Desde 1991, a Lei nº 8.213, também conhecida por Lei de Cotas, obriga empresas com mais de 100 funcionários a preencher de 2% a 5% das vagas com funcionários reabilitados ou com deficiência, garantindo, assim, o mínimo de diversidade e inclusão no mercado de trabalho.
Mas sabemos que a diversidade e a inclusão vão muito além de cumprir regras apenas para estar de acordo com a lei. Debatido em diversas empresas, aplicar a diversidade pode não ser uma tarefa tão simples, visto que atinge todos os fatores da construção social: idade, nacionalidade, posição social e orientação sexual – e ainda temos muitos preconceitos em relação a esses temas.
Estamos em um mundo globalizado, portanto, diversidade e inclusão vão (e precisam ir) além de respeitar as diferenças. Aqueles que abrem as portas para a inclusão possuem uma equipe muito mais diversificada e rica em talentos únicos, o que melhora o resultado da empresa.
A diversidade e a inclusão são responsáveis pela mudança do futuro do trabalho. Mas, infelizmente, o cenário atual ainda é um pouco distante do ideal: de acordo com a pesquisa realizada pela Grant Thornton, em 2022, apenas 38% dos cargos de lideranças em empresas são ocupados por mulheres no Brasil.
Em queda, a igualdade de gênero ainda não alcançou o mercado de trabalho como deveria. Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres ainda recebem cerca de 20% a menos que os homens.
A diversidade é ainda mais cruel para pessoas pretas. Ainda de acordo com o IBGE, apenas 10,2% dos trabalhadores são pretos, e eles recebem muito menos que pessoas brancas, que ganham cerca de 40,2% a mais por hora trabalhada. Sendo assim: a hora para pessoas brancas é de, em média, R$19,22, e a de pessoas pretas e pardas é cerca de R$11,49.
Como também deve imaginar, a inclusão ainda não está no ideal para pessoas LGBTQIA+. Um levantamento feita pela IAB Brasil com 230 profissionais de 14 estados diferentes que se reconhecem parte da sigla, apontou que a discriminação continua sendo um desafio no trabalho. Dos entrevistados, 41% afirma ter sofrido discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.
- O que é diversidade e inclusão nas empresas?
- Como promover ações de diversidade e inclusão nas empresas?
O que é diversidade e inclusão nas empresas?
Como vimos, foi apenas em julho de 1991 que perceberam a necessidade de promover uma lei que garantisse o mínimo de inclusão e diversidade nas empresas. Mas será que só cumprir a lei basta?
A diversidade abrange as múltiplas características que definem um ser humano, bem como a pluralidade cultural. Por exemplo: diversidade de gênero, idade, orientação sexual, etnia e PcD.
De acordo com o artigo “Os tipos de diversidade que moldam nossas identidades” publicado na Harvard Business Review, existem três tipos de categoria de diversidade, são elas:
- Demográfica: que trata sobre a identidade de origem, como gênero, etnia e idade;
- Cognição: as maneiras diversas que lidamos com as situações cotidianas;
- Experiência: a trajetória que molda nossos aspectos emocionais e define nossas afinidades e habilidades.
Já a inclusão é criar um ambiente propício para receber essa diversidade. Em empresas, ser inclusivo é definir estratégias que possibilitam acolher pessoas e promover condições iguais de desenvolvimento.
Afinal, o que adianta uma empresa promover um quadro de funcionários diversificado, mas não incluí-los adequadamente? Portanto, é fundamental oferecer as mesmas oportunidades de desenvolvimento para todos.
Como promover ações de diversidade e inclusão nas empresas?
Ações de diversidade e inclusão na empresa precisam fazer parte da cultura organizacional, ou seja, do cotidiano.
A seguir, elaboramos algumas ideias para você aplicar na sua empresa. Mas é importante ressaltar que cada ambiente de trabalho funciona de uma maneira. Por isso, faça uma análise do perfil da sua empresa e veja o que pode ser mudado para incluir e diversificar o quadro de funcionários.
Comece pelos processos seletivos
Acreditamos que o primeiro passo para promover a inclusão e a diversidade é começar pelo processo seletivo. Ao contratar seu time de funcionários, você tem dado atenção a essa questão? Para isso, divulgue processos seletivos de forma ampla, crie processos afirmativos com vagas direcionadas para minorias, elimine preconceitos e foque somente nas competências.
Atenção à liderança
Um líder influencia toda equipe. Por isso, ele precisa estar a par da inclusão e diversidade na empresa, bem como promovê-la. Um erro muito comum é achar que a diversidade precisa ser restrita somente ao corpo de funcionários; mas e a liderança?
Engaje com ações sociais
Atrair visibilidade para o projeto de inclusão e diversidade é mais simples quando contamos com a participação dos próprios colaboradores. A ideia é formar comitês com pessoas que representam minorias, assim você não correrá o risco de deixar ninguém de fora.
Promova um ambiente saudável
Do que adianta um quadro de funcionários diversificado se não conseguimos criar um ambiente saudável para eles? Para isso, incentive a comunicação, normalize erros, estimule a colaboração e organize uma rotina de feedbacks.
Construa ambientes acessíveis
Analise a sua empresa e repare: ela é acessível para uma pessoa com dificuldades de locomoção ou tem muitas escadas e degraus que dificultam a mobilidade? É fundamental entender quais ferramentas, acomodações e recursos seus colaboradores diversos precisam.
Priorize o respeito
Uma empresa saudável precisa respeitar as diferenças do outro. Uma maneira de promover o respeito entre os colegas de equipe é promover a empatia. Faça exercícios para que um se coloque no lugar do outro e enxergue as suas dificuldades. Além disso, as pessoas precisam ter suas realidades respeitadas.