Tem incômodo mais irritante do que aquela coceira que não para por nada? A dermatite alérgica, ou dermatite de contato alérgica, possui um nome bastante autoexplicativo. Isso porque ela é caracterizada por uma reação alérgica que surge após o contato com alguma substância identificada como invasora pelo sistema imunológico.
Geralmente essa substância é proveniente de cosméticos, como perfumes e produtos de higiene; metais, como anéis, brincos e colares; e látex, presente em preservativos e luvas, por exemplo. “A dermatite alérgica de contato pode atingir até 20% das crianças, sendo rara nos primeiros meses de vida. A prevalência de casos aumenta com a idade”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.
Dependendo do agente causador, a dermatite alérgica pode ser considerada uma doença ocupacional, quando a substância está inserida no ambiente de trabalho. É o caso de pessoas que trabalham em salões de beleza e precisam entrar em contato com produtos para cabelo ou esmaltes, ou em atividades mecânicas, e mexem com graxas e afins, por exemplo.
Essa condição provoca bastante desconforto e precisa de diagnóstico profissional para receber o tratamento adequado. Confira os tópicos abaixo e saiba mais sobre o que é e como prevenir a dermatite alérgica:
- O que é dermatite alérgica (de contato)?
- Causas para dermatite alérgica
- Sintomas de dermatite alérgica
- Como diagnosticar?
- Como se pega dermatite alérgica?
- Tratamento para dermatite alérgica
- Como prevenir a dermatite alérgica
O que é dermatite alérgica (de contato)?
A dermatite alérgica, ou dermatite de contato alérgica, como também é conhecida, é uma reação inflamatória na pele após exposição repetida a algum produto ou substância, como perfumes, cremes hidratantes, esmaltes de unha, medicamentos de uso tópico, etc. Essa lesão pode ser apenas local ou se estender para outras partes.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), esse tipo de dermatite pode demorar meses ou até anos para acontecer após o contato inicial com o alérgeno. Isso ocorre devido às ações do sistema de defesas do organismo. Felizmente, essa condição não oferece sérios riscos à saúde. Mas se não for tratada adequadamente pode causar bastante desconforto e até mesmo infecções de pele.
Causas para dermatite alérgica
Existem algumas substâncias que podem causar essa reação de hipersensibilidade do sistema imune. As principais são:
- Plantas;
- Medicamentos tópicos, como antibióticos, anestésicos e antifúngicos;
- Metais, como níquel ou outros presentes em bijouterias, relógios, roupas ou calçados;
- Borracha, incluindo látex, presente em luvas, preservativos, balões e cateteres;
- Cosméticos, como perfumes, desodorantes, shampoos, condicionadores, cremes hidratantes, tintas para cabelo e esmaltes de unhas;
- Roupas e tecidos sintéticos;
- Detergentes e solventes;
- Adesivos;
- Cimento, óleos, graxas e tinta de parede.
Compostos como cimento, graxas, solventes, tinta de parede e até detergente e alguns cosméticos estão diretamente relacionados ao trabalho e, nesse caso, caracterizam a dermatite alérgica como uma doença ocupacional.
Ao penetrar o tecido da pele pela primeira vez, essas substâncias podem não ser reconhecidas pelo sistema imunológico, o que as tornam partículas estranhas no corpo e que precisam ser combatidas.
Depois de ganharem esse “registro” de invasoras, quando elas entram em contato com a pele novamente, as defesas do organismo já as reconhecem e se preparam para atacá-las, o que dá origem aos sintomas locais, como coceira e ardência.
Sintomas de dermatite alérgica
Os sintomas da dermatite alérgica são locais, ou seja, se manifestam na pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), os principais sinais dessa reação inflamatória são:
- Coceira intensa;
- Irritação (sensação de queimação ou ardor);
- Vermelhidão local;
- Inchaço;
- Manchas escuras ou avermelhadas;
- Pele seca ou rachada;
- Descamação da pele;
- Bolhas vermelhas ou brancas (às vezes preenchidas por um líquido);
- Sensibilidade local;
- Pequenas crostas na pele, na região de contato.
