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Fibromialgia: como identificar essa dor generalizada

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Dor no corpo todo, até nas articulações, cansaço e dificuldade para dormir. Já pensou ter esses sintomas constantemente, mesmo depois de um dia tranquilo em casa? Assim é a vida de quem convive com a fibromialgia, uma síndrome clínica que provoca dor nos músculos e nos tecidos moles, como tendões e articulações.

“A dor da fibromialgia pode trazer características de dor neurológica, por ser uma dor persistente, lancinante e pode ser acompanhada de dormência ou formigamento”, conta Karina de Paula Bastos Santos, médica de Família e Comunidade na Sami.

Embora essa condição possa afetar todas as pessoas, incluindo crianças e idosos, ela geralmente se desenvolve entre os 30 e 50 anos, sendo sete vezes mais comum nas mulheres do que nos homens. Estima-se que, no Brasil, a incidência da fibromialgia varia de 2,5 a 4,4% da população, sendo considerada a segunda maior causa de doença reumatológica, ficando atrás apenas da osteoartrose.

A seguir, entenda como a fibromialgia afeta o organismo, se é possível reverter o quadro e o que fazer para amenizar os sintomas:

  1. O que é fibromialgia? 
  2. Fibromialgia emocional
  3. Sintomas de fibromialgia
  4. O que causa fibromialgia?
  5. Como diagnosticar a fibromialgia
  6. Como tratar fibromialgia
  7. Fibromialgia tem cura?
  8. Cuidados no dia a dia 

O que é fibromialgia? 

A fibromialgia (CID 10 M79.7) é uma síndrome clínica considerada multifatorial. Ela é caracterizada por uma dor generalizada que afeta especialmente toda a musculatura do corpo. Os principais pontos de dor dessa condição são a região da coluna cervical (parte do pescoço), da coluna torácica, os cotovelos, as nádegas, a bacia e os joelhos. Mas ela ainda pode afetar a lombar, o abdômen, os ombros, a mandíbula, os quadris e as pernas.

Ou seja, é difícil definir qual área do corpo é mais afetada pela fibromialgia. Isso pode variar de caso para caso. O problema é que o cansaço e a má postura do dia a dia podem dificultar a identificação da doença, já que o paciente pode confundi-la com uma dor muscular “comum”. “Às vezes, não é possível diferenciar”, alerta a médica de Família e Comunidade na Sami. 

Fibromialgia emocional

A fibromialgia não é uma doença emocional, mas com certeza afeta a saúde mental de quem a possui. Afinal, já imaginou como deve ser estressante viver 24h por dia com dor? Não à toa que a condição está associada à depressão, ansiedade, estresse, problemas de memória e dificuldade de concentração.

Além disso, os sintomas da fibromialgia estão relacionados com alterações do Sistema Nervoso Central, principalmente nos mecanismos de percepção e modulação da dor. Acredita-se ainda que o estresse crônico pode contribuir para essa situação, sendo um fator de risco para a doença.

Sintomas de fibromialgia

A fibromialgia provoca manifestações generalizadas, desde dor muscular até problemas intestinais. Considerando isso, podemos indicar que os principais sintomas de fibromialgia são:

  • Dor nos músculos, tendões, articulações;
  • Sensibilidade ao toque e a dor;
  • Dormência e formigamento nas extremidades, como mãos e pés;
  • Fadiga (cansaço extremo);
  • Rigidez muscular;
  • Dificuldade para dormir;
  • Problemas de memória e concentração;
  • Dores de cabeça;
  • Dor abdominal;
  • Alterações intestinais, incluindo a síndrome do intestino irritável (SII);
  • Ansiedade e depressão.

Esses sintomas duram o dia inteiro, mas podem ficar mais intensos à noite – o que prejudica o sono reparador, aquele que ocorre sem interrupções e permite que você acorde sem cansaço ou sonolência, essencial para o bom funcionamento do organismo, especialmente do sistema imunológico.

O que causa fibromialgia?

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, ainda não foi descoberta uma causa única para a fibromialgia, por isso, ela é considerada uma doença multifatorial. Mas sabe-se que está associada a níveis inadequados de neurotransmissores, como a serotonina e a substância P, responsável por comunicar ao Sistema Nervoso Central a presença de dor.

Existem alguns fatores que podem desencadear esse desequilíbrio, como um trauma físico ou psicológico, estresse pós-traumático, lesões repetitivas ou uma infecção grave. A fibromialgia também pode surgir como consequência de condições como lúpus ou artrite reumatóide, obesidade ou por histórico familiar. 

Como diagnosticar a fibromialgia

Devido aos sintomas generalizados, o diagnóstico de fibromialgia pode ser complicado. “É um diagnóstico de exclusão, dado após investigar outras causas da dor”, explica Santos. O primeiro passo é observar as manifestações, analisando os pontos de sensibilidade e de dor através de exame físico e a duração dos sintomas (se estão durando mais do que três meses em um nível constante).

Também podem ser pedidos exames de sangue e raio-X. Eles não atuam necessariamente no reconhecimento da fibromialgia, mas ajudam a descartar outras condições que possuem sintomas parecidos, como hipotireoidismo e polimialgia reumática. Se os exames não detectarem nenhuma outra causa possível para a dor, é levantada a suspeita de fibromialgia.

Como tratar fibromialgia

O tratamento para fibromialgia deve ser multidisciplinar, focado em controlar os sintomas. Existem medicamentos que ajudam a equilibrar as substâncias químicas do cérebro que interferem na percepção da dor. Entretanto, é importante que o tratamento medicamentoso esteja sempre associado a algumas práticas complementares, como exercícios físicos e terapia.

Pode parecer impossível realizar atividade física com dor, mas, sendo de baixo impacto, essa prática trará diversos benefícios para o paciente, pois é um dos tratamentos mais eficazes para fibromialgia. Nesses casos, são indicados exercícios aeróbicos, como caminhar, nadar e andar de bicicleta, além de ioga e Tai Chi.

Já a terapia comportamental cognitiva ajuda a lidar com os efeitos que a fibromialgia tem sob a saúde mental. Fazer acompanhamento psicológico é fundamental para tratar o estresse e possíveis gatilhos para a dor, melhorando significativamente os sintomas.

Meditação, acupuntura, quiropraxia e massagem terapêutica também podem auxiliar no tratamento. Contudo, é importante que a execução dessas práticas seja definida junto com um time de saúde, que acompanhará a evolução do quadro e definirá o tratamento mais adequado para cada caso. 

Fibromialgia tem cura?

Infelizmente, a fibromialgia é uma condição que não tem cura. O que ocorre é um controle dos sintomas através de um tratamento multidisciplinar, envolvendo terapias medicamentosas e comportamentais. 

Apesar de não levar a óbito, a fibromialgia pode comprometer severamente a qualidade de vida, com forte predisposição a quadros graves de depressão – o que, em casos extremos, pode culminar em suicídio. Por isso, é muito importante procurar ajuda médica ao perceber os sintomas característicos da condição, para que o diagnóstico e o tratamento sejam iniciados de forma precoce.

Cuidados no dia a dia

Um estudo publicado no Brazilian Journal of Pain (BrJP), confirmou que a fibromialgia afeta consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes. A maioria dos participantes relatou que a doença atrapalha o sono, o trabalho, a vida social, a vida sexual e até mesmo o autocuidado – sem falar na intensificação de sentimentos como irritabilidade e tristeza.

A interferência na qualidade de vida é tanta que a fibromialgia se encaixa na modalidade de aposentadoria por invalidez – mediante comprovação médica de incapacidade total e/ou permanente. Para conseguir viver bem mesmo com a doença, tente colocar em prática algumas dicas de autocuidado no dia a dia, como:

Separe um tempo para relaxar

Isso irá te ajudar a reduzir o estresse. Nesse momento, tente ler um livro ou até mesmo praticar meditação e respiração profunda. Encontrar um hobbie tranquilo, como desenhar, pintar, bordar, plantar uma hortinha, etc., também fará uma grande diferença.

Defina um padrão para dormir

Como vimos até agora, ter uma boa noite de sono é uma grande dificuldade para pessoas com fibromialgia. Por isso, tente ir para a cama e acordar sempre no mesmo horário, com tempo suficiente para seu corpo se recuperar física e mentalmente. Evitar cochilos diurnos, reduzir a ingestão de cafeína e, se for o caso, parar de fumar também ajudam a ter um sono de qualidade.

Faça exercícios com frequência

Fazer exercícios físicos é fundamental para um tratamento bem sucedido de fibromialgia. Mas sabemos que pode ser bastante difícil começar a se exercitar com a dor generalizada. Por isso, respeite o seu tempo. Adicione aos poucos atividades diárias que irão melhorar o seu condicionamento físico, como usar as escadas em vez do elevador, caminhar, se alongar durante a manhã, etc. Crie uma rotina confortável para você.

Observe sua evolução

A dor pode atrapalhar a nossa percepção corporal. Mas não deixe a doença te vencer! Observe diariamente a sua evolução, sem comparar com seu estado de saúde antes da doença. Apesar de não ter cura, a fibromialgia pode ser controlada, e a qualidade de vida restabelecida.

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