Na Sami, apesar dos homens representarem 46% dos membros ativos, a procura do público masculino por consultas é duas vezes menor que a das mulheres. E esse comportamento preocupante já havia sido identificado pelo ministério da saúde, que alertou que apenas três em cada dez homens têm o hábito de se cuidar. Daí a importância da campanha Novembro Azul, que volta as atenções a eles e às principais enfermidades que os acometem – sejam elas físicas ou psíquicas.
Segundo o Dr. Alexandre Calandrini, coordenador e médico do Time de Saúde da Sami, a proximidade com o time de saúde – formado por um médico de confiança, enfermeiro e coordenador de cuidado – é essencial para rastrear doenças mais comuns nessa população.
“A equipe conhece o histórico familiar do paciente e seus hábitos, o que contribui com o diagnóstico e pode introduzir práticas preventivas ou tratamento adequado a cada caso. Mas hoje, apenas 34% das consultas realizadas são junto a pacientes homens, dado que comprova que o público masculino não busca acompanhamento médico”, explica.
- Homens vivem menos que as mulheres
- Qual é o símbolo do Novembro Azul?
- Câncer de próstata
- Sintomas do câncer de próstata
Homens vivem menos que as mulheres
Além de não se atentarem tanto à saúde, os homens também estão mais suscetíveis a mortes por causas externas – que são acidentes de trânsito, homicídios, suicídios. Não à toa, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os homens vivem, em média 7,1 anos menos do que as mulheres.
A masculinidade tóxica acaba impactando negativamente na saúde deles. O médico da Sami explica que, culturalmente, as pessoas do sexo masculino foram condicionadas de serem provedores e invencíveis, assumindo muitas vezes profissões de maior risco ocupacional, sem se preocuparem com prevenção de doenças e também cuidados com a saúde mental. “Por tal motivo, mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres, por exemplo”, explica.
Qual é o símbolo do Novembro Azul?
Para representar os homens – cis ou trans -, o Novembro Azul tem como símbolo da campanha um bigode. Você já conhece a história do movimento? Apesar de parecer uma campanha antiga, não é. Ela teve início na Austrália, em 2003, a partir de dois amigos, Travis Garone e Luke Slattery.
Eles se inspiraram na campanha da mãe de um colega que estava arrecadando fundos para a luta contra o câncer de mama. A partir disso, eles tiveram a ideia de deixar o bigode crescer no mês de novembro, pois no dia 17 já se celebrava o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata.
Foi assim que associaram o bigode com a conscientização da saúde masculina como um todo. Muitos homens que eram colegas de Traves e Luke aceitaram participar da campanha e, assim, o movimento se espalhou mais e mais.
Já no Brasil, o Novembro Azul chegou em 2008, por meio do Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia.
Câncer de próstata
Como o dia mundial de combate ao câncer de próstata alavancou o Novembro Azul, apesar dos cuidados com a saúde do homem precisarem ir muito além desta doença, vale orientarmos sobre ela. Como o nome sugere, esse tipo de câncer afeta a próstata – uma glândula que fica abaixo da bexiga e envolve a uretra, canal que liga a bexiga com o orifício externo do pênis.
A principal função da próstata é produzir o líquido seminal que se junta com o esperma nos testículos. Dessa forma, os espermatozoides conseguem sobreviver e “serem expulsos” no momento da ejaculação.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. “Este câncer é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Além disso, o histórico de câncer na família é importante para investigar. No caso de pessoas cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, é um ponto de atenção”, destaca Calandrini.
Com exceção desses grupos considerados de maior risco, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde não recomendam a realização de exames de rotina para identificar esse tipo de câncer.
“Quando os homens buscam ativamente o rastreamento desse tipo de tumor, eles precisam ser informados sobre os riscos envolvidos – como chance de impotência e infecções por conta dos exames e tratamento – e sobre a possível ausência de benefícios desses exames feitos como rotina, e é o que fazemos por meio do time de saúde da Sami”, sinaliza o médico, que completa: “Individualizar a abordagem é fundamental. Aproximadamente 50% dos casos de cânceres de próstata têm crescimento lento, e a maioria não precisa de tratamento – o que ajuda a evitar os riscos associados às biópsias e tratamentos, que podemos conferir de acordo com o INCA.”
Sintomas do câncer de próstata
É comum que o homem não apresente sintomas no início da doença. Na maioria das vezes, ao surgir sinais, significa que o tumor já está em uma fase mais avançada.
Conheça os sintomas no estágio grave:
- Dor ao urinar;
- Vontade de urinar muitas vezes;
- Presença de sangue na urina ou no sêmen;
- Dor óssea, seja no quadril, costas ou outros ossos em que a doença atingiu;
- Fraqueza nas pernas;
- Disfunção erétil.
Entretanto, a campanha do Novembro Azul também defende o autocuidado como medida preventiva. Pensando nisso, trouxemos algumas ações que atuam na prevenção, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA); como:
- Dieta rica em frutas, cereais integrais, legumes e verduras;
- Fazer, ao menos, 30 minutos de atividade física por dia;
- Diminuir o consumo de álcool;
- Tratar adequadamente quadros de hipertensão, colesterol e diabetes.
Você já tem algum desses hábitos na sua rotina? Sabemos que, por inúmeros motivos, nem sempre é uma tarefa fácil manter práticas saudáveis. E para isso, a dica é também ter um acompanhamento psicológico para que, por meio do autoconhecimento, o autocuidado com a saúde em geral seja sempre uma prioridade.
Vale reforçar que não somente no Novembro Azul, mas em todos os meses do ano é fundamental ter a consciência de que conversar com o seu médico e tirar dúvidas.