminadas, principalmente ao trocar fralda de pessoas com meningite, também pode transmitir a doença.
Vacina para meningite
A principal forma de prevenir a meningite é através da vacinação. No Brasil, são disponibilizadas três tipos de vacina:
- Meningocócica C: faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI). São três doses: uma aplicada aos 3 primeiros meses de vida, outra com 5 meses e a terceira com 12 meses (1 ano), além de uma dose de reforço aos 11 anos.
- Meningocócica ACYW: disponível somente em clínicas privadas, essa vacina combina estes quatro sorogrupos, e pode ser utilizada em substituição à vacina meningocócica C.
- Meningocócica B: disponível somente na rede privada e também aplicada aos 3 e 5 meses com reforço após um ano de idade.
Devido a baixa na cobertura vacinal, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou a oferta de vacina meningocócica C pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para trabalhadores da saúde e crianças de até 10 anos até fevereiro de 2023. A nova orientação diz que se a criança de até 10 anos ainda não tiver se vacinado, deve tomar uma dose da meningocócica C.
Já os trabalhadores de saúde, mesmo aqueles com o esquema vacinal completo, podem se vacinar com mais uma dose. O SUS ainda oferece a vacina ACWY para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. Pessoas além dessas faixas etárias podem receber o imunizante em clínicas privadas.
Não existe vacina para todos os tipos de meningite – especialmente para as virais e fúngicas. Por isso, considerando os fatores de transmissão, não se esqueça de higienizar bem os alimentos antes de consumí-los, desinfetar as superfícies de contato frequente e sempre usar luvas e máscaras perto de pessoas com meningite.
Sequelas da meningite
A meningite pode causar sequelas temporárias ou permanentes. Isso irá depender da causa e da gravidade da doença. Mas, de modo geral, podem ocorrer complicações como:
- Perda auditiva e visual;
- Problemas nos ossos;
- Problemas nos rins;
- Dificuldade para dormir;
- Incontinência urinária;
- Problemas com a memória e a concentração;
- Comprometimento da coordenação motora e do equilíbrio;
- Dificuldade de aprendizado e fala;
- Epilepsia;
- Paralisia cerebral.