Repique, segunda onda… Não importa o nome utilizado. O fato é que, nas últimas semanas, o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus voltou a subir no Brasil, assim como o número de internações e a média móvel de mortes. Ao mesmo tempo, são cada vez mais frequentes cenas de grandes aglomerações em ruas, praias e eventos de diferentes naturezas.
Com esse cenário e considerando a proximidade com as festas de fim de ano, levantamos alguns pontos relevantes para reforçar a mensagem: ainda não é o momento de descuidar diante da pandemia.
A 2ª onda de Covid-19 na Europa
Só em novembro, mais de 5 milhões de pessoas foram infectadas e cerca de 91 mil morreram na União Europeia. Esse número de mortes foi o mais alto em um mês desde o início da crise provocada pela doença.
Tudo isso foi resultado do afrouxamento das medidas de precaução. Com a queda do número de casos e a chegada do verão europeu (entre os meses de junho e setembro), o relaxamento foi natural na Europa não só por parte das pessoas, mas também das autoridades em relação às medidas anteriormente adotadas.
Aliado a isso, havia ainda uma pressa natural de retomada da “vida normal” por questões econômicas – a Europa enfrenta a sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial por causa da pandemia.
Assim, voltaram as viagens e as idas às praias, restaurantes e outros pontos turísticos. As festas e eventos, reunindo um grande número de pessoas, também.
A consequência foi um novo avanço da doença, trazendo de volta as cenas de hospitais lotados, as equipes assistenciais sobrecarregadas e grande número de infectados e mortos.
Com isso, o retorno de ações restritivas como o lockdown, fechamento de estabelecimentos e até toques de recolher entraram novamente em vigor em países como Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Itália e Portugal.
Os possíveis ganhos econômicos acabaram sendo engolidos pela segunda onda da Covid-19.
Agora, já no outono, os europeus se preocupam com a chegada das temperaturas mais baixas e com as tradicionais festas de fim de ano – onde as reuniões em grupos são ainda mais frequentes que em outras épocas.
Apesar de não enfrentarmos o inverno por aqui, as datas festivas geram igual preocupação.
Aumento do número de jovens infectados
O Natal e o Ano-Novo são, sim, uma preocupação. E não só pela questão da aglomeração que essas datas costumam motivar. É que a segunda onda de Covid-19 tem uma nova característica: o aumento do número de infecções entre os mais jovens.
Com base nos dados fornecidos pelo governo de São Paulo, uma reportagem no portal Terra mostrou que a incidência do coronavírus entre jovens de até 29 anos teve o maior aumento entre todas as faixas etárias desde que a pandemia começou.
Em junho, as pessoas com até 29 anos correspondiam a 20% dos casos positivos para a doença; de setembro para cá, já representam 27% do total de infectados.
E o número só tende a crescer, já que esse aumento de casos de Covid-19 na juventude é uma tendência que também pode ser observada em outras capitais brasileiras e em outros países.
Nos Estados Unidos, um relatório divulgado em outubro pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) mostrou um aumento de 55% de casos entre jovens de 18 a 22 anos.
É verdade que, quando falamos em casos fatais, essa faixa etária é a menos atingida. O maior problema, no entanto, é que os mais jovens podem servir como vetores da doença para familiares mais velhos e outras pessoas que fazem parte do grupo de risco.
O perigo é ainda maior se pensarmos nas reuniões de fim de ano. E é necessário ponderar: será que não é válido termos o Natal que for viável em 2020, respeitando as medidas sanitárias e o distanciamento social, para que possamos aumentar as chances de ter outros Natais pela frente?
“Há algumas semanas, ouvi uma frase muito interessante de um infectologista”, conta Giselle Diniz, Chief Medical Officer da Sami. “Ele disse: se você quiser comemorar o Natal de 2021 com sua família, não comemore o de 2020.”