Esses sintomas costumam causar bastante desconforto e aumentar a intensidade de dois a três dias após o contato com o alérgeno, apresentando uma melhora em cerca de 2 a 4 semanas. Mas, se mesmo após esse período os sinais continuarem ou se estenderem a outras partes do corpo, é fundamental consultar um profissional da saúde novamente.
Uma boa maneira de aliviar a coceira, por exemplo, além de seguir à risca o tratamento indicado pelo médico, é aplicar gaze ou um pano fino embebido em água fria ou solução de burow (acetato de alumínio) durante uma hora, e várias vezes ao dia. Essa prática ameniza a coceira – que pode ser a porta de entrada para infecções – e ainda ajuda na recuperação cutânea.
Como diagnosticar?
Ao observar os sintomas característicos da dermatite alérgica, lembre-se de anotar ou guardar o componente causador da reação e procurar um time de saúde. Os profissionais podem realizar um teste alérgico de contato, também chamado de patch-test.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, esse teste consiste em aplicar cerca de 30 a 40 substâncias na pele das costas através de adesivos, que ficam em contato com a região por 48 horas. Depois desse período, se observa quais causaram ou não alergia. E é a partir desse resultado que a causa e o tratamento da dermatite alérgica são definidos.
Como se pega dermatite alérgica?
A dermatite alérgica não é uma doença contagiosa. Isso significa que ela não é transmitida de uma pessoa para outra. Sendo assim, não é possível pegar dermatite alérgica. O que acontece é uma reação inflamatória própria do organismo a determinadas substâncias, como medicamentos, cosméticos, metais (presentes em bijuterias), detergentes e mais.
Por isso, para desenvolver dermatite de contato alérgica, é necessário ter hipersensibilidade natural a algum desses componentes.
Tratamento para dermatite alérgica
Antes de definir o tratamento, é preciso entender a origem, a gravidade e a extensão da inflamação. isso vai ajudar a escolher a melhor estratégia para o quadro, se serão apenas medidas locais ou com medicações via oral ou injetáveis.
Mas, de modo geral, a primeira etapa para tratar a dermatite de contato alérgica inclui higienização com água, a fim de remover vestígios do alérgeno responsável pela irritação. Se as lesões estiverem na fase aguda (recentes), uma ótima opção é usar compressas úmidas, secativas e/ou antissépticas.
Se a pessoa estiver com coceira muito forte ou o quadro evoluiu para formas mais graves, pode ser indicado o uso de medicamentos (antialérgicos orais ou corticosteróides orais ou injetáveis) prescritos pelo profissional da saúde. Depois da fase aguda, a pele tende a ficar mais seca e sensível. Para esse período, o ideal é aplicar hidratantes que auxiliam na reparação e proteção cutânea.
Para tratar a dermatite alérgica é sempre importante consultar um profissional da saúde. Não se automedique ou se deixe levar por “soluções mágicas” indicadas por conhecidos; o tratamento é personalizado e se não for feito da forma correta pode agravar a condição.
Como prevenir a dermatite alérgica
A prevenção da dermatite de contato alérgica consiste em evitar o agente alérgeno. Por isso é importante ter o diagnóstico exato da substância causadora. As orientações incluem limpar bem a pele e trocar os produtos que causam irritação, como no caso dos cosméticos – para isso, observe os rótulos ou até mesmo entre em contato com o fabricante para obter informações mais detalhadas.
Caso a dermatite alérgica seja ocupacional e não exista a possibilidade de trocar os produtos utilizados no trabalho, como no caso de pessoas que trabalham com mecânica, salão de beleza e materiais de construção, uma boa alternativa é utilizar luvas de proteção.
Para evitar que o suor piore os sintomas, tente fazer “pausas” sem as luvas para a mão respirar, além de usar luvas de algodão por baixo das de borracha, para não irritar a região – especialmente se uma das substâncias alérgenas for a borracha.
Outra forma de prevenção bastante eficiente é manter a pele sempre bem hidratada, com uso constante de hidratantes corporais e sabonetes emolientes, que não oferecem o risco de ressecar a pele. Isso ajuda a fortalecer a barreira de proteção cutânea contra os causadores da dermatite alérgica.