Se você não é diabético, provavelmente conhece alguém que tenha diabetes. De acordo com o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), de 2021, o Brasil é o 5º país com mais casos de diabetes no mundo, com aproximadamente 16,8 milhões de pessoas adultas que vivem com a doença.
O diabetes é uma condição que afeta o metabolismo da glicose (açúcar no sangue) e surge a partir da combinação de diferentes fatores, como predisposição genética, hábitos de vida não saudáveis, alterações no sistema imunológico, entre outros.
Essa doença provoca falta total de insulina, resistência às ações da insulina ou produção insuficiente desse hormônio. O que vai definir isso é o tipo de diabetes, sendo os principais: o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2. Confira os tópicos abaixo e entenda de que maneira esses dois tipos afetam o organismo e como diferenciá-los:
O que é diabetes tipo 1?
O diabetes tipo 1 é definido como uma doença autoimune. Ou seja, sua causa é um “defeito” no sistema imunológico, que identifica as células beta pancreáticas – que dão origem à insulina – como invasoras, e as destrói. Isso provoca uma ausência completa do hormônio responsável por metabolizar os carboidratos presentes no sangue.
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, a estimativa é que mais de 88 mil brasileiros tenham diabetes mellitus tipo 1 (DM1), o que equivale de 5 a 10% de todos os casos da doença. Esse tipo é mais frequente em crianças e adolescentes, mas também há alguns casos em jovens adultos.
O DM1 possui ainda dois subtipos: o DM tipo 1A (o mais comum) e o DM tipo 1B, ambos caracterizados pela falta total de insulina. Contudo, o DM tipo 1A ocorre pela presença comprovada de anticorpos no sangue. Ainda não se sabe ao certo o que pode desencadear essa resposta autoimune, mas acredita-se que predisposição genética e fatores ambientais, como infecções virais, e algumas composições da microbiota intestinal, podem influenciar.
Já no DM tipo 1B, ou idiopático, não é possível detectar anticorpos na circulação através de exames laboratoriais, o que acaba dificultando o diagnóstico e pode confundir com outras formas de diabetes. Apesar dessa diferença, o tratamento para os dois subtipos é o mesmo.
Quais são os sintomas do diabetes tipo 1?
Durante os estágios iniciais do DM1, com níveis glicêmicos normais ou alterados, não há sintomas. Entretanto, quando o quadro evolui para uma hiperglicemia (alta quantidade de glicose no sangue), de acordo com o Ministério da Saúde, o paciente sofre com:
Vontade excessiva de urinar;
Fome frequente;
Sede constante;
Perda de peso;
Fraqueza;
Fadiga;
Nervosismo;
Mudanças de humor;
Náusea;
Vômito.
Diferente do DM1, no diabetes mellitus tipo 2 (DM2) há presença de insulina no organismo, mas ela não é metabolizada adequadamente por resistência dos tecidos à sua ação ou a sua produção é insuficiente para controlar a taxa de glicemia. Esse é o tipo mais comum da doença, pois representa de 90 a 95% dos casos de diabetes, segundo as diretrizes da SBD.
Desse total, estima-se que, pelo menos, 80 a 90% estão relacionados ao excesso de peso e a outros componentes da síndrome metabólica, como hipertensão arterial e dislipidemia (excesso de gordura no sangue). Não é à toa que hábitos alimentares ruins e falta de atividade física são os principais fatores de risco para esse tipo. A predisposição genética também tem grande influência no surgimento da doença.
O DM2 é mais recorrente a partir dos 40 anos de idade, mas há casos em crianças e jovens. Às vezes, o diabetes tipo 2 pode ser precedido por diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes gestacional.
Quais são os sintomas do diabetes tipo 2?
O diabetes tipo 2 costuma ser assintomático ou oligossintomático (poucos sintomas) por muito tempo. Por isso, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito através de exames laboratoriais de rotina ou já em decorrência de manifestações das complicações crônicas, que, de acordo com o Ministério da Saúde, incluem infarto do miocárdio, acidente vascular, pé diabético, etc.
Porém, existem alguns sinais que podem indicar a presença do DM2, como:
- Infecções recorrentes;
- Alteração na visão (visão embaçada);
- Dificuldade na cicatrização de feridas;
- Formigamento nos pés;
- Furúnculos.
Qual a diferença entre diabetes tipo 1 a 2?
A principal diferença entre o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2 está na origem. Enquanto o DM1 surge a partir da destruição completa das células produtoras de insulina por causa de um “erro” no sistema imunológico, o DM2 é resultado de resistência do organismo aos efeitos da insulina ou produção insuficiente do hormônio, geralmente por causa de fatores externos, como má alimentação e inatividade física.
Ou seja, o diabetes tipo 1 é autoimune e o diabetes tipo 2 é multifatorial. Porém, mesmo com causas diferentes, os dois tipos possuem forte predisposição genética.
Existem outros tipos de diabetes?
O diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2 são as formas mais comuns da doença, mas não são as únicas. De acordo com o Ministério da Saúde, existe ainda:
- Pré-diabetes – geralmente a fase intermediária entre a ausência e confirmação de diabetes, caracterizada por níveis elevados de glicose, mas que ainda não correspondem aos do diabetes.
- Diabetes gestacional – redução da tolerância à glicose durante a gestação, podendo sumir após o parto ou evoluir para diabetes tipo 2.
- Diabetes por doenças do pâncreas exócrino – o pâncreas é responsável pela produção de insulina, e condições como pancreatite, neoplasia e fibrose cística podem interferir nesse processo.
- Diabetes induzido por drogas ou produtos químicos – surge a partir do uso constante de alguns medicamentos, como diuréticos, corticoides, betabloqueadores e contraceptivos.
- Diabetes por defeitos genéticos da função da célula que produz a insulina.
- Diabetes por defeitos genéticos na ação da insulina.
Quanto ao tratamento, no diabetes tipo 1 é preciso fazer reposição de insulina, em decorrência da falta do hormônio no organismo. No diabetes tipo 2 isso só é necessário em alguns casos. Também existem remédios específicos para tratar o diabetes, responsáveis por auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue. Há opções tanto para o tipo 1 quanto para o tipo 2, com dosagem que varia de acordo com a gravidade da condição e a idade do paciente. Mas lembre-se: apenas um médico pode indicar o uso de medicamentos. Então, nada de automedicação, combinado?
Independentemente do tipo, para tratar diabetes mellitus é preciso mudar os hábitos de vida, como indica o Consenso Brasileiro sobre Diabetes. É importante ter uma alimentação balanceada, rica em nutrientes que ajudam a controlar os níveis glicêmicos, praticar atividade física regularmente e largar vícios que prejudicam o organismo, como tabagismo e consumo recorrente de bebidas alcoólicas; sempre com a orientação e supervisão de um médico.
Cuidar da saúde mental também é essencial. Um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review observou, a partir de outras pesquisas da área, que pessoas com DM2 têm de 2 a 3 vezes mais chances de desenvolver depressão – condição que, por sua vez, ainda aumenta em 60% o risco de surgimento de diabetes tipo 2.