Insuficiência Cardíaca: causas e sintomas da “doença do coração fraco”

Quem não se sente ofegante e cansado de vez em quando, não é? Mas sentir falta de ar e cansaço extremo ao realizar atividades leves e rotineiras pode não ser uma simples indisposição passageira. Talvez o coração não esteja conseguindo manter o esforço necessário para bombear adequadamente o sangue para todas as partes do corpo. O nome disso é insuficiência cardíaca.

Só no Brasil, a “doença  do coração fraco”, como também é conhecida a insuficiência cardíaca, atinge cerca de 2 milhões de pacientes, com incidência de 240 mil novos casos por ano. Atualmente, cerca de 1% a 2% da população adulta tem insuficiência cardíaca, índice que chega a 10% nas pessoas com mais de 70 anos. 

A idade é um fator de risco importante – quanto mais idoso, maior o risco –, mas o problema é também “sequela” de outras doenças cardíacas ou resultado de um estilo de vida inadequado. E é aí que está o “xis” da questão e o lado meio cheio do copo: se hábitos ruins propiciam o surgimento da insuficiência cardíaca, boas escolhas podem afastar a doença ou melhorar o prognóstico. 

Neste artigo, você vai entender os mecanismos envolvidos na insuficiência cardíaca, os principais sintomas, formas de tratamento e dicas importantes de prevenção. Veja os tópicos que vamos abordar abaixo:

1. O que é insuficiência cardíaca? 
2. Quais os sintomas de insuficiência cardíaca? 
3. Quais são as causas da insuficiência cardíaca?
4. Qual é a diferença entre insuficiência cardíaca e infarto? 
5. Existe idade para a insuficiência cardíaca acontecer? 
6. Como é feito o diagnóstico de insuficiência cardíaca? 
7. Há tratamento para a insuficiência cardíaca?
8. Como prevenir a insuficiência cardíaca? 

O que é insuficiência cardíaca? 

A insuficiência cardíaca é um distúrbio que deixa o coração incapacitado de bombear da forma apropriada o sangue para o organismo. Quando tudo vai bem, o mecanismo cardíaco é bem simples: o coração infla quando se enche de sangue e contrai quando bombeia o fluido, processo feito por meio dos ventrículos. 

Quando surge a insuficiência cardíaca, esse processo não acontece mais dessa forma. Os  dois tipos de insuficiência cardíaca mais comuns são:

• Sistólica: ocorre quando o coração se contrai menos e, por isso, bombeia uma quantidade menor de sangue do que retorna para ele. Com isso, mais sangue permanece no coração e se acumula nos pulmões, veias ou ambos;
• Diastólica: ocorre quando o coração fica endurecido e tem dificuldades para se preencher de sangue. Com isso, o sangue retorna para o átrio esquerdo e vasos sanguíneos do pulmão (pulmonares), o que causa congestão.

Quais os sintomas de insuficiência cardíaca? 

Os sintomas da insuficiência cardíaca podem surgir de forma súbita ou gradualmente. Esses incômodos podem ter períodos de estabilização ou, então, evoluir lentamente. Separamos os sinais de insuficiência cardíaca mais comuns:

• Falta de ar: o acúmulo de líquido nos pulmões gera falta de ar. Inicialmente, o sintoma só ocorre durante o esforço, mas, à medida que a insuficiência cardíaca avança, a falta de ar passa a ocorrer com menor esforço e, por fim, até mesmo em repouso;
• Cansaço: como o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades que o corpo tem de oxigênio e nutrientes, os músculos dos braços e pernas podem se cansar mais rapidamente;
• Inchaço: o principal sintoma de insuficiência cardíaca é o acúmulo de líquidos, que gera inchaço. Quando a pessoa está em pé, o líquido tende a ser acumular nas pernas e nos pés. Quando a pessoa está deitada, o líquido acumula-se, geralmente, na região lombar;
• Abdômen aumentado:  Acontece quando o volume de líquido acumulado é tão grande que causa o inchaço nessa região;
• Perda de apetite e náusea: em alguns casos, há acúmulo de líquido no fígado e no sistema digestivo. Quando isso ocorre, é comum se sentir empanturrado, o que leva a ter menos apetite;
• Tosse seca: além da falta de ar, o acúmulo de líquido nos pulmões pode ocasionar tosse;
• Ganho de peso devido a retenção de líquido;
• Vontade de fazer xixi à noite: quando o corpo fica na horizontal, os líquidos que se acumularam nas pernas durante o dia podem voltar à corrente sanguínea e chegarem aos rins para serem eliminados como resíduos pela urina;
• Batimentos cardíacos rápidos ou irregulares: sem força para bombear, o coração pode bater mais depressa a fim de manter o fluxo sanguíneo. A sensação é de palpitação.

