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Do rim à visão: veja 10 complicações causadas pelo diabetes

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O diabetes é um grande problema de saúde pública, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), de 2021. Afinal, mesmo tendo início por uma condição no metabolismo, essa doença pode afetar diversas partes do organismo (até mesmo a nossa saúde bucal), e possui complicações graves que representam as principais causas de mortalidade precoce no país. Nos tópicos abaixo, confira 10 problemas mais comuns que podem acometer pessoas com diabetes:

Hiperglicemia

A hiperglicemia é caracterizada pelo nível elevado de açúcar (glicose) no sangue. Essa condição costuma ser o epicentro do diagnóstico de diabetes, visto que a doença apresenta um quadro persistente de hiperglicemia. O nível elevado de açúcar no sangue ocorre devido à falta de insulina no organismo – no caso do diabetes tipo 1 – ou por causa da produção insuficiente ou má absorção do hormônio –no caso do diabetes tipo 2. 

A insulina é responsável por metabolizar o açúcar no sangue, transportando-o até as células para ser transformado em energia. Quando isso não acontece, há um acúmulo de glicose na corrente sanguínea, dando origem à hiperglicemia.

De acordo com a Liga Interdisciplinar de Diabetes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, essa condição provoca sede, fome excessiva, vontade recorrente de urinar, visão borrada e perda de peso, e pode progredir para síndrome hiperglicêmica hiperosmolar não-cetótica, um estado de hiperglicemia grave que gera desidratação e alteração mental. 

A hiperglicemia pode acometer pessoas que ainda não receberam o diagnóstico de diabetes ou que estão com dose inapropriada de insulina ou má aderência ao tratamento. Se ela avançar para um quadro crônico, pode facilitar o surgimento de complicações como nefropatia, neuropatia, pé diabético e AVC, como você lerá a seguir.

Hipoglicemia

Ao contrário da hiperglicemia, a hipoglicemia é marcada pela queda da glicose no sangue, atingindo níveis abaixo do normal. Em pessoas com diabetes, ela é causada, geralmente, pelo uso incorreto de medicamentos que ajudam a controlar a taxa de açúcar na circulação. Pular refeições e consumir bebidas alcoólicas de forma exagerada também podem favorecer a condição.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a hipoglicemia pode causar fome, suor, calafrios, tremores no corpo, tontura, sonolência, fadiga, fraqueza, palidez, visão embaçada, dor de cabeça, sensação de formigamento, dificuldade para pensar, taquicardia, náusea e vômito. Em caso de hipoglicemia grave, quando os níveis de glicose estão inferiores a 54 mg/dL, a pessoa ainda pode sofrer confusão mental, convulsões e ficar inconsciente.

Nefropatia diabética (lesões nos rins)

A nefropatia diabética surge a partir de alterações nos vasos sanguíneos dos rins, que causam perda de proteína na urina. Essa modificação, segundo um artigo publicado no Brazilian Journal of Health Review, está associada à hiperglicemia e à hipertensão arterial sistêmica, e, como explica o Ministério da Saúde, pode ocasionar uma redução progressiva da função renal – que é, resumidamente, filtrar o sangue e eliminar substâncias nocivas à saúde.

As lesões nos rins dificilmente apresentam sintomas precoces, e provocam danos irreversíveis ao órgão, podendo evoluir para uma insuficiência renal crônica terminal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 25% das pessoas com diabetes tipo 1 e de 5 a 10% com diabetes tipo 2 desenvolvem insuficiência nos rins. 

Os principais sinais dessa condição são inchaço dos pés, pálpebras e pernas, alteração na pressão arterial, mudança na composição da urina (marcada pelo aumento de proteínas, ureia e creatinina), fraqueza, palidez, perda de apetite, cansaço, gosto metálico na boca, náuseas e vômito.

Neuropatia diabética

A neuropatia diabética afeta os nervos periféricos, partes do sistema nervoso responsáveis por conduzir tanto os comandos que saem do cérebro quanto os sinais que os outros órgãos enviam a ele. Como indica a Sociedade Brasileira de Diabetes, essa condição pode afetar apenas um nervo, um grupo de nervos ou os nervos do corpo inteiro. 

“Isso provoca diminuição da sensibilidade da pele. Ou seja, o paciente pode se machucar e não sentir dor. Quando isso acontece, as feridas são porta de entrada para infecções”, alerta Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami. 

A neuropatia diabética ainda está ligada ao alto risco de amputação não-traumática – quando não é provocada por fatores externos, como acidentes.

O diabetes causa a neuropatia por conta das alterações nos vasos sanguíneos e no metabolismo que a condição provoca. Os sintomas, além do citado pela médica, podem variar de acordo com os nervos afetados, mas costumam incluir cãibras, fraqueza muscular, redução dos reflexos, inchaço abdominal e dormência.

Pé diabético

Por causa das mudanças vasculares dos membros inferiores e de complicações como a neuropatia diabética, os pés de pessoas com diabetes estão sujeitos a uma série de alterações, denominada de pé diabético. Nessa condição, o paciente não tem sensibilidade nos pés, o que favorece o surgimento de feridas que não cicatrizam e, consequentemente, infecções.

