A demência frontotemporal vem ganhando destaque na mídia após o ator Bruce Willis, 68 anos, ter sido diagnosticado com a doença. Responsável por pausar a carreira da celebridade, inicialmente a condição havia sido confundida com afasia – uma disfunção que prejudica a comunicação e a compreensão de imagens, sons e outras formas de expressão.
Alguns sintomas até que são parecidos, mas a demência frontotemporal tem um agravante: a alteração na personalidade e na conduta social, além da forte relação com o parkinsonismo (quase 50% das pessoas afetadas por esse tipo de demência apresentam essa condição, segundo o BMJ Best Practice).
Mais frequente em pessoas entre 45 e 65 anos, a demência frontotemporal provoca uma diminuição lenta e progressiva da função mental. Quer saber mais sobre essa doença? Confira os tópicos a seguir:
- O que é demência frontotemporal?
- Quais são as causas para demência frontotemporal?
- Sintomas de demência frontotemporal
- Como é feito o diagnóstico de demência frontotemporal?
- Demência frontotemporal x Alzheimer
- Tratamento para demência frontotemporal
O que é demência frontotemporal?
A demência frontotemporal, também conhecida pela sigla DFT, é a segunda doença neurodegenerativa primária que mais acomete o cérebro – ficando atrás somente da doença de Alzheimer.
Esse tipo de condição é, basicamente, um grupo de distúrbios causados pelo acúmulo de proteínas específicas que destroem os neurônios dos lobos frontais (localizados atrás da testa) e dos lobos temporais (situados atrás das orelhas). As demências frontotemporais costumam surgir entre os 45 e 65 anos, com pico de prevalência nos 70 anos.
Quais são as causas para demência frontotemporal?
Ainda não foi mapeada uma causa específica para a origem das demências frontotemporais. Porém, estudos apontam que a doença pode ser causada por mutações genéticas ou lesões cerebrais traumáticas.
No primeiro caso, essa alteração dos genes está ligada às proteínas tau e TDP43, responsáveis por ajudar as células a funcionarem corretamente. O problema é quando, por algum motivo ainda não definido, essas proteínas começam a se acumular em diferentes regiões do cérebro, alterando as funções motoras, de linguagem e de comportamento da pessoa.
Essa mutação nas proteínas pode ser desencadeada por fatores genéticos passados de pais para filhos – e é exatamente por isso que a demência frontotemporal também pode ser hereditária.
Sintomas de demência frontotemporal
Na maioria das vezes, os sintomas de demência frontotemporal estão relacionados a problemas comportamentais e dificuldades de linguagem e de compreensão, como:
- Alterações progressivas da personalidade;
- Dificuldades na autorregulação de emoções, impulsos e comportamento;
- Problemas de linguagem;
- Problemas de memória;
- Alterações grosseiras no comportamento social;
- Indiferença ao autocuidado e às necessidades das outras pessoas;
- Perda da fala e da compreensão;
- Perda de empatia;
- Dificuldade para se concentrar;
- Impulsividade;
- Desinibição.
Como é feito o diagnóstico de demência frontotemporal?
A suspeita de demência frontotemporal começa com a análise dos sintomas. Por isso é importante ficar de olho em qualquer alteração comportamental comprometedora, como as citadas no tópico anterior. Observou algum comportamento estranho em você ou em algum familiar? Converse com um time de saúde.
Provavelmente os profissionais irão recomendar a realização de alguns exames, como:
- Tomografia computadorizada e outros tipos mais específicos do exame;
- Ressonância magnética, a fim de identificar quais partes do cérebro estão afetadas e para excluir outras condições, como tumores cerebrais, abscessos ou acidente vascular cerebral (AVC);
- Testes cognitivos formais;
- Hemograma completo;
- Biópsia do cérebro;
- Teste genético.
Mas vale um alerta: caso a demência frontotemporal seja identificada na tomografia ou na ressonância magnética, isso é um sinal de que a doença já está em um estágio mais avançado e precisa de tratamento imediato.
Demência frontotemporal x Alzheimer
Considerando os sintomas como alterações na fala, na memória e no comportamental e por serem doenças neurodegenerativas, a demência frontotemporal pode ser facilmente confundida com Alzheimer. Mas elas não são a mesma coisa! Os sinais mais característicos do Alzheimer só são observados em casos mais avançados de DFT.
A idade de desenvolvimento das doenças também é diferente.Enquanto a demência é mais comum entre os 45 e 65 anos, o diagnóstico de Alzheimer ocorre geralmente após os 60 anos. A área do cérebro acometida também é diferente – no interior do lobo temporal em casos de Alzheimer e nos lobos frontal e temporal na DFT.
Tratamento para demência frontotemporal
Por se tratar de uma condição sem cura, o tratamento para demência frontotemporal é baseado em promover alívio dos sintomas e medidas de apoio para o dia a dia. Por exemplo: se o comportamento compulsivo for o ponto principal, podem ser prescritos medicamentos antipsicóticos. Agora, se o problema maior for com a linguagem, é necessário fazer um acompanhamento fonoaudiológico.
A família e os amigos também exercem um papel importante nessa jornada de tratamento. Oferecer um ambiente de apoio, iluminado, alegre e seguro faz toda a diferença. Ter um espaço estável e uma rotina bem estruturada também ajudam as pessoas com demência frontotemporal a ficarem mais seguras e orientadas.
Nesse momento, fazer atividades que fortalecem a saúde física e mental e ter o suporte de uma equipe multidisciplinar são essenciais para uma boa recuperação e controle dos sintomas da demência frontotemporal. Diagnóstico de doença neurodegenerativa não é sinônimo de fim. Com carinho e cuidado é possível vencer os desafios da doença e ter qualidade de vida.