Ela reforça ainda que o momento é de cautela e que, num ano como esse, as adaptações são necessárias para evitarmos o pior:
“Entendo que não precisamos deixar de comemorar o Natal, mas que estejam conosco apenas as pessoas que moram em nossa casa, o que chamamos de ‘bolha afetiva’. Num momento em que o espírito de Natal nos chama para espalhar amor, em 2020, amar significa proteger muito quem amamos. Infelizmente, o número de jovens, entre 20 e 40 anos, acometidos pelo COVID tem chamado muito a atenção e são esses que levam o vírus para as casas e para as pessoas do grupo de risco. A vacinação no Brasil parece mesmo estar próxima, mas ainda não é uma realidade. Assim, a necessidade de nos mantermos isolados é mesmo muito importante”, alerta.
A gente sabe o quanto é ruim estar há tanto tempo em isolamento e que a pressão é grande – principalmente entre os jovens – para retomar atividades sociais como festas, baladas, confraternizações de fim de ano.
Mas é necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade de socialização e a necessidade de preservação da vida – nossa e das outras pessoas que nos cercam.
“Será um Natal diferente, mas isso não significa que não possa ser alegre”, declarou o Dr. Hans Kluge, diretor regional do escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa.
Por isso, separamos algumas dicas para minimizar os riscos de contaminação pelo coronavírus nas festas de fim de ano.
14 dicas para evitar riscos no Natal e ano-novo em tempos de pandemia
Confira algumas medidas que podem ajudar a diminuir os riscos da pandemia nas festas de confraternização:
- O ideal mesmo é que as reuniões com amigos e familiares não acontecessem, pois não há como serem 100% seguras. Mas se acontecerem, é importante que elas tenham número menor de participantes.
- Tenha atenção redobrada com pessoas idosas ou com doenças crônicas.
- Evite se reunir com núcleos de pessoas de outras residências. Use os recursos tecnológicos para encurtar as distâncias e reúna as pessoas queridas em chamadas de vídeo ou até reuniões online.
- Qualquer reunião de pessoas representa um risco. Por isso, não esqueça de adotar medidas de segurança: uso de máscara, distanciamento mínimo de 1,5m a 2m entre as pessoas e nada de beijos e abraços.
- Dê preferência a ambientes bem ventilados e mantenha as janelas abertas. Varandas e quintais podem ser boas alternativas.
- Pessoas com qualquer sintoma da doença não devem participar da reunião. Assim, quem apresentar coriza, febre, tosse e dor de garganta deve ficar em isolamento social.
- Limpe superfícies e objetos tocados com frequência com solução clorada ou álcool 70% (gel ou líquido).
- Não compartilhe copos, talheres e outros utensílios. Se puder, use marcadores de copos e taças para facilitar a identificação e ainda dar um ar mais leve ao cuidado.
- A hora das refeições é a mais delicada, já que o uso de máscaras não é possível. Todo cuidado é pouco nesses momentos.
- Antes de servir a comida, é importante que todos lavem bem as mãos com água e sabão.
- Evite o uso de utensílios como pegadores e talheres compartilhados para servir. Se não tiver jeito, é importante que sejam higienizados após cada utilização.
- Vai comprar presentes? Dê preferência às compras online, evitando espaços e centros comerciais lotados.
- Diminua o consumo de bebidas alcoólicas, pois elas podem facilitar o relaxamento e, consequentemente, o descuido em relação às medidas de prevenção.
- E na hora de brindar? Bom, esse ano, é recomendável evitar o famoso tin-tin, já que nessas horas, as pessoas costumam se aproximar e falar mais alto, expelindo gotículas de saliva que podem causar contaminação.
Fonte: dicas produzidas a partir de conteúdos disponíveis no site da Fundação Oswaldo Cruz
Para encerrar, a gente traz uma frase do ambientalista Bill McKibben, que ajuda a dar força para o momento:
“Não existe um Natal ideal; apenas aquele Natal que você decide fazer como um reflexo de seus valores, desejos, afeições, tradições ”.
Para 2020, nossas festas devem refletir a cautela e o cuidado acima de tudo. 😉