Quais são as causas da insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca pode ter origem em doenças que a pessoa teve no passado ou por distúrbios atuais que causam lesões ou sobrecarga no coração. Qualquer doença que afete o coração direta ou indiretamente pode causar insuficiência cardíaca.

Algumas das causas mais comuns da insuficiência cardíaca incluem:

• Ataques cardíacos no passado
• Doença das artérias coronárias
• Pressão arterial elevada
• Doença das válvulas cardíacas
• Doença do músculo cardíaco ou inflamação do coração
• Defeitos cardíacos congénitos
• Doenças pulmonares
• Abuso de álcool e drogas
• Obesidade

Existem ainda fatores menos comuns que podem ocasionar insuficiência cardíaca, como anemia, distúrbios de tireoide e insuficiência renal.

Qual é a diferença entre insuficiência cardíaca e infarto? 

De forma bem resumida, o infarto é o entupimento das artérias do coração, o que causa o bloqueio do fluxo sanguíneo repentinamente. Esse problema pode acontecer em partes diferentes do coração, dependendo do vaso que estiver obstruído.  Outra forma do infarto se manifestar é por meio de coágulos alojados no coração que se desprendem e se instalam dentro das artérias.

Já a insuficiência cardíaca trata-se de uma doença diretamente ligada à redução do fluxo sanguíneo, o que pode debilitar ou endurecer o coração e causar uma série de consequências. É como se o coração ficasse cansado.

Existe idade para a insuficiência cardíaca acontecer? 

Não há regras ou idade específica para que uma pessoa desenvolva insuficiência cardíaca. A Sociedade Europeia de Cardiologia explica que, mesmo sendo uma doença mais comum em idosos, pessoas jovens também podem ser acometidas pelo distúrbio.

Os problemas relacionados ao envelhecimento podem provocar uma queda na eficácia do funcionamento do coração e, por isso, os idosos acabam tendo mais chances de desenvolver distúrbios cardíacos. No entanto, algumas pessoas têm predisposição à doença muito cedo, logo após o nascimento, geralmente por questões congênitas.

Como é feito o diagnóstico de insuficiência cardíaca? 

A partir do relato dos sintomas, o médico de família é o profissional capaz de fazer o diagnóstico e a indicação do tratamento. Nos casos mais severos, a pessoa pode ser encaminhada a serviços específicos de atendimento. Para definição do diagnóstico, o médico leva em conta fatores como histórico familiar e clínico, hábitos e estilo de vida e, claro, os sintomas apresentados. Caso necessário, a próxima etapa será a de realização de exames para aprofundar a investigação sobre o funcionamento do coração. De acordo com a Sociedade Europeia de Cardiologia, os exames mais comuns são:

• Eletrocardiograma (ECG);
• Exames de sangue;
• Radiografia do Tórax;
• Exames físicos;
• Ecocardiograma;

Há tratamento para a insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca é uma doença crônica e com tendência a agravar-se com o passar do tempo. O mais importante, todavia, é saber que existe tratamento tanto para aliviar os sintomas como para melhorar o prognóstico e alongar a vida. 

O ponto de partida é prevenir ou tratar outros problemas que atuam como fatores de risco para insuficiência cardíaca, como hipertensão, obesidade, apneia do sono, anemia, entre outras situações que podem agravar o quadro. 

Além disso, não tem como fugir do compromisso de rever as escolhas de vida. Quem tem insuficiência cardíaca precisa passar longe do cigarro e do álcool, vencer a tentação da comida salgada e gordurosa, e fugir do sedentarismo. 

Em alguns casos, pode haver prescrição médica para uso de medicamento ou, em casos mais severos, de uso de suporte mecânico circulatório, como um desfibrilador implantável.

Como prevenir a insuficiência cardíaca? 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 80% das mortes causadas por doenças cardíacas poderiam ser evitadas com mudanças no estilo de vida das pessoas. Fumantes, por exemplo, precisam abandonar o hábito se quiserem diminuir o risco de desenvolver o distúrbio, assim como os que costumam consumir bebidas alcoólicas. Drogas como essas são grandes vilões da saúde cardiovascular.

A adoção de uma rotina de atividades físicas e de uma alimentação saudável também é essencial para evitar problemas relacionados ao coração e prevenir a insuficiência cardíaca.

Uma dieta cardioprotetora tem foco no consumo equilibrado de sódio, na redução de produtos embutidos e industrializados, e na riqueza de fibras, grãos, frutas com cascas, legumes e cereais.