A vitamina D, ou “vitamina do sol”, como também é conhecida, é essencial para fortalecer o sistema imunológico, além de ajudar na absorção de nutrientes como cálcio e fósforo. Quando há falta de vitamina D, porém, o organismo fica suscetível a diversas doenças.
“A vitamina D atua na imunidade, tendo um papel na redução dos riscos de doenças autoimunes e infecciosas. Também reduz o risco de desenvolver certos tipos de câncer e diabetes mellitus”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.
Para saber se esse nutriente está em falta, é preciso ter atenção aos níveis recomendados. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o valor de referência para a população geral é maior do que 20 ng/mL, sendo entre 30 e 60 ng/mL para grupo de risco, como idosos e gestantes.
Quando esses valores não são atingidos, é caracterizada uma falta de vitamina D. Para saber mais sobre o que causa esse déficit, quais são os sintomas e riscos à saúde e o que fazer para solucioná-lo, consulte os tópicos a seguir:
- O que causa falta de vitamina D?
- Sintomas da falta de vitamina D
- Doenças causadas pela falta de vitamina D
- Falta de vitamina D e COVID-19
- Como aumentar a vitamina D
O que causa falta de vitamina D?
A principal causa da falta de vitamina D é a exposição solar inadequada. Afinal, hoje em dia, passamos mais tempo em ambientes fechados (como escolas e escritórios) do que ao ar livre, o que prejudica o contato saudável com o sol.
Esse déficit também é bastante recorrente no inverno, quando tomamos menos sol e cobrimos mais o corpo, impedindo que os raios UVB – responsáveis pela produção de vitamina D – penetrem a pele.
A vitamina D ainda pode ser adquirida por meio da alimentação. Então, pessoas com dietas que não contemplam alimentos como peixes, fígado, frutos do mar, gema de ovos, leite e derivados podem ter esse nutriente em níveis abaixo do ideal.
Condições que afetam a absorção de nutrientes pelo intestino – como infecções e problemas gastrointestinais, como gastrite e refluxo, além de cirurgia bariátrica – também podem causar falta de vitamina D.
Além disso, há pessoas que não conseguem produzir a vitamina D de forma ativa, principalmente as que possuem doenças renais, hepáticas e hereditárias raras. Por fim, alguns medicamentos, como os anticonvulsivantes, também atrapalham a síntese desse nutriente.
Sintomas da falta de vitamina D
Em alguns casos, a falta de vitamina D pode ser assintomática; ou seja, não ter nenhum sintoma. Mas, dependendo do quadro clínico, podem surgir sintomas como:
- Fadiga;
- Imunidade baixa;
- Dificuldade de cicatrização;
- Problemas para dormir;
- Fraqueza muscular;
- Espasmos musculares;
- Dor nos músculos e nos ossos;
- Agravamento da osteoporose;
- Atraso na primeira dentição (em crianças);
- Pernas arqueadas (em bebês);
- Achatamento dos ossos pélvicos (adolescentes).
Os sintomas relacionados à parte óssea (ossos e dentes) acontecem devido a participação significativa da vitamina D na absorção e equilíbrio dos níveis de cálcio no organismo. Quando essa vitamina está em falta, a absorção do cálcio fica comprometida, deixando a pessoa mais suscetível a desenvolver problemas ósseos.
Para diagnosticar a falta de vitamina D é necessário realizar exames de sangue, que irão detectar os níveis do nutriente presente no organismo – além de avaliar os níveis de cálcio e fosfato. Se houver suspeita de alterações ósseas em decorrência de deficiência de vitamina D, o especialista ainda pode pedir radiografias.
Doenças causadas pela falta de vitamina D
A falta de vitamina D pode deixar o organismo mais vulnerável a desenvolver algumas doenças, como raquitismo (exclusivamente em crianças), osteomalácia, osteoporose, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e depressão.
Raquitismo
O raquitismo é uma doença que interfere no desenvolvimento ósseo infantil. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, essa condição associada a falta de vitamina D pode provocar atraso do crescimento e desenvolvimento motor, nascimento tardio dos primeiros dentinhos, alargamento dos punhos e tornozelos, e alterações no crânio. Sintomas como irritabilidade e sudorese também são observados.
Osteomalácia
A osteomalácia, por sua vez, é uma doença que afeta adolescentes, adultos e idosos, caracterizada pela mineralização da matriz dos ossos, deixando-os frágeis por causa da perda de massa óssea.
Como a falta de vitamina D influencia na absorção de cálcio, também ocasiona o surgimento de osteopenia e osteoporose e aumenta o risco de fraturas.
AVC
Agora, como a falta de vitamina D pode ter relação com um acidente vascular cerebral (AVC)? Segundo uma publicação do livro “Saúde em Foco: temas contemporâneos”, a vitamina D possui um efeito neuroprotetor. Então, quando essa proteção é prejudicada, a pessoa fica mais exposta a condições neurovasculares.
Uma pesquisa feita com 96 pacientes que sofreram um AVC observou que as áreas de tecido cerebral morto devido a obstrução de sangue foi cerca de duas vezes maior naqueles com níveis inadequados de vitamina D. Foi constatado também que esses pacientes têm menos chances de uma recuperação saudável nos três primeiros meses após o acidente.
Insuficiência cardíaca
Há evidências de que a deficiência de vitamina D pode ocasionar o aumento da produção e liberação de substâncias inflamatórias que afetam o miocárdio.
Falta de vitamina D e depressão
A depressão também faz parte do grupo de doenças causadas pelo déficit de vitamina D. Um artigo publicado no BioMed Central reuniu diversos estudos que relacionam as duas condições e notou que a falta de vitamina D aumenta as taxas de depressão em 8 a 14%.
Isso porque a vitamina D atua em áreas do cérebro ligadas a depressão, como o córtex pré-frontal e o hipotálamo, além de proteger o cérebro da redução dos neurotransmissores dopamina e serotonina – sintoma comum da depressão.
Ou seja, quando a vitamina D está em falta no organismo, a pessoa fica mais vulnerável a desenvolver depressão.
Falta de vitamina D e COVID-19
Um estudo publicado no The Journal of the American Medical Association, feito com 489 participantes, percebeu que pessoas com falta de vitamina D tem 1,77 vezes mais chances de serem infectadas pelo novo coronavírus, devido a atuação ativa do nutriente no sistema imunológico. Entretanto, ainda não há estudos suficientes para analisar o papel da vitamina D no tratamento ou na prevenção da COVID-19.
Como aumentar a vitamina D
Como uma das principais causas de falta de vitamina D é a exposição solar inadequada, o primeiro passo para aumentar os níveis desse nutriente é ficar mais tempo sob o sol. A recomendação é deixar braços, pernas, rosto e mãos expostos à luz solar direta por cinco a 15 minutos, pelo menos três vezes por semana.
Esse período, no entanto, deve ser maior para algumas pessoas, especialmente idosos (por causa da dificuldade de absorver a vitamina) e grávidas e lactantes – afinal, o leite materno é a principal fonte de vitamina D para os bebês.
Cuidar da alimentação também é essencial. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido indica incluir na dieta peixes oleosos, como salmão e sardinha, carne vermelha, gemas de ovos e alimentos fortificados com vitamina D.
Outra opção, especialmente para quem não consome produtos de origem animal, é a suplementação de vitamina D. Vale destacar que a quantidade de suplemento deve ser recomendada e orientada por um profissional da saúde.