Além da presença constante de ferimentos (e até mesmo de necrose), o pé diabético provoca formigamento, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, e fraqueza na região. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Regional São Paulo, o pé diabético é responsável pela maioria das amputações de pés que não são causadas por acidentes. 

 Ataque cardíaco

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, pessoas com diabetes possuem o dobro de chances de sofrer um infarto agudo do miocárdio, comumente conhecido como ataque cardíaco. Isso porque o diabetes eleva os níveis de glicose no sangue, que, quando associado à alterações no colesterol e na pressão arterial, podem provocar a obstrução de vasos sanguíneos ligados a órgãos vitais, como o coração e o cérebro.

Ao obstruir o vaso associado ao coração, conforme mostra o Ministério da Saúde, ocorre a formação de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo de maneira repentina e intensa, causando a morte de algumas células do órgão. A manifestação principal de um ataque cardíaco é uma dor ou desconforto no peito, que pode se estender para as costas, rosto e, geralmente, para o braço esquerdo.

Além da dor, é comum apresentar palidez, falta de ar, suor frio e sensação de desmaio. Em pessoas com diabetes, porém, o ataque pode acontecer sem sinais específicos, o que aumenta a importância de procurar ajuda médica durante qualquer mal-estar súbito. 

 Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Assim como o ataque cardíaco, o acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral ou isquemia, surge a partir da obstrução de vasos sanguíneos conectados a órgãos vitais – mas, dessa vez, especificamente ao cérebro.

A Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares faz um alerta para os riscos do AVC. Afinal, essa é a segunda doença que mais mata os brasileiros, além de ser a principal causa de incapacidade no mundo, considerando que cerca de 70% das pessoas que sofrem essa complicação não conseguem retornar ao trabalho, e 50% necessitam de ajuda diária.

O acidente vascular cerebral pode acontecer em decorrência de um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo em determinada região do cérebro (AVC isquêmico) ou por um sangramento dentro ou ao redor do órgão (AVC hemorrágico). Os sinais de que uma pessoa está tendo um AVC têm início súbito, e incluem dor de cabeça, fraqueza, formigamento em algumas partes do corpo, confusão mental, alteração na visão e no equilíbrio, e boca torta ao falar.

 Infecções

O diabetes favorece o surgimento de infecções por diversos fatores. A presença constante e em excesso de glicose (hiperglicemia) pode prejudicar o sistema imunológico, pois tira a eficiência dos glóbulos brancos – que combatem os corpos invasores no organismo, como vírus e bactérias. Assim, as chances de a pessoa com diabetes contrair doenças infecciosas, como gripes e resfriados, aumentam. 

Segundo o Ministério da Saúde, a hiperglicemia ainda contribui para a proliferação de fungos e bactérias nos pés (pé diabético), nos pulmões, na pele (pela dificuldade de cicatrização), genitais, área de incisão cirúrgica, boca e gengiva.

Periodontite

Como dito anteriormente, o diabetes propicia a propagação de bactérias na boca. Não à toa que pessoas com a doença possuem 2,5 vezes mais chances de possuir periodontite, de acordo com a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes. Essa doença começa com um acúmulo de placa bacteriana sobre os dentes que penetra o espaço entre o dente e a gengiva e, dependendo do caso, entra na corrente sanguínea.

Isso provoca um processo inflamatório nos dentes e no corpo todo, o que pode dificultar ainda mais a absorção de insulina, principalmente em pessoas que possuem diabetes. A periodontite se manifesta através de mau hálito, sangramentos na boca ao escovar os dentes ou durante a mastigação, retração gengival e gengivas sensíveis, inchadas, e vermelhas ou roxas.

Problemas na visão 

“O diabetes causa complicações microvasculares. Esses microvasos estão presentes nos olhos. Acontecem lesões no fundo do olho e na retina por conta da hiperglicemia crônica”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami. Essas lesões, também chamadas de retinopatia diabética, surgem a partir de pequenos sangramentos na região. “Uma das consequências finais é a cegueira”, completa a especialista.

O excesso de açúcar no sangue ainda colabora para o surgimento de cataratas, quando a parte atrás da íris fica opaca e deixa a visão embaçada; glaucoma, que são lesões no nervo ótico que comprometem o campo visual; e edema macular, um acúmulo de fluidos e proteínas na parte central da retina, deixando-a mais inchada e espessa.

Importância de tratar o diabetes

Como podemos perceber, as complicações do diabetes podem ser graves e irreversíveis, e surgem, na maioria das vezes, pela falta de controle da doença. Por isso, é muito importante seguir o tratamento corretamente e fazer acompanhamento regular com o médico para avaliar a eficácia dos métodos seguidos.

O tratamento envolve diversos fatores, como reposição de insulina (principalmente para o diabetes tipo 1) e uso de medicamentos que ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue – os dois métodos devem ser prescritos por um médico. Contudo, a principal forma de controlar a doença é por meio de hábitos de vida saudáveis, como exercícios físicos e alimentação equilibrada.
E não se esqueça de cuidar da saúde mental! Pessoas com diabetes têm mais chances de desenvolver depressão, como mostra um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review. Fazer acompanhamento psicológico ajuda a seguir o tratamento com mais disciplina e é essencial para melhorar a qualidade de vida.

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