“Você não tem mais idade para isso” é uma frase usada rotineiramente na vida de muitos idosos e, em alguns casos, nem tão idosos assim. Esse tipo de discriminação tem nome: etarismo ou ageísmo, e precisa ser combatido.
Os idosos correspondem a quase 15% da população brasileira e, apesar das estatísticas de aumento da longevidade, o preconceito ainda tem sido um grande problema.
A boa notícia é que a discriminação contra pessoas de idade avançada já tem sido discutida desde a década de 60 nos Estados Unidos e Europa. Recentemente novas leis foram criadas contra a discriminação etária. Por outro lado, o termo “etarismo” no Brasil ainda é pouco conhecido (precisamos avançar nessa questão, não é mesmo?).
Foi pensando em combater esse preconceito que decidimos divulgar informações e entender os impactos que esse tipo de discriminação pode trazer na vida de um idoso. Afinal, a vida passa para todos.
- O que é etarismo?
- Impactos do etarismo na vida do idoso
- Como resolver o problema? Entenda sobre a Pirâmide Etária
O que é etarismo?
Primeiro precisamos entender o que, de fato, é etarismo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo se refere a estereótipos, preconceitos e discriminação direcionada às pessoas com base na idade que elas têm.
Você já deve ter se deparado com alguns casos de etarismo por aí. Recentemente, essa discriminação ficou mais clara quando um grupo de jovens em uma universidade particular de Bauru, no interior de São Paulo, debocharam de uma colega de classe do curso de medicina devido sua idade: 40 anos. Relembre: Vídeo de universitárias debochando de colega de 40 anos gera indignação | LIVE CNN – YouTube
Como vimos, o etarismo não tem uma idade certa: tanto pessoas mais jovens como com a idade mais avançada podem sofrer o preconceito. No entanto, em muitos casos, ele está associado à idosos e geram estereótipos negativos que os retratam como incapazes, inativos ou dependentes.
Além disso, esse preconceito pode ser sutil ou evidente e se manifestar em diferentes áreas da vida, como no ambiente de trabalho, no acesso a serviços de saúde, na mídia e até mesmo nos relacionamentos pessoais.
Impactos do etarismo na vida do idoso
Esse tema tem sido muito abordado em vários artigos e pesquisas em diferentes países. Em um deles, a pesquisa realizada pela American Association of Retired Persons (AARP), nos Estados Unidos apontou os seguintes impactos:
- Aproximadamente 64% dos trabalhadores com mais de 45 anos relataram ter presenciado ou experimentado algum tipo de discriminação relacionada à idade no ambiente de trabalho.
- A mesma pesquisa revelou que trabalhadores mais velhos podem enfrentar dificuldades em relação a promoções e oportunidades de desenvolvimento profissional em comparação com seus colegas mais jovens.
- O estudo mostrou, ainda, que o etarismo pode levar a um clima organizacional negativo, resultando em menor satisfação no trabalho e maior rotatividade entre os trabalhadores mais velhos.
Em outro estudo, dessa vez realizado pela Universidade de Sidney, na Austrália, apontou que a discriminação baseada na idade pode prejudicar a motivação e o engajamento no trabalho, levando a níveis mais altos de estresse, ansiedade e depressão.
Os impactos não estão restritos somente ao ambiente corporativo. Pesquisas têm mostrado que o etarismo também pode levar ao isolamento social dos idosos, o que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, declínio cognitivo e maior incidência de depressão.
Sem contar que o estresse causado pelo avanço da idade e a discriminação podem levar a problemas de saúde, como pressão alta, e influenciar negativamente a autoimagem dos idosos, levando-os a crer que eles são menos capazes ou dignos de respeito.
Como resolver o problema? Entenda sobre a Pirâmide Etária
Como vimos, o etarismo tem sido discutido em diversos países e muitos têm se preocupado em diminuir e exterminar esse preconceito contra o idoso. Uma alternativa para esse caso é a pirâmide etária.
Basicamente, a pirâmide etária é uma representação gráfica da estrutura demográfica de uma população, apresentando a distribuição de idades em diferentes faixas etárias.
Em um formato de pirâmide, por isso o nome, ela é representada sendo mais larga na base e estreitando-se à medida que avança em idades mais avançadas.
Cada barra representa um grupo etário e, ao somá-las, é possível entender o perfil demográfico da sociedade em questão. Existem quatro tipos de pirâmides etárias, que são:
- pirâmide etária jovem;
- pirâmide etária adulta;
- pirâmide etária envelhecida;
- pirâmide etária rejuvenescida.
Cada pirâmide reflete uma configuração demográfica específica, que pode variar de acordo com a taxa de natalidade, mortalidade e expectativa de vida. Por exemplo, em países com altas taxas de natalidade e mortalidade infantil tendem a ter pirâmides mais jovens, demonstrando aos governos desafios com ofertas de educação, emprego e saúde.
Já a pirâmide adulta é considerada a mais equilibrada. É comum em países em desenvolvimento, como o Brasil, e apresenta declínio nas taxas de natalidade e mortalidade. Por outro lado, a pirâmide etária envelhecida é quando existe uma proporção maior de pessoas idosas em relação aos jovens e adultos.
Esse tipo de pirâmide é reflexo de uma população com declínio acentuado na taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida. Para a sociedade, a pirâmide envelhecida traz desafios de previdência social e saúde.
Por fim, a pirâmide etária rejuvenescida é quando ocorro uma proporção significativa de jovens e uma parcela considerável de adultos. Esse tipo é o mais raro e pode acontecer em países onde ocorre um aumento significativo de taxa de natalidade.
No Brasil, por ser um país muito diversificado demograficamente, estamos, em geral, caminhando para uma transição. Historicamente, o país teve uma pirâmide etária jovem, mas as mudanças de taxa de natalidade e expectativa de vida nas últimas décadas transformaram um pouco essa análise.
Atualmente, nosso país está em envelhecimento populacional, com uma crescente proporção de idosos na pirâmide etária. No entanto, ainda existem segmentos importantes de jovens e adultos. O aumento da expectativa de vida e a redução da taxa de natalidade têm contribuído para essa transição demográfica.
Embora a pirâmide etária do Brasil esteja caminhando para o envelhecimento, é importante ressaltar que mudanças demográficas podem ocorrer ao longo do tempo devido a diversos fatores, como políticas públicas, avanços tecnológicos, mudanças culturais e socioeconômicas, entre outros.
Como vimos, definir a pirâmide etária de um país é fundamental para entender a sua influência econômica e seus impactos. O etarismo é um desafio social que merece atenção e conscientização para promover uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com todas as faixas etárias. Enquanto isso, a pirâmide etária é uma ferramenta valiosa para entender o panorama demográfico de uma população, destacando a importância de políticas públicas adequadas ao envelhecimento populacional.
Vamos valorizar e respeitar a diversidade etária para progredir como sociedade? Ao combater o etarismo e utilizar dados demográficos para orientar decisões, estaremos mais próximos de construir um futuro mais justo e saudável para todos.