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Movimento Parto Adequado: por que evitar cesarianas desnecessárias?

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Você sabia que o Brasil possui a segunda maior taxa de cesáreas do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)? Em 2020, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), dos 484.010 partos realizados na saúde suplementar, 400.243 foram cesáreas, cerca de 80%. Ou seja, 4 entre cada 5 partos realizados pelo plano de saúde foram cesarianas.

A OMS recomenda que o parto por meio da cirurgia de cesariana aconteça em apenas 15% dos casos. O maior índice de cesarianas, que chega a 83%, acontece nos hospitais particulares, contra 35% no Sistema Único de Saúde (SUS).

No entanto, não é apenas aqui no Brasil que o índice é alarmante. Segundo a OMS, a média atual de cesáreas no mundo é de 18,6% dos partos. Se comparado a 1990, o índice era apenas 6%.

De acordo com a gerente Substituta de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, Rosana Neves, o índice das cesarianas aumenta principalmente em períodos de férias. “Ao analisarmos os dados históricos do setor, identificamos todos os anos um incremento sazonal das cesarianas durante festas, feriados e férias, sobretudo entre dezembro e fevereiro. Possivelmente este fato está relacionado às questões de conciliação de agendas, conveniência, ou o receio da ausência de profissionais disponíveis nestes períodos”, relata Rosana.

Com o objetivo de diminuir o número de intervenções cirúrgicas nos partos, a ANS promove uma campanha de prevenção ao agendamento de cesarianas desnecessárias. Vamos entender mais sobre o movimento?

Neste conteúdo, vamos falar sobre:

  1. O que é o Movimento Parto Adequado da ANS?
  2. Por que é importante evitar cesarianas desnecessárias?
  3. Procurando um bom plano de saúde? Vem pra Sami

O que é o Movimento Parto Adequado da ANS?

O movimento parto adequado acontece desde 2015 e foi desenvolvido por meio de um acordo de cooperação entre a ANS, o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement, com o apoio do Ministério da Saúde.

Entre as estratégias, a campanha promove a conscientização da prevenção ao agendamento de cesarianas desnecessárias. Apesar do movimento acontecer por meio de uma campanha pública, hospitais e planos de saúde estão sendo estimulados a serem voluntários para desenvolver melhores modelos de atenção ao parto, gestante e bebê.

Entre as medidas, conseguimos destacar:

  • Cuidados com a mãe e o bebê em qualquer data do ano, independente da sazonalidade;
  • Acolhimento das gestantes desde o pré-natal;
  • Disponibilidade de equipes plantonistas multiprofissionais, o que inclui enfermeiras obstétricas e anestesistas;
  • Uso de chuveiro e massagens (métodos não farmacológicos) para alívio da dor;
  • Processo rigoroso para agendamento de cesáreas.  

Por meio dessas medidas, segundo a ANS, mais de 20 mil cesáreas foram evitadas e houve uma queda de 16% nas internações de UTI neonatal.

Vários estudos apontam que o motivo da alta das cesarianas é devido a conveniência de tempo e financeira para o médico, visto que o modelo de saúde no Brasil ainda é centrado no médico e não no paciente.

Além disso, apontam ainda a falta de leitos específicos para partos normais, a carência de enfermeiros aptos e falta de incentivos dos planos de saúde.

O medo das dores do parto natural também faz crescer o número de cesarianas, o que fez surgir a cultura do procedimento cirúrgico.

Por que é importante evitar cesarianas desnecessárias?

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), as cesáreas trazem um maior risco de infecção pós-parto, cerca de quatro vezes mais, bem como três vezes mais risco de mortalidade e morbidade materna.

Assim como para a mãe, o bebê também corre grande risco de sofrer: aumenta os riscos de parto prematuro e mortalidade. Com uma recuperação mais delicada, existe uma maior dificuldade na amamentação, o que pode provocar um atraso, e possibilidade de futuras complicações caso a mãe tenha outros filhos no futuro.

Para se ter uma ideia, por mais vezes que isso ocorra, programar o nascimento sem deixar a gestante entrar em trabalho de parta é transformar um ato que deveria ser considerado natural em um operatório e cheio de desvantagens.

Em pouquíssimos casos já é possível saber durante o pré-natal se o parto pode ser normal ou cesáreo. É claro que em algumas situações o parto operatório é indicado, mas o normal e saudável de acontecer é esperar o início do trabalho de parto e aguardar a sua evolução. Caso ocorra tudo dentro do planejado, não há necessidade de correr para um procedimento cirúrgico.

O agendamento de partos cesáreos, segundo o Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal, que é divulgado pela ANS, em hospitais privados, os partos cirúrgicos acontecem entre 37 e 38 semanas. Nesse tempo, os órgãos vitais do bebê ainda não estão desenvolvidos por completo. Comparado aos partos vaginais, mães têm seus bebês entre 40 e 41 semanas, quando os pulmões e coração já estão maduros o suficiente.

É importante ressaltar que quando há indicação médica para o parto cirúrgico, o médico responsável precisa esclarecer claramente os motivos para familiares e para a gestante, bem como documentar no prontuário da internação para a equipe responsável.

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