Você conhece o Dezembro Vermelho? Esse mês simboliza a atenção ao HIV, uma sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana. Mais do que conscientizar, a campanha também tem o objetivo de acolher indivíduos soropositivos – termo utilizado para indicar que a pessoa é portadora do vírus.
Segundo o Ministério da Saúde, a incidência de novos casos de HIV está cada vez maior entre os jovens de 20 a 34 anos, o que vem preocupando as autoridades de saúde. Para quem era adolescente ou adulto na década de 1980, isso pode parecer um flashback, pois foi nesse período que o Brasil teve seu primeiro caso de AIDS, seguido de um surto da doença.
Naquela época, o assunto era visto de maneira extremamente preconceituosa e excludente. Mais de 40 anos depois, no entanto, ainda encontramos muitos tabus e mitos sobre a AIDS e o HIV. Por isso, não somente neste momento, como em todos os outros dias do ano, é fundamental falar sobre a condição e levar informação de qualidade para mais e mais pessoas.
Se tem dúvidas sobre o vírus da AIDS, quer aprender a abandonar os preconceitos que ainda cercam a doença e entender como realmente é a vida dos soropositivos, esse conteúdo é para você! Confira os tópicos a seguir:
- Qual a diferença entre HIV e AIDS?
- Formas de transmissão do HIV
- Quais os sintomas o HIV provoca no organismo?
- Sintomas da AIDS
- Como prevenir a infecção pelo HIV?
- Como saber se um indivíduo é soropositivo?
- Janela imunológica do HIV: o que é?
- Existe cura?
- Soropositivos sofrem discriminação no mercado de trabalho
- Preconceito soropositivos
- Mitos sobre HIV e AIDS
Qual a diferença entre HIV e AIDS?
Muitas pessoas podem achar que HIV e AIDS são doenças diferentes, mas não é bem assim. HIV é o nome dado ao vírus que origina a AIDS, conhecido cientificamente como vírus da imunodeficiência humana.
Esse vírus pode invadir o organismo através do contato com sangue ou fluídos de uma pessoa infectada. É dessa forma que o indivíduo começa a ser considerado soropositivo e, mesmo sem apresentar sintomas, pode infectar outros indivíduos.
A AIDS, por sua vez, é conhecida como síndrome de imunodeficiência adquirida, diagnosticada quando o vírus HIV se multiplica no organismo. A doença atinge o sistema imunológico, fazendo com que ele deixe de defender o corpo contra agentes invasores. Por isso, é comum que pessoas com a doença desenvolvam complicações graves a partir de enfermidades relativamente simples, como gripes e infecções urinárias.
Resumindo: quem é portador do vírus não necessariamente tem AIDS – pois o mesmo pode permanecer adormecido por anos sem manifestar a doença. Mas, para que uma pessoa desenvolva AIDS, é preciso que ela tenha contraído o vírus do HIV.
Formas de transmissão do HIV
Mesmo sem desenvolver a doença, quem tem o vírus HIV pode transmiti-lo para outras pessoas. Esse contágio pode ocorrer através de:
- Transfusão de sangue contaminado;
- Relações sexuais sem uso de preservativo, incluindo sexo vaginal, oral e anal. Isso faz com que a doença seja classificada com uma infecção sexualmente transmissível (IST);
- Maternidade – quando a mãe é soropositiva, pode passar para o filho durante a gravidez, amamentação ou até mesmo no parto;
- Compartilhamento de instrumentos perfurocortantes sem esterilização, como, por exemplo, alicates de unha, espátula ou seringas.
Quais sintomas o HIV provoca no organismo?
Existem pessoas que vivem anos com o vírus sem apresentar sintomas, mas isso não significa que o vírus esteja sendo eliminado do corpo. Pelo contrário. A doença se multiplica silenciosamente.
Dessa forma, o funcionamento do sistema imune é afetado gradualmente, caminhando para o desenvolvimento da AIDS. Nesse estágio, é comum que a pessoa tenha episódios recorrentes de garganta inflamada, dor de cabeça, febre baixa, cansaço excessivo, ínguas inflamadas, diarreia e feridas na boca.
Quanto antes a detecção for feita, melhor. Isso porque na fase inicial é mais fácil de controlar o vírus, além de impedir a sua disseminação.
Sintomas da AIDS
Quando o quadro se agrava, evoluindo para um diagnóstico de AIDS, a pessoa pode apresentar:
- Febre alta com frequência;
- Dificuldade para respiração;
- Feridas na região genital;
- Manchas na pele;
- Tosse constante;
- Perda de peso.
Nesta condição, também é comum que o paciente tenha infecções recorrentes, como candidíase e pneumonia.
Como prevenir a infecção pelo HIV?
Atualmente a prevenção da infecção pelo HIV pode se dar de diferentes formas:
- Uso de preservativo desde o início da relação sexual
- Profilaxia pós-exposição (PEP): uso de medicação antirretroviral após uma situação onde tenha risco de contato com o vírus, como por exemplo: acidente com sangue infectado, escape ou rompimento do preservativo, relação sexual desprotegida ou caso de violência sexual. Nesses casos, o tratamento deve iniciar o mais precoce possível. Tem maior eficácia quando iniciado até 2 horas e no máximo até 72 horas após o contato e deve ser mantido por 28 dias.
- Profilaxia Pré-Exposição (PrPE) se dá com o uso contínuo do medicamento por pessoas que não têm o vírus. É indicado para quem tem grande risco de se infectar, como por exemplo, trabalhadores do sexo, parcerias sorodiferentes (casais onde um é portador do vírus e o outro não).
- Prevenção da transmissão vertical: a testagem para o HIV está nos exames de pré-natal, pois o tratamento adequado previne que o bebê contraia o vírus. É necessário também que o bebê use medicação no primeiro mês de vida e, nesses casos, a amamentação é contra-indicada.
A realização do teste também pode ser caracterizada como prevenção se pensarmos que, ao ser diagnosticada, a pessoa iniciará o tratamento.
Todo o tratamento para o HIV, inclusive o PrPE e o PEP, é ofertado pelo SUS.
Como saber se um indivíduo é soropositivo?
No Brasil, contamos com exames laboratoriais e testes rápidos que são responsáveis por detectar os anticorpos contra o HIV depois da janela imunológica. O diagnóstico é realizado por fluido oral ou sangue.
E não se preocupe: dá para fazer esse exame de forma anônima. E se o resultado confirmar a presença do vírus, busque o tratamento adequado. Afinal, tratar essa doença no tempo certo oferece uma qualidade de vida muito melhor do que antigamente, sendo possível levar uma vida sem grandes preocupações.
Janela imunológica: o que é?
Essa parte pode ser mais complicada de entender, mas vamos simplificar! A janela imunológica refere-se a, basicamente, o período entre o contato infeccioso com um soropositivo e o tempo que o corpo leva para produzir os anticorpos necessários para combater a infecção – a ponto de serem identificados no exame laboratorial.
A janela imunológica do HIV é de 30 dias. Portanto, é preciso aguardar 30 dias após a situação de risco para que o vírus seja detectado por meio do teste. A atenção ao prazo é essencial para evitar um resultado falso negativo.
Existe cura?
Infelizmente ainda não há uma maneira de eliminar o vírus totalmente do organismo. Contudo, nos dias de hoje, o acesso aos testes e medicamentos para controlar o HIV e tratar a AIDS possibilitam que o paciente viva com a doença.
Mas não é porque conquistamos todo este avanço que devemos nos descuidar. As consequências da AIDS podem ser graves, sem contar que a contaminação ainda é um perigo eminente. Ou seja, o autocuidado deve ser prioridade. Por isso, use preservativos e evite o compartilhamento de objetos de risco.
Soropositivos sofrem discriminação no mercado de trabalho
Uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) comprovou que, mesmo com o progresso nos tratamentos e controle da AIDS, pessoas soropositivas apresentam dificuldades em progredir profissionalmente e manter seu emprego.
O tratamento garante uma vida saudável aos soropositivos, mas ainda assim não é o suficiente para acabar com o preconceito no local de trabalho. Ainda sobre a pesquisa, ela mostrou que tal discriminação acontece tanto por parte de colegas quanto de chefes.
Consegue perceber o motivo de tantas pessoas sentirem medo e vergonha de assumir o quadro clínico? Além de afetá-las psicologicamente, existe o receio de colocar a vida profissional em risco – o que não deveria acontecer. Afinal, essas pessoas podem e devem continuar conquistando sonhos e lutando por tudo que querem.
Preconceito contra pessoas soropositivas
A doença começou a preocupar todas as autoridades da saúde pública na década de 1980, quando “misteriosamente” a AIDS surgiu em cinco continentes, infectando cerca de 300 mil pessoas. Foi uma epidemia generalizada!
Inicialmente, essa enfermidade era considerada uma sentença de morte, sendo associada somente a pessoas LGBTQIAP+, gerando muita discriminação. Havia indivíduos que, além de não se relacionarem com soropositivos, não comiam no mesmo prato que eles e desdenhavam de sua presença.
Por isso, há anos atrás, apresentar esse diagnóstico poderia ser considerado sinônimo de vergonha.
Mitos sobre HIV/AIDS
Mesmo com as descobertas científicas e avanço nas estratégias de prevenção e controle da doença, ainda há quem acredite nos mitos sobre HIV/AIDS, como:
- HIV é transmissível por beijo;
- É possível saber que uma pessoa é soropositiva porque fica muito magra;
- Transmitir HIV é crime;
- Ter relações sexuais com uma pessoa soroposita, mesmo usando preservativo, causa infecção;
- Soropositivos não podem ter filhos.
Se já ouviu ou até mesmo acreditou em alguma dessas frases acima, que eram super faladas entre os anos 80, 90 e até no início de 2000, você está equivocado. Desde que a doença esteja controlada, pessoas com HIV podem se relacionar e construir uma família normalmente. É possível ter qualidade de vida independente da situação!
Índice
- 1 Qual a diferença entre HIV e AIDS?
- 2 Formas de transmissão do HIV
- 3 Quais sintomas o HIV provoca no organismo?
- 4 Sintomas da AIDS
- 5 Como prevenir a infecção pelo HIV?
- 6 Como saber se um indivíduo é soropositivo?
- 7 Janela imunológica: o que é?
- 8 Existe cura?
- 9 Soropositivos sofrem discriminação no mercado de trabalho
- 10 Preconceito contra pessoas soropositivas
- 11 Mitos sobre HIV/AIDS