A pandemia da COVID-19 deixou o mundo em estado de alerta. Afinal, ninguém sabia ao certo o que esperar dessa nova variação do coronavírus. Com as pesquisas e estudos feitos durante esse período pandêmico que ainda estamos vivendo, foram feitas muitas descobertas sobre o vírus, desde a melhor forma de se proteger até os efeitos que ele causa no organismo.
Além das complicações respiratórias apresentadas durante a infecção, a doença pode deixar sequelas persistentes (ainda sem tempo hábil para definir se podem ser permanentes). Então, se você percebeu mudanças no olfato, problemas de memória, queda de cabelo ou está com aquela tosse chata que não passa por nada pós-COVID-19, saiba que não é coincidência – e isso é mais comum do que se imagina.
Um estudo feito pela FioCruz observou que 50% dos pacientes que tiveram COVID-19 apresentaram sintomas pós-infecção. A prevalência é tanta que em outubro de 2021 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu as sequelas da COVID-19 como uma doença. Essa condição foi, inclusive, considerada uma doença relacionada ao trabalho, o que garante aporte financeiro para pessoas que precisam ficar afastadas devido às sequelas.
Ainda há muito o que descobrir sobre a COVID-19, mas já é possível observar algumas manifestações pós-COVID recorrentes, como as que listamos a seguir:
- Síndrome pós-COVID-19 (COVID longa)
- Fibrose pulmonar e embolia pulmonar
- Problemas cardíacos
- Queda de cabelo
- Alterações cognitivas
- Parosmia (mudanças no olfato)
- Trombose e AVC
- Disfunção erétil
- Como tratar as sequelas da COVID-19
Síndrome pós-COVID-19 (COVID longa)
A síndrome pós-COVID-19, também chamada de COVID longa, é quando os sintomas característicos da doença continuam por mais de 12 semanas após a infecção. “Os sintomas mais comuns são fadiga, cansaço, tosse persistente, falta de ar, diminuição da concentração, palpitações, dor no corpo, tremores, etc.”, explica Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.
Fibrose pulmonar e embolia pulmonar
Por se tratar de uma doença respiratória, o pulmão é um dos órgãos mais atingidos durante e depois da infecção pelo novo coronavírus. Há estudos indicando que, ao lesionar a região, a COVID-19 pode dar origem à fibrose pulmonar, quando o tecido que envolve os sacos aéreos fica mais grosso e impede que o oxigênio entre na corrente sanguínea.
Há ainda casos de embolia pulmonar, coágulos sanguíneos que podem entupir uma ou mais artérias do pulmão e provocar falta de ar, dor no peito e tosse.
Problemas cardíacos
Entre as principais sequelas da COVID-19 estão os problemas cardíacos, devido aos processos inflamatórios que podem atingir o coração. Um levantamento do Instituto do Coração (InCor), feito com mais de 2.500 pacientes, constatou que cerca de 54% dos analisados apresentaram lesões no músculo cardíaco pós-COVID. A taxa de mortalidade também foi alta, de 42%.
Essa lesão pode, inclusive, acometer pessoas que não possuem fatores de risco – como obesidade ou doenças preexistentes, por exemplo –, sendo observada até mesmo em jovens.
Queda de cabelo
Outra sequela da COVID-19 bastante comum é a queda de cabelo. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional do Rio de Janeiro (SBDRJ), ainda não foi descoberto o motivo principal dessa perda capilar. Mas há suspeitas de que possa ser uma consequência da produção de substâncias pró-inflamatórias, dos medicamentos utilizados no tratamento, do estresse emocional ou até mesmo da obstrução dos vasos sanguíneos ligados aos fios.
Saiba mais: Veja como saber se você pegou COVID-19
Alterações cognitivas
O cérebro também está suscetível a danos causados pela COVID-19. A Academia Brasileira de Neurologia revela que a doença pode afetar o sistema nervoso e a capacidade cognitiva, seja nos casos leves, seja nos casos mais graves, que necessitam de internação. Com isso, mesmo após o fim do quadro infeccioso, a pessoa pode ter falhas na memória, dificuldade de concentração, desorientação e sensação de estar “mais lento”.
Parosmia (mudanças no olfato)
Já imaginou passar o seu perfume favorito ou comer aquele prato que você tanto gosta e sentir um cheiro diferente e ruim? Isso também é uma sequela da COVID-19, chamada de parosmia. Uma pesquisa publicada no European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience notou que cerca de 9% dos participantes apresentaram esse sintoma, enquanto 18% ainda tiveram perda moderada ou severa do olfato – mesmo com o fim da infecção.
Acredita-se que isso acontece por causa da irritação temporária ou permanente que o vírus provoca no nervo olfatório, responsável por sentir e “decodificar” os cheiros.
Trombose e AVC
A trombose é uma condição que afeta principalmente os membros inferiores, formando coágulos em partes que não tiveram traumas ou sangramentos. Mas qual é a relação dessa doença com a COVID-19? Um artigo do Jornal Vascular Brasileiro indica que a infecção provoca uma reação inflamatória exacerbada e uma liberação acima do ideal de proteínas que regulam as defesas imunológicas, o que favorece a formação de coágulos sanguíneos.
Esse mesmo mecanismo de coagulação está relacionado ao risco aumentado de embolia pulmonar e sangramentos internos – como o acidente vascular cerebral (AVC).
Disfunção erétil
Pois é! A COVID-19 também pode atrapalhar a sua vida sexual. Isso porque o vírus pode causar uma inflamação no canal do testículo que armazena os espermatozóides, como indica um estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Além do problema de ereção, podem ocorrer alterações no sêmen – podendo causar dores intensas e inchaço no saco escrotal.
Como tratar as sequelas da COVID-19
Cada sequela deve receber um tratamento individual, focado em seus sintomas específicos. Porém, existem algumas atitudes que podem ser incorporadas à rotina que melhoram a saúde de modo geral e, consequentemente, ajudam o corpo a se recuperar mais rápido e de forma saudável.
A alimentação, especialmente a anti-inflamatória, auxilia no controle de processos inflamatórios que costumam acontecer durante e pós-COVID-19. Os exercícios físicos também atuam nessa parte, além de ajudar na recuperação respiratória. Já o cuidado com a saúde mental é essencial para controlar o estresse, fator desencadeador de inflamação e de sequelas específicas, como a queda de cabelo.