Já imaginou como deve ser complicado ter dificuldade para se comunicar, socializar ou identificar suas próprias emoções? Com essas características, lidar com situações simples do dia a dia (e com a falta de paciência e compreensão dos outros) pode ser um verdadeiro pesadelo. Essa é a vida de quem tem síndrome de asperger.
Segundo a nova Classificação Internacional de Doenças, a síndrome de asperger faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como essa condição não provoca atrasos cognitivos ou na evolução da linguagem, ela é considerada um tipo mais brando de autismo.
Por isso, é comum que os sintomas iniciais dessa síndrome passem despercebidos na primeira infância, dificultando o diagnóstico e o tratamento correto. E para sensibilizar a população para esta doença e reforçar a importância do acolhimento, foi instituído o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, celebrado em 18 de fevereiro desde 2007.
A data, de acordo com o Ministério da Saúde, é o aniversário de Hans Asperger, pediatra austríaco que deu nome à síndrome. Quer saber como identificar esse distúrbio e o que fazer para ajudar quem convive com ele? Confira os tópicos a seguir:
- O que é síndrome de asperger?
- Como detectar a síndrome de asperger?
- Sinais da síndrome de asperger
- Síndrome de asperger é autismo?
- Síndrome de asperger na adolescência
- Como tratar a síndrome de asperger
O que é síndrome de asperger?
A síndrome de asperger, também conhecida pela sigla SA, é caracterizada por uma alteração no desenvolvimento que afeta as habilidades de socialização, o contato da pessoa com o mundo externo e sua capacidade de se comunicar ou de expressar suas emoções.
Por causa dessas características, a síndrome de asperger é considerada um Transtorno do Espectro Autista (TEA). Porém, é classificada como uma das formas mais amenas em comparação ao autismo clássico, que afeta o desenvolvimento da linguagem – diferente da SA, que não interfere na parte cognitiva.
Ainda não se sabe ao certo o que causa essa síndrome. Mas existem hipóteses de que sua origem esteja conectada a fatores genéticos e/ou ambientais, como exposição a medicamentos, infecção materna durante a gestação e complicações no parto ou no período neonatal.
Como detectar a síndrome de asperger?
Como a síndrome de asperger não apresenta comprometimento intelectual ou atraso cognitivo (o que acontece no autismo clássico), é bastante comum que os primeiros sinais do transtorno sejam ignorados pelos pais. A dificuldade de socialização pode ser confundida com timidez, por exemplo; e o problema em expressar seus sentimentos ou de se comunicar pode ser interpretado como algo normal para a pouca idade.
Por isso, a maior parte dos casos são descobertos na fase escolar. Afinal, é nesse período que a dificuldade de socialização, principal traço do distúrbio, costuma se manifestar com mais intensidade. Tem ainda o desinteresse por todas as atividades que não exigem hiperfoco de atenção, o que pode trazer prejuízos para o aprendizado.
Sinais da síndrome de asperger
Para identificar a síndrome de asperger, é importante observar alguns sinais de comportamento, por mais específicos que sejam. A atenção aos detalhes é a chave para um diagnóstico precoce! Observe se a pessoa tem:
- Interesses específicos e restritos ou preocupações apenas com um tema em detrimento de outras atividades;
- Rituais ou comportamentos repetitivos, que se não são seguidos corretamente causam irritabilidade;
- Peculiaridades na fala e na linguagem, mas sem apresentar atrasos;
- Comportamento social e emocionalmente impróprio e problemas de interação social;
- Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados;
- Dificuldade em fazer amigos ou conseguir parceiros;
- Dificuldade em compreender mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal;
- Comportamentos variáveis, ora como uma pessoa adulta, ora como uma criança;
- Amor e rancor recíproco: como reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor podem ser curtas e fracas;
Outro sinal comum é a interpretação literal, isto é, eles possuem dificuldade em identificar ironias, gírias, sarcasmo e metáforas. Por causa desses comportamentos, às vezes, as pessoas com a síndrome de asperger podem ser consideradas rudes e frias nos seus comportamentos. E é nesse momento que precisamos praticar a empatia, já que, na verdade, é só seu modo de tentar reagir ou entender as ações e emoções.
Síndrome de asperger é autismo?
Sim! Como dito até o momento, a síndrome de asperger é uma condição que está inserida no transtorno do espectro autista. O TEA é composto por distúrbios que prejudicam o desenvolvimento neurológico, afetando principalmente a comunicação e a interação social, além de causar padrões de comportamentos repetitivos e restritivos.
O espectro recebe esse nome pois abrange diferentes condições, como a síndrome de asperger, por exemplo, com variação de intensidade – do leve ao severo.
Síndrome de asperger na infância e na adolescência
Durante o início da vida, quando ainda estamos aprendendo o que é certo ou errado, a síndrome de asperger costuma se manifestar em atitudes incomuns, como empurrar uma pessoa para atrair sua atenção ou falar sem parar sobre um único assunto.
Além disso, a criança ou o adolescente tende a ser desorganizado, e apresentar dificuldade para resolver e finalizar tarefas, o que inclui as atividades escolares. A sensibilidade a coisas novas, como ruídos, odores, sabores ou informações visuais, pode gerar irritação na pessoa com a síndrome, provocando uma reação exacerbada ao diferente.
A rotina é algo bastante importante para quem possui SA, e se algo atrapalha seus rituais repetitivos a pessoa fica bastante incomodada e desconfortável.
Essas atitudes podem trazer alguns problemas para o convívio e o rendimento em sala de aula. Por isso, é importante que a família e a escola estejam alinhadas sobre o tratamento da criança, e que o profissional que irá trabalhar com o pequeno no dia a dia saiba lidar com esse tipo de situação.
Como tratar a síndrome de asperger
Infelizmente, não existe uma cura para a síndrome de asperger. O tratamento é focado em aliviar os sintomas, melhorar a socialização da pessoa e reduzir a obsessão com a rotina. E para conseguir esse equilíbrio, é fundamental seguir uma abordagem multidisciplinar.
Intervenções fonoaudiológicas, terapia ocupacional e atividades esportivas são altamente recomendadas para tratar esse distúrbio. Se houver sintomas obsessivos-compulsivos, de ansiedade ou de impulsividade, também pode ser necessário o uso de alguns medicamentos. Mas isso só pode acontecer com prescrição e acompanhamento médico.
Pessoas com síndrome de asperger possuem grande capacidade para atividades que demandam memória, lógica e sistematização. E, com uma qualidade de vida equilibrada, conseguem viver normalmente e ainda colocar em prática suas habilidades! Com acolhimento e empatia, todo mundo se